MUDA, CALENDÁRIO: ‘Calendário é anacrônico, e acarreta malefícios’

L! traz as sugestões de seus colunistas, blogueiros e de personalidades do esporte para melhorar o calendário do futebol brasileiro. Hoje quem opina é Luis Filipe Chateaubriand

Manoel Flores é diretor de competições da CBF (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
Manoel Flores é diretor de competições da CBF (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)

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É sabido que, há muitas décadas, o calendário do futebol brasileiro é anacrônico. Esta é uma situação que acarreta malefícios, como arrecadação em bilheteria aquém do possível, investimento de patrocinadores inconsistente e incerto e direitos pagos por transmissões de jogos pelas televisões a menor do que é realizável.

Melhorar o calendário do futebol brasileiro é algo que pode acontecer a partir da adoção de sete ações integradas:

1) Adequação ao calendário europeu, que propicia melhor distribuição de datas de jogos ao longo da temporada, mitigação de efeitos nocivos de janelas de transferências de inter temporadas e possibilidade dos grandes clubes brasileiros disputarem, amistosamente, jogos com os grandes clubes ao nível mundial.

2) Realização da principal competição do calendário, o Campeonato Brasileiro, apenas em finais de semanas, valorizando técnica e comercialmente o produto premium do elenco de competições. Consequentemente, as outras competições devem ser jogadas em meios de semanas.

3) Interrupção das competições de clubes em Datas FIFA. Assim, como os jogos de Datas FIFA costumam ser em quintas feiras e terças feiras da semana seguinte, não deve haver jogos de clubes das divisões principais nem no meio de semana do jogo de quinta feira, nem no final de semana seguinte, nem no meio de semana do jogo de terça feira. Isso deve acontecer em todos os períodos de Datas FIFA.

4) É necessário que os grandes clubes joguem menos do que atualmente, como forma de preservarem seus elencos e, com isso, obterem melhor rendimento técnico e comercial.

5) É necessário que os pequenos clubes joguem mais do que atualmente, pois a grande maioria deles joga por poucos meses, e clubes sem atividades na maior parte da temporada anual acarretam desemprego em massa de jogadores e equipes de apoio técnico aos clubes.

6) Os mais de 600 clubes brasileiros – sejam grandes, sejam pequenos - devem jogar ao longo da temporada inteira.

7) Como forma de privilegiar as premissas ainda agora citadas, competições estaduais e regionais devem ser enxugadas, reduzidas substancialmente, em termos de datas.

Recentemente, participei do Grupo de Trabalho da Confederação Brasileira de Futebol para aperfeiçoamento do calendário. Propus reformas, acordes com as diretrizes citadas. Todas foram desconsideradas, o que culminou em minha saída do grupo. A conclusão é uma só: aos homens da Avenida Luiz Carlos Prestes, não interessam mudanças estruturais; no máximo, aceitam fazer mudanças tópicas, aquém do necessário. A pergunta que não quer calar é: até quando esse estado de coisas permanecerá?

*Luis Filipe Chateaubriand é estudioso das questões acerca do calendário do futebol brasileiro. Foi consultor do Bom Senso Futebol Clube para o assunto. Escreveu vários livros e artigos a respeito, entre os quais “Um Calendário de Bom Senso para o Futebol Brasileiro”. Foi membro do Grupo de Trabalho de Reformas do Calendário da Confederação Brasileira de Futebol

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