Passaram-se mais de 11 anos desde o emblemático 8 de julho de 2014, data da primeira semifinal da Copa do Mundo disputada no Brasil. Na ocasião, a Seleção sofreu a maior derrota de sua história: 7 a 1 para a Alemanha. O episódio, até hoje, levanta inúmeros questionamentos sobre como a equipe comandada por Luiz Felipe Scolari — campeão mundial em 2002 — atingiu um dos pontos mais baixos de sua trajetória, e justamente em solo nacional. Em entrevista exclusiva ao Lance!, o zagueiro David Luiz, um dos principais personagens daquela partida, revelou detalhes inéditos dos bastidores do Mundial. Assista ao vídeo abaixo:
David Luiz deixou sua marca no futebol e foi considerado um dos principais zagueiros do mundo durante grande parte da década de 2010. O zagueiro ganhou destaque no cenário do futebol de clubes por suas passagens vitoriosas por Benfica, Chelsea, PSG e Arsenal. Por consequência, era presença carimbada nas convocações da Amarelinha ao longo da carreira.
Copa das Confederações: estrela de craque ⭐
Embora tenha sido chamado pela primeira vez por Mano Menezes, em 2010, David consolidou-se como titular e referência defensiva da Seleção a partir da chegada de Felipão, em fevereiro de 2013. O retorno do experiente técnico gerou grande expectativa entre os torcedores, especialmente após o desempenho da equipe na Copa das Confederações daquele ano. Atuando em casa, a Canarinho conquistou o tricampeonato da competição ao vencer a então campeã mundial e bicampeã europeia, Espanha, por 3 a 0, em final disputada no Maracanã. Na ocasião, Luiz protagonizou um dos lances mais inesquecíveis da partida ao evitar um gol em cima da linha.
Copa do Mundo de 2014: desordem absoluta 🤯
No entanto, toda a expectativa criada a partir da conquista em 2013 foi se desfazendo gradualmente ao longo da Copa do Mundo do ano seguinte. Na fase de grupos, o Brasil venceu a Croácia por 3 a 1, em um jogo marcado por decisões controversas da arbitragem. Em seguida, empatou em 0 a 0 com o México e superou Camarões por 4 a 1. Apesar da classificação, o futebol apresentado era considerado aquém do previsto em termos de organização tática.
Nas oitavas de final, o Brasil enfrentou o Chile e empatou em 1 a 1 no tempo normal e na prorrogação. O gol verde e amarelo foi marcado por David, que aproveitou o desvio de um cabeceio na pequena área. Nos minutos finais, os chilenos acertaram a trave, quase eliminando os anfitriões. A vitória veio nos pênaltis, com protagonismo para o goleiro Júlio César. Durante e após a partida, brasileiros demonstraram forte abalo emocional, evidenciando o nível de pressão enfrentado pelo grupo.
Nas quartas de final, a Seleção venceu a Colômbia por 2 a 1. A rival sul-americana, considerada uma das revelações do torneio, ofereceu perigo nos minutos finais da partida, mas acabou eliminada. Novamente como artilheiro, o camisa 4 marcou o tento da classificação em cobrança de falta de longa distância, em chute potente e indefensável para o goleiro, um dos gols mais bonitos de toda a competição. O confronto, contudo, ficou marcado pela lesão de Neymar — melhor jogador do Brasil no torneio —, atingido nas costas após uma entrada do lateral Camilo Zúñiga, que o tirou do restante da competição. No mesmo jogo, Thiago Silva recebeu o segundo cartão amarelo e foi suspenso da semifinal.
7️⃣ gols e 1️⃣ trauma
Inevitavelmente, o pior ainda estava por vir. A melhor campanha do Brasil em Copas do Mundo desde o pentacampeonato de 2002 terminaria de forma traumática — em parte, porque ainda houve a derrota por 3 a 0 para a Holanda na disputa pelo terceiro lugar. Em jogo que dispensa detalhes, a Canarinho encerrou o primeiro tempo sofrendo cinco gols da Alemanha, que posteriormente se consagraria campeã mundial. A equipe nacional ainda sofreu mais dois gols na segunda etapa e só conseguiu descontar nos minutos finais, encerrando a partida com o placar de 7 a 1.
David Luiz foi um dos jogadores mais afetados emocionalmente pela derrota, tanto pela fragilidade do sistema defensivo sem a presença de Thiago Silva, quanto pela visibilidade que assumiu ao se apresentar publicamente após o jogo. Visivelmente abatido, concedeu entrevista em que demonstrou não saber como justificar o que havia acontecido em campo, diante de milhares de torcedores no Mineirão e de milhões de brasileiros impactados pelo pior dia da história da Seleção.
Sonho realizado? 🤔
Após a Copa do Mundo no Brasil, David disputou mais nove partidas com a camisa amarela e ficou de fora do ciclo liderado por Tite a partir de 2016. Após se consolidar como um dos principais nomes do Mundial de 2014 até a semifinal e conquistar um título de expressão em 2013, é possível afirmar que realizou o sonho de infância — compartilhado por muitos brasileiros — de fazer parte da história da seleção do País do Futebol.
Ainda assim, o zagueiro reconhece o impacto negativo que a partida contra a Alemanha causou do Oiapoque ao Chuí. Sobre os bastidores daquele jogo, Luiz relata que o grupo não estava preparado para enfrentar a adversidade de sofrer gols em sequência em um curto espaço de tempo. A confiança na classificação para a final era alta, mas, segundo ele, após o início do colapso, a situação saiu do controle e tornou-se irreversível. Ao Lance!, também não deixou de mencionar o peso da derrota para todo o elenco e, em especial, para os "brasileiros de verdade", que sempre demonstraram apoio incondicional à Seleção.
— Realizado por ter jogado pela Seleção? Sim. Por ter conquistado uma Copa das Confederações? Também. Triste por ter sentido a dor que todos nós sentimos — nós, brasileiros de verdade — naquele jogo. Infelizmente, talvez o maior aprendizado que tirei daquela partida seja que, em nenhum momento, estávamos preparados para estar perdendo por dois ou três a zero. Dali, desligamos de tudo — revelou David Luiz.
— Talvez eu não lembre exatamente os resultados dos últimos 20, 30 jogos daquela Seleção, mas acho que foi mais um baque emocional no sentido de: "E agora? Estamos perdendo de dois, três a zero, o que fazemos?" Foi algo muito mais reativo do que ativo. E quando você não tem nada preparado para agir da forma correta, você age apenas por impulso. Um pensa em resolver tudo sozinho, outro já está abatido porque o time está perdendo. Foi mais ou menos isso. Mas a tristeza, sim, fica — completou o jogador.
Brasil, Europa e futuro 💭
Para o torcedor brasileiro, David Luiz deu a volta por cima no Flamengo. Ao longo de três temporadas e meia, viveu momentos importantes, especialmente em 2022, quando conquistou a Libertadores e a Copa do Brasil. Em seguida, teve uma breve passagem pelo Fortaleza, no primeiro semestre de 2025, antes de retornar ao futebol europeu para defender o Pafos, do Chipre. Nesta fase da carreira, ele se mostra aberto a um novo convite para a Seleção, mas, acima de tudo, afirma acreditar e torcer pelo sucesso do Brasil, agora sob o comando de Carlo Ancelotti, na caminhada rumo ao sonhado hexacampeonato na Copa do Mundo de 2026.
— Não sei qual é o futuro que Deus tem pra mim — se ainda vou representar meu país ou não —,
mas continuo torcendo muito pelo Brasil. Que agora, com o Ancelotti, a gente tenha muito sucesso na próxima Copa do Mundo, como todo mundo espera — finalizou o atleta de 38 anos ao Lance!.
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