Me fala, até quando?
Essa frase foi dita em março pelo atacante Luighi, do sub-20 do Palmeiras, ao ser vítima de racismo praticado pela torcida do Cerro Porteño, durante a Libertadores da categoria.
Dias depois, ainda em meio à repercussão do caso, Ángel Romero deu uma entrevista polêmica.
Paraguaio, o atacante do Corinthians afirmou que o Brasil é o país mais racista da América do Sul.
Também disse que sofria ataques constantes. "Diários", afirmou.
Também citou a xenofobia.
E pontuou:
"Creio que o Brasil tem que consertar primeiro as coisas internamente".
O camisa 11 do Timão acertou em cheio.
Desde janeiro, foram 116 casos de racismo, segundo dados do Observatório da Discriminação Racial do Futebol.
Como estamos na 45ª semana do ano, isso da 3,75 ocorrências isoladas por semana.
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Pelo menos dois casos em cinco dias
Nos últimos cinco dias tivemos pelos menos dois que ganharam a mídia.
Um na Copa do Brasil sub-20, onde um jogador do Fortaleza atacou um do São Paulo.
Outro na Série B, na partida entre Avaí e Remo, na Ressacada, no sábado (15).
Jogo que teve briga generalizada.
Uma torcedora catarinense atacou insistentemente, com gestos e falas, torcedores paraenses.
Fez alusão à uma suposta questão salarial - dizendo que não teriam como voltar à Belém. "Vai voltar a pé", gritava com um copo de cerveja na mão.
Ainda passou o sendo insistentemente na sua pela alva e dizia "olha a tua cor".
Muito racismo e muita xenofobia envolvida.
Afinal, o Sul, que, infelizmente, nessas horas, me dá vergonha de ter nascido e de morar por aqui, é melhor que o Norte para essa gente.
O tal do contexto
Certamente não faltará alguém para dizer que o vídeo foi tirado de contexto - sempre ele.
Pobre contexto, sempre tem alguém jogando a culpa nele.
Também aparecerão os que acham que o tal "racismo recreativo" ou para desestabilizar o adversário é válido.
Não existe contexto que justifique um "olha a tua cor".
Não existe recreação ou desestabilização do adversário que justifique "olha a tua cor da pele".
Racismo é nojento. Racistas são nojentos.
Sem contar que a prática é crime. E quem o pratica é criminoso.
A pergunta feita por Luighi lá em março, porém, segue valendo.
"Até quando? Me fala, até quando?", questionava o jovem atleta aos prantos
Até quando, como sociedade, vamos aceitar essa prática criminosa mais do que nojenta?
*Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!