Todos Esportes

Clubes

Nacionais

escudo do atlético mineiroescudo do botafogoescudo do corinthiansescudo do cruzeiroescudo do flamengoescudo do fluminenseescudo do gremioescudo do internacionalescudo do palmeirasescudo do santosescudo do sao pauloescudo do vasco
logo whatsapplogo instagramlogo facebooklogo twitterlogo youtubelogo tiktok

Premier League x Calcio: ascensão e queda das ligas de Inglaterra e Itália

Banner para notas app Copa do Mundo
Escrito por

Dida; Thuram, Blanc, Desailly e Roberto Carlos; Davids, Verón, Nedved e Zidane; Batistuta e Ronaldo. Existe algo em comum entre esses 11 jogadores, que formam uma verdadeira seleção do mundo da década de 90 e início dos anos 2000: todos jogaram em clubes italianos durante o período. Algo inimaginável nos dias de hoje, em que o Calcio vive um período de baixa e assiste ao domínio das ligas da Inglaterra - principalmente -, Espanha e Alemanha.

FALTA DE DINHEIRO E VIOLÊNCIA DIMINUEM PODERIO DO CALCIO

Um dos principais motivos para essa reviravolta é a crise econômica que assola as grandes equipes do país. Milan e Internazionale não possuem o mesmo poder para realizar contratações milionárias como antigamente. Atualmente, as equipes de Milão apostam em contratações a custo zero ou em jovens promessas. Contratações de peso? Só se algum figurão deixar o elenco e liberar espaço na folha salarial.

A falta de dinheiro se explica pela estagnação no modelo de administração do futebol local. A maior parte dos estádios de clubes grandes - Giuseppe Meazza e Olímpico, por exemplo - são administrados pelo governo e não geram muitos lucros para os clubes.

Outro ponto que ajuda a "marginalizar" o Calcio é a grande quantidade de brigas envolvendo torcidas. A mais recente foi na decisão da Copa da Itália, entre Napoli e Fiorentina, no Estádio Olímpico, em Roma, quando torcedores da equipe napolitana brigaram com policiais da capital (alguns relatos de jornais italianos dizem que a confusão foi com torcedores da Roma, rival histórico do Napoli). Quatro pessoas foram baleadas no confronto. Além disso, o jogo só foi iniciado após muita conversa e a liberação dada por Genny 'a Carogna, líder dos Mastiffs, um dos grupos ultrà (espécie de torcida organizada) mais influentes do Napoli, e que conversou diretamente com Marek Hamšík, meia dos Partenopei.

A Juventus é uma exceção, já que possui seu próprio estádio e tem condições de fazer contratações de impacto como a de Tevez, no início da última temporada. Isso explica muito a hegemonia atual da Velha Senhora, dentro e fora de campo.

ORGANIZAÇÃO E RECEITAS DE TV: ASCENSÃO DA PREMIER LEAGUE

A liga inglesa, por sua vez, vive o caminho inverso. A Premier League foi criada em 1992, para organizar um campeonato que estava praticamente no fundo do poço. Pouco atrativo dentro de campo desde o início da década de 80, fora dele os hooligans faziam a festa. E a tragédia de Hillsborough, estádio do Sheffield Wednesday, quando 95 pessoas morreram esmagadas na semifinal da FA Cup de 1989, entre Liverpool e Nottingham Forest, foi o estopim para a reviravolta.

Estádios foram reformados e a grade que separava a torcida do gramado foi abolida, para evitar novas tragédias. Com menos violência e mais conforto nos estádios, a torcida voltou a frequentar os jogos e as receitas dos clubes explodiram. Assim, as equipes tinham mais dinheiro para realizar contratações de peso. Bergkamp, Henry, Zola, Barthez... O número de estrelas do futebol mundial na Inglaterra começou a aumentar consideravelmente. Além disso, o país teve uma boa safra de jogadores como Beckham, Owen e Gerrard, ajudando a chamar os holofotes para o Reino Unido.

E além dos craques, o bom momento da Premier chamou a atenção de milionários - por vezes extravagantes - que desejavam investir em clubes. Chelsea e Manchester City são os principais expoentes disso. Tidos como clubes médios no país, hoje possuem elencos estelares e recheados de craques de todas as partes do mundo.

Para os apreciadores do futebol europeu, é uma pena ver o futebol italiano tão em baixa. Mas pelo que foi visto recentemente, só há espaço para um no topo das ligas do Velho Continente.

COM A PALAVRA - MASSIMO BASILE, JORNALISTA DO CORRIERE DELLO SPORT

A Serie A não tem mais o "appeal" que mostrou no passado. O principal motivo é financeiro: os clubes não têm dinheiro para comprar os craques. Hoje, o Milan deve vender alguém para poder comprar. E para adquirir um atacante de nível internacional, a Internazionale terá que vender Guarín ou Ranocchia. Isso mostra o baixo nível do Calcio.

O problema fica evidente com a situação dos estádios: só o da Juventus é moderno e privado, com uma estrutura que traz dinheiro. Os outros clubes não possuem um estádio privado, não têm uma estratégia de marketing como na Premier League ou na Espanha e muitas vezes vemos os estádios vazios. Isso é uma imagem feia e que não dá apelo.

A venda do Calcio para os canais de TV é outro problema: não gera muita capacidade de competir com as transmissões de Inglaterra e Alemanha. Os presidentes dos clubes preferem receber dinheiro da TV fechada do que organizar um sistema que não precise depender apenas disso.

Acho que a Itália vive uma crise geral: cultural, desportiva e moral. Isso afeta o Calcio também.

Não creio que seja possível ter uma solução rápida nos próximos dois anos, mas talvez exista uma luz no fim do túnel: Roma e Fiorentina são dois clubes que trabalham em cima de um projeto de estádio no estilo inglês. Pode ser o primeiro passo para mudar as coisas no futebol italiano.