'A Rafaela Silva será uma lenda'. Com essas palavras a Coach Nell Salgado define sua atleta, a judoca Rafaela Silva (até 57kg), campeã mundial e olímpica, em 2013 e 2016, respectivamente. Neste sábado, a esportista terá mais uma chance para atingir esse objetivo, já que estreia no Grand Slam de Paris, única competição que nunca venceu.
Em sua primeira disputa oficial desde a medalha de ouro nos Jogos Rio-2016, a carioca melhor ranqueada em sua categoria terá pela frente, logo na estreia, a atleta de Hong Kong Po Sum Leung, com duelos a partir das 7h (de Brasília).
Apesar de estrear na temporada, a brasileira não sente o peso de nunca ter vencido um Grand Slam na carreira. Subindo ao tatame pela primeira vez com o backnumber (número de identificação nas costas) dourado, honraria oferecida a campeões olímpicos, ela disse, ao Lance!, que já sabe o que fazer quando o gongo soar.
- Para mim, todas as competições têm o mesmo peso, vou entrar no Grand Slam de Paris como sempre entrei em todas as disputas: buscando apenas a conquista da medalha de ouro. Competir em um torneio que nunca venci é algo ainda mais desafiador.
Para sua Coach, Nell Salgado, a pressão de começar o ano depois da melhor temporada da carreira não é um fator negativo para a brasileira. Isso porque a judoca atua melhor quando precisa mostrar seu valor. As adversárias na Rio-2016 que o digam, pois viram um 'olhar diferente' em Rafaela antes das lutas.
- No caso dela, a pressão é muito boa. E esse é meu papel, pois ela responde bem sob pressão. Nos últimos trabalhos que fizemos, mantivemos esse padrão, para ela se comportar como a campeã olímpica que é - analisou Nell.
A Coach afirmou que, com duas importantes conquistas, a atleta deve ter como objetivo buscar aquilo que ainda não tem.
- O peso de entrar em uma competição que você nunca venceu é o desafio da conquista de algo que você nunca teve. Para a Rafa, que já é campeã mundial e olímpica, ela tem de se manter motivada com um propósito e objetivo. Agora, nosso trabalho é que ela busque o que não tem, duplique o que tem e, no fim, a Rafaela Silva será uma lenda.
Indicada ao Prêmio Brasil Olímpico em sua modalidade, e uma das favoritas á conquista na categoria Melhor Atleta no geral, a brasileira teve, em 2016, sua melhor temporada, coroada com o ouro nos Jogos Olímpicos.
Mas, se pensa que isso fará Rafaela Silva subir ao tatame como favorita à conquista do Grand Slam, é melhor pensar duas vezes. Pelo menos isso é o que a própria judoca pede.
- No judô não há favorito, então, entro com respeito a todas as minhas adversárias e sabendo que, nesse momento, o Grand Slam de Paris é o mais importante para mim. Mas quero ser campeã - completou Rafaela.
Bate-Bola - Com Nell Salgado, Coach de Rafaela Silva
LANCE! - O que mudou na rotina de trabalho da Rafaela Silva depois da desclassificação em Londres-2012 e o ouro na Rio-2016?
Nell Salgado - Depois de Londres, da desclassificação e tudo que ela viveu, o fato de ela ter superado isso e se tornado campeã olímpica, deixou tudo para trás. Esse fantasma já está para trás. Hoje, é outra Rafaela. Mais leve, mas igualmente competitiva.
Nota da Redação: Rafaela Silva foi desclassificada nas quartas de final dos Jogos Olímpicos de Londres (ING), em 2012, após aplicar um golpe ilegal (catada de pernas) em sua adversária.
LANCE! - Como é trabalhar com a Rafaela Silva?
NS - É muito bom trabalhar com uma atleta como a Rafaela Silva, pois se torna um desafio grande para mim. Por ela ter um padrão muito alto a nível de resultados e desafios, tenho de cobrar mais ela e desafiá-la mais. Ao mesmo tempo, é fácil, porque a Rafa é uma atleta de alto rendimento, fora de série, acima dos padrões e, trabalhar com uma atleta com padrões mentais como o dela, que busca a excelência e não aceita perder, é compensador.