Autor apresenta e defende suas ideias e opiniões, esse texto não reflete necessariamente a opinião do Lance!
Dia 17/09/2025
07:00
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Na última semana, em “O silêncio do vestiário”, expus alguns dos maiores desafios que atravessam o futebol brasileiro e mundial. A resposta foi imediata: recebi inúmeras mensagens pedindo não apenas o diagnóstico, mas também os caminhos para lidar melhor com esses dilemas e alcançar melhores resultados. Divido com você as minhas reflexões:

Conversar mais e melhor

O primeiro passo é simples, mas negligenciado: conversar mais. O líder que escuta seus atletas individualmente não apenas corrige rotas, mas cria confiança. Quando esses registros são democratizados dentro da comissão técnica, todos trabalham com as mesmas informações, reduzindo ruídos e mal-entendidos no vestiário.

Líder que escuta seus atletas cria confiança (Foto: Charly Triballeu/AFP)

Aprofundar o conhecimento do entorno do atleta

Olhar para além das quatro linhas é tão óbvio como necessário. Conhecer o entorno do atleta, sua família, histórico e núcleo de apoio é fundamental para compreender reações e oferecer suporte adequado. Grandes empresas já praticam essa integração com programas de bem-estar que unem vida profissional e pessoal.

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Elencos mais enxutos

A gestão de elenco também precisa de coragem. Diminuir o número de atletas disponíveis aumenta o senso de pertencimento, fortalece a meritocracia e reduz dispersão. Equipes de elite em diferentes esportes mostram que grupos mais enxutos tendem a ser mais coesos e produtivos.

Conscientização coletiva

É igualmente essencial manter um trabalho permanente de conscientização. Jogadores e staff precisam ser lembrados do papel do clube em sua comunidade, do impacto social dos resultados e da responsabilidade que carregam ao vestir uma camisa.

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A fronteira dos 20 aos 23 anos

Um grupo etário merece atenção redobrada: atletas entre 20 e 23 anos. Estão na fronteira entre a promessa e a realidade. Acompanhá-los de perto, alinhando planos individuais com objetivos coletivos, pode ser a diferença entre desperdiçar talentos ou transformá-los em pilares de longo prazo.

➡️ Postagem anterior do colunista: O silêncio do vestiário

Contratos como instrumentos de gestão

Há ainda um aspecto muitas vezes esquecido: os contratos. Eles não devem servir apenas para registrar vínculos e valores, mas também para prever caminhos claros de saída em caso de desvio de conduta e, ao mesmo tempo, recompensar desempenhos com bônus proporcionais. Regras bem combinadas reduzem margens para injustiças e fortalecem a cultura de responsabilidade.

Integração de especialistas

Outro ponto é compreender que profissionais contratados diretamente pelos atletas, como psicólogos, mentores, não podem ser peças soltas no tabuleiro. Quando não se conectam ao clube, criam narrativas paralelas. É preciso integrá-los à engrenagem, alinhando objetivos e reforçando o senso de time.

Ciência a serviço do coletivo

Por fim, é indispensável investir cada vez mais na ciência do esporte. Dados bioquímicos, físicos e fisiológicos, quando individualizados e bem aplicados, ajudam a potencializar o rendimento de cada atleta e colocam a evolução individual a serviço do coletivo.

Esses são alguns caminhos. Mais do que respostas prontas, o futebol precisa de gestão viva, capaz de ouvir, adaptar e aprender continuamente. Porque os desafios não param, e o silêncio, quando bem interpretado, pode ser o começo das melhores soluções.

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Felipe Ximenes escreve sua coluna no Lance! todas as quartas-feiras. Confira outras postagens do colunista:

➡️O silêncio do vestiário
➡️Nosso futebol segue entre Big Bangs e deuses imutáveis
➡️Entre o bônus e o ônus do jogo
➡️O ruído, o rótulo e a rede

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