Na vice-presidência, Helen tenta dar nova visão à Liga de Basquete Feminino


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Um novo desafio. É assim que Helen Luz encara sua atual função no basquete brasileiro, longe das quadras, mas perto das decisões. A campeã mundial de 1994 e bronze na Olimpíada de 2000 é a mais nova vice-presidente da Liga de Basquete Feminino, a LBF.

Ontem, durante apresentação da quinta edição do torneio nacional, Helen conversou com o L!Net, mostrando seus planos para erguer a LBF. Após formar-se em um curso de Fundamento e Administração, ministrado pelo Comitê Olímpico do Brasil (COB), e outro de Gestão e Marketing Esportivo, em uma faculdade em São Paulo, a ex-atleta tem uma nova visão.

– Precisamos trabalhar em cima do que temos e podemos. Mostrar que o produto é legal, está funcionando, vender isso. Não olho mais com o olhar de atleta, e sim de empresária – comentou a dirigente.

Helen segue o caminho de suas ex-companheiras campeãs mundiais: Hortência, Paula e Janeth, que também seguiram dentro do basquete em funções técnicas, diretivas ou administrativas.

Apesar de novata na função de comando da LBF, a ex-atleta, que deixou as quadras em 2011, mantém um projeto social para ensinar basquete a crianças carentes, em Louveira, no interior de São Paulo.

– Apesar de não jogar mais, mantenho um projeto social na minha cidade e já fiz um trabalho com a CBB (Confederação Brasileira de Basquete). Surgiu esse convite da LBF e, para mim, é um desafio. Estar do outro lado é mais complicado do que ser atleta. Mas estou muito feliz e espero contribuir – disse.

A organização será o maior desafio de Helen, visto que a Liga sofre com sua precária estrutura.

– O mundo ama esse esporte. Estamos atrasados. Agora, precisamos correr atrás do prejuízo. A LBF é o caminho – completou.

QUEM É ELA

NOME
Helen Cristina Santos Luz

NASCIMENTO
23/11/1972 - Araçatuba (SP)

CARREIRA
A ex-armadora se aposentou do basquete em 2011, no Americana (SP). É a atual vice-presidente da Liga de Basquete Feminino (LBF).

HISTÓRICO
Campeã Mundial com a Seleção Brasileira em 1994, além de três títulos da Copa América e sete do Sul-Americano. Ficou com o bronze nos Jogos Olímpicos de Sydney (AUS), em 2000. Por clubes, é campeã nacional, com Santo André e Paraná, além de ter quatro Taças Brasil e um título Espanhol.

FORA DAS QUADRAS

Helen Luz
Dirige um projeto social em Louveira (SP), o “Cesta de Três” e é vice-presidente da Liga de Basquete Feminino (LBF).
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Hortência
Ex-diretora da Liga Nacional de Basquete (LNB), do basquete feminino na Confederação Brasileira (CBB) e executiva da LBF. Atualmente, é comentarista da TV Globo.
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Magic Paula
Criou em 2004 o Instituto Passe de Mágica, que ensina basquete à crianças carentes em São Paulo.
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Janeth
Trabalha na comissão técnica do basquete feminino do Brasil. Foi assistente da Seleção Brasileira e, atualmente, treina as equipes de base.

BATE-BOLA  - Com Helen Luz - Vice-presidente da LBF ao LANCE!Net

1 - O que planeja para a LBF?
Sempre digo que a gente não cria nada. Temos de copiar e melhorar o que já é bom. É isso que vou tentar fazer, trazer algumas ideias de fora.

2 - Como vê essa quinta edição?
Está muito legal, com dez equipes. Fico feliz em saber que o Nordeste tem três times, quase igualando São Paulo, que é o pólo do basquete feminino. Precisamos levar para outros estados e fazê-los crer nesse produto.

3 - Essa descentralização do eixo Rio-São Paulo é boa ou ruim?
É bom você descentralizar, mas tem de se firmar. Às vezes, você tem a equipe adulta e não tem a base, e vice-versa. Você precisa ter uma coisa junto com a outra. É lá que iremos colher os frutos. É importante manter. Não é fácil fazer basquete feminino no Brasil.

4 - Qual a principal diferença entre o masculino e feminino?
Número de atletas, cultura... O homem pratica esportes naturalmente. Temos cem meninos para cada dez meninas. A menina tem de fazer ginástica, balé, dança... Enfim, é assim. Nossa cultura ainda é muito voltada ao “só o homem que faz esporte”. Temos muitas mães que não deixam a menina jogar, porque tem de tomar conta do irmão mais novo ou lavar louça. Há muito disso ainda, essa é a realidade.

5 - O desafio é a base?
O mau resultado do basquete feminino é da minha época, quando fomos campeãs do mundo e não fizeram nada. É muito fácil criticar, mas o trabalho é mais embaixo (base). Falta sentirem paixão pelo basquete.

Falta organização?
Não adianta nascerem dez, 20, 30 Paulas e Hortências se não temos estrutura para elas. Na WNBA, você tem 50 mil crianças jogando basquete. Como você vai ganhar das americanas? Nunca na vida. Querer ser campeão olímpico com 50 meninas? Não. Temos de nos dedicar.

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