Escolha do Rio como cidade-sede de 2016 está sob suspeita, diz jornal

De acordo com 'Le Monde', Justiça francesa aponta um esquema de corrupção envolvendo a compra de votos durante a escolha do Rio de Janeiro para sediar a Olimpíada 

Abertura das Olimpíadas Rio 2016
Suspeita é apoiada em denúncias da Justiça francesa (Foto: Divulgação)

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O processo que levou o Rio de Janeiro a ser sede dos Jogos Olímpicos de 2016 está sob suspeita de um grande esquema de corrupção. O "Le Monde" divulgou nesta sexta-feira a denúncia de que o empresário Arthur Cesar Menezes Soares Filho, investigado na Operação Calicute, teria depositado US$ 1,5 milhão (em torno de R$ 4,6 milhões) em uma conta do filho do então presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF) e Membro do Comitê Olímpico Internacional, Lamine Diack.

Arthur Soares era considerado o maior fornecedor de mão-obra terceirizada para o governo de Sérgio Cabral Filho, sempre intermediado pela rede de empresas comandada pela Facility, designada para serviços como faxina e segurança. Pelos acordos, o grupo teria recebido em torno de R$ 3 bilhões no período.


O jornal francês, que se apoia em fontes da Justiça francesa, afirmou que o depósito ocorreu três dias antes da escolha da cidade-sede para a Olimpíada. O depósito foi emitido por uma holding de nome Matlock Capital Group, baseada nas Ilhas Virgens Britânicas, e foi recebido pela Pamodzi Consulting, uma empresa de propriedade de Papa Massata Diack, filho de Lamine.

A eleição ocorreu em 2 de outubro de 2009, em Copenhague. O jornal apontou que a Justiça da França teria evidências concretas para questionar lisura do processo de candidaturas de 2016. Além do Rio de Janeiro, Tóquio, Chicago e Madri tentavam sediar a Olimpíada. O processo corre desde abril de 2015, quando iniciou uma investigação preliminar.

Papa Diack ainda teria recebido US$ 500 mil (cerca de R$ 1,5 milhão) em uma conta na Rússia, de acordo com o "Le Monde", e há suspeitas de que toda a quantia foi usada para influenciar membros do COI a escolher o Rio de Janeiro. Documentos obtidos com autoridades tributárias dos Estados Unidos apontam que Papa teria depositado US$ 299.300 (em torno de R$ 931 mil) na conta de uma offshore chamada Yemli Limited, pela empresa Pamodzi Consulting. A offshore seria ligada ao ex-velocista Frankie Fredericks, da Namíbia, que foi um dos participantes da apuração dos votos para a cidade-sede.

Hoje, Papa está banido do atletismo, e seu pai, Lamine, está preso na França por acusação de lavagem de dinheiro na corrupção. Fredericks atribuiu a quantia por pagamento de serviços em eventos entre 2007 e 2011. Já Arthur Soares prestou depoimento ao Ministério Público Federal durante a Operação Calicute, pois a empresa Facility é investigada por repasses de R$ 1,7 milhão feitos a empresas acusadas de lavar dinheiro e propina durante o governo de Sérgio Cabral Filho.

Ao "Le Monte", o diretor de comunicações do Comitê Rio-2016, Mario Andrada, ratificou a integridade da eleição para escolha do Rio como sede, com "uma vitória clara", por 66 votos a 32 na última rodada.

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