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Sharon Nigri Prais
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 20/08/2025
07:15
Atualizado há 14 minutos
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Dos campos aos bastidores, Aline Pellegrino contribuiu e segue contribuindo para o crescimento do futebol feminino brasileiro. Ex-capitã da Seleção Feminina, pendurou as chuteiras em 2013 e, sete anos depois, assumiu na CBF o cargo de coordenadora de competições femininas.

Em entrevista exclusiva ao Lance!, a gestora falou sobre seu propósito atuando nos bastidores e de como a Copa do Brasil Feminina tem grande importância para alcançar esse objetivo. A competição foi disputada pela última vez em 2016 e retornou nesta temporada.

Pellegrino quer que meninas tenham oportunidades que não teve no futebol

— Eu acho que tem relação com essa palavra que é oportunidade. Hoje a minha função na gestão é oportunizar para que meninas que sonham em jogar futebol, consigam olhar para frente e ver que é possível. Que mães e pais, quem tiver ali do lado dessa jogadora, dessa menina, permitam que ela sonhe, porque olham e veem que existe um caminho — iniciou Aline Pellegrino.

A ex-zagueira e capitã da Seleção Brasileira contou que, quando era mais nova, não tinha o sonho de ser jogadora. Apesar de amar futebol, essa ambição não fazia parte do seu imaginário: enfrentava dificuldades para jogar e não tinha referências que lhe permitissem sonhar.

A carreira de Pellegrino durou de 1997 a 2013. Em 2007, ano em que foi vice-campeã da Copa do Mundo, ficou perto de largar o futebol para se tornar professora, pois tinha passado em um concurso. No entanto, resistiu aos obstáculos que lhe foram impostos e seguiu em campo.

Desde que se aposentou dos gramados, a modalidade passou por transformações no Brasil, principalmente por conta da imposição da CBF e da Conmebol, que obrigou os clubes a terem um time feminino. A partir de 2019, competições de base foram criadas, primeiro como sub-16 e sub-18, e agora como sub-17 e sub-20.

— Eu nunca joguei um campeonato de base. Sub-15, sub-17, sub-20. Então, já cheguei com 15 anos jogando uma competição adulta. Ainda acontece. Muitas atletas com 17 anos já jogam sub-20, jogam adulto, mas não porque não tem o campeonato sub-17 e sub-20 — contou.

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Aline Pellegrino comemora com a camisa da Seleção Brasileira (Foto: Reprodução/Instagram)

Copa do Brasil Feminina retorna depois de nove anos

Duda Sampaio comemora belo gol marcado diante do Bahia. (Rebeca Reis/ Staff Images Woman)

— Acho que o saldo é muito positivo, até porque a gente tinha um desafio inicial em retomar a competição. Quando essa competição acontece pela primeira vez, em 2007, é logo depois da Copa do Mundo, que a gente volta daquele vice-campeonato. E as pessoas não entendiam como a seleção que foi vice-campeã não tinha uma competição nacional naquele momento — contou Pellegrino.

A primeira edição da Copa do Brasil foi criada no embalo do ouro no Pan-Americano do Rio de Janeiro e do vice no Mundial. Apesar dos grandes resultados, o futebol feminino nacional ainda era incipiente e sem uma estrutura consolidada de competições.

— E aí, quando a gente olha para essa competição retornando em 2025, é um contexto que a gente tem três divisões das competições nacionais femininas. Então, você tem a A1 com 16 clubes, que no ano que vem vai para 18. Você tem a A2 com 16 clubes, que em 2027 vai para 18 clubes também. E você tem uma A3 com 32 clubes — complementou a coordenadora da CBF.

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Atualmente, o Campeonato Brasileiro conta com três divisões e todas foram representadas na Copa do Brasil. Depois de três fases disputadas em jogo único, o torneio se encontra nas oitavas de final e conta com 12 times da A1, dois da A2 e dois da A3.

Especialmente para estes da terceira divisão, o Realidade Jovem e o Atlético Piauiense, que sagrou-se campeão da A3, a competição é fundamental. Isso porque, além da premiação que arrecadaram (R$ 140 mil até agora), ganham um calendário mais robusto para a temporada.

— Uma das coisas também importantes da Copa do Brasil, para além de trazer todas essas equipes, tanto da primeira, segunda e terceira divisão, é o aumento calendário, por mais que sejam poucas datas ainda. É jogo único, que também equilibra tecnicamente. Então, uma coisa é eu pegar o Corinthians em ida e de volta, outra coisa é eu enfrentar o Corinthians em casa e fazer o jogo da minha vida, e o Corinthians vai ter que dar o máximo.

Apesar dos avanços, Aline Pellegrino afirma que ainda há margem para crescimento em todos os aspectos. Para ela, nesse primeiro momento, o importante era construir uma base para que a Copa do Brasil pudesse evoluir nos próximos anos.

— Se a gente sai com o sarrafo lá em cima, depois a margem é pequena de crescimento. E não é que não pode sair, é claro que pode sair, mas a gente precisa já ter base e alicerce para isso. 

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