Técnico do Flamengo, Filipe Luís deu ao Bayern de Munique os méritos do resultado de 4 a 2, que culminou na eliminação rubro-negra nas oitavas de final do Mundial de Clubes. Em entrevista coletiva após o duelo no Hard Rock Stadium, em Miami (EUA), neste domingo (29), o treinador afirmou que os erros cometidos pelos jogadores do Fla foram forçados pelo adversário.
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— O mérito é do adversário, que te leva a cometer erros. Se você tenta sair jogando, eles te pressionam de uma forma sufocante e difícil quebrar essa pressão inicial deles. Algumas vezes conseguimos sair, outras não. Outras eles roubaram a bola e acabaram criando jogadas e, por exemplo, o escanteio que gerou o primeiro gol. Outras vezes, se você escolhe por uma saída longa, onde os jogadores também tem a possibilidade e mecanismos para usar essa saída longa, eles também tem qualidade defensiva. São ganhadores de duelos, são jogadores fortes, rápidos e por algum motivo estão no Bayern de Munique. Então, é um adversário que te leva a cometer erros independentemente da forma que você jogue. Vimos o Benfica, por exemplo, vencer o Bayern, mas o Bayern teve muito volume, teve muita chance de gol e teve totalmente o controle e o domínio do jogo — declarou Filipe.
— Eu acredito que mesmo errando, estaríamos mais próximos de conseguir um feito difícil, que era conseguir uma vitória contra um time tão qualificado como esse. Tivemos nossas chances, realmente tivemos, mas infelizmente eles foram superiores a nós. Não conseguimos sair da maneira que gostaríamos de sair. O começo do jogo, o gol de escanteio, claro que nos deixa com a confiança um pouco abalada no começo, mas emocionalmente o time estava forte e eu acredito que o jogador fizeram um grande jogo. Não tenho nada para dizer sobre quantos erros — completou.
Questionado se o Flamengo não estava acostumado a enfrentar uma pressão como a do Bayern, Filipe Luís voltou a citar a superioridade dos alemães. Além disso, explicou como o adversário foi efetivo em impedir o jogo do Fla.
— Nós tomamos o gol do escanteio, depois tomamos o segundo gol, num erro de saída de bola. Depois, a gente teve volume, bastante volume, e acabamos fazendo 2 a 1. A partir desse momento, o Bayern nos levou até a nossa área, e a gente não consegue sair, porque é um time com uma qualidade imensa. Eles não perdem a bola, eles te sufocam, a pressão pós-perda deles é muito forte fisicamente, eles sobram. Teve algumas bolas que tentamos sair no contra-ataque até com Arrasca, com o Plata, e eles voltam 6, 7, 8 jogadores ao mesmo tempo. Então, é um time altamente qualificado e superior a nós, é simples assim, superiores a nós, são melhores que nós e mereceram vencer, mereceram passar. Essa é a minha opinião. Sobre o jogo, erramos na saída de bola que gerou gols, se optássemos por uma forma diferente, talvez teriam saído gols de outras formas. Essa é a minha visão, é sempre escolher a forma que a gente quer jogar e seguir esse caminho — analisou o comandante.
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O técnico do Rubro-Negro avaliou, ainda, o que a equipe fez de positivo contra os Bávaros. Contudo, destacou a diferença de nível entre o futebol sul-americano e o europeu e a dificuldade em manter os talentos no Brasil.
— Se dava para fazer ou não (algo diferente), nunca saberemos, porque o jogo que todo mundo imagina com outras peças, esse nunca vai acontecer, já foi. Uma coisa que vimos no campo, eu acredito que o nosso plano deu certo, que a gente conseguiu pressionar bem o Bayern, conseguimos tirar a bola deles, conseguimos ter chances de gol. Infelizmente, eles são melhores, e estão os melhores nessa elite do futebol, estão os melhores jogadores do mundo nessa elite do futebol, é muito simples — comentou Fiipe.
— O que fazer para que isso não seja assim? Não vender jogadores? Impossível, impossível realmente. Se o Vinícius Júnior não tivesse saído, hoje teríamos o melhor jogador do mundo jogando com a gente. E por que eles saem? Porque querem jogar na elite do futebol, é muito simples, são os melhores. Agora, que nós poderíamos ter vencido o jogo, que poderíamos até vencer o campeonato, o Palmeiras pode vencer o campeonato, claro que sim, em futebol tudo pode acontecer... Mas isso não tirará a realidade, que esses times são muito bons, não é nenhum problema reconhecer, são muito bons. Agora, nós temos muitos jogadores brasileiros jogando nesses times também de elite, os melhores estão lá — completou.
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Outras respostas de Filipe Luís após Flamengo x Bayern
Experiência no Mundial
— Agradeço pela oportunidade linda de disputar esse Mundial, pela maneira como fomos recebidos e tratados aqui durante essas semanas que ficamos nos Estados Unidos, pela organização, por vocês da imprensa, por todo mundo que fez essa competição ser muito especial. Foi um privilégio muito grande fazer parte de uma elite de clubes. Me deixa muito orgulhoso ter participado.
Estilo de jogo
— Jogando dessa forma estaremos mais próximos do nosso objetivo, que é a vitória, independentemente do adversário. A forma que nós jogamos nos aproximou mais de poder vencer esse jogo contra um verdadeiro colosso. Um time espetacular que tem todos os méritos de ter passado de fase. Um time incrível que foi e é superior, temos que reconhecer. Desejo sorte para o Bayern no decorrer da competição.
Disputa do Mundial e férias dos jogadores
— Para mim, como treinador, se eu tivesse continuado como jogador, seria um privilégio gigante estar nesse torneio. Eu entendo que o calendário é muito congestionado, os jogadores não têm férias e podem se queixar disso. Eu tive uma oportunidade como jogador de disputar três Copas América, um Mundial, uma Copa das Confederações e convocações para amistosos de pré-temporada e eu perdi férias, mas foram os melhores momentos da minha carreira. Perdi tempo, de qualidade, de ir à praia com a minha família, mas vivi o melhor do futebol, onde estão os melhores. Uma Copa do Mundo com a seleção, ganhei uma Copa América, é para poucos. Sou agradecido, me sinto privilegiado de participar. Espero que tenhamos mais e possamos encontrar uma maneira de colocar no calendário para que os clubes fiquem satisfeitos. É uma oportunidade para nós, sul-americanos, e países de Ásia e Oceania para disputar contra os melhores. Que nós sejamos vistos, que vejam os jogadores que temos aqui, abram-se portas, as torcidas se encontrem e vivam esse ambiente maravilhoso. Não é fácil para os jogadores e os clubes com tantos jogos, mas é melhor ter muitos jogos. Os que não são tão bons gostariam de ter mais ainda.
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O que faltou?
— Temos um plano onde os laterais passam. Se você não consegue superar a marcação, o lateral não passa. Temos um plano de atacar o espaço. Se o zagueiro defende e tem uma qualidade defensiva tão grande que não deixa seu atacante nem correr, porque ele é tão forte e rápido, ele te domina. Te leva ao território, deixa incômodo em campo. Não consegue sair pelo chão, não consegue pela bola longa. Porque ele é melhor. E não é vergonha reconhecer. O time do Bayern é melhor. Sei que gostaríamos muito de falar de outro jogo. Se trocasse uma outra peça, se jogasse de outra forma, sim… essa pode ser a opinião do torcedor, pode ser de vocês aqui. A realidade é que nos custa muito reconhecer a virtude e mérito do adversário de pressionar. Teve que descer o Goretzka para marcar o Gerson e igualar no mano a mano para subir o lateral-esquerdo com o Wesley, fizeram um mano a mano na saída. É muito complicado superar um time que te encaixa desta maneira e com a qualidade defensiva e ofensiva que tem.
Nível de enfrentamento dá vantagem ao Bayern?
— Cada vez que estávamos bem no jogo e conseguimos diminuir o placar, nos sentíamos bem, ficou uma diferença de um gol. Pensávamos: "Agora vamos empatar e eles vão vir abaixo". Esses jogadores estão acostumados, primeiro pelo nível técnico e qualidade individual que eles têm, depois os clubes que jogam, as competições que lutam todos os anos, levam a ser jogadores da absoluta elite do futebol e acostumados a viverem esses momentos. Eles voltam a dominar o jogo mesmo vencendo por um gol, qualquer outra equipe viria a baixo. Eles têm essa frieza de defender com bola, de te empurrar para a área, você quer sair e eles têm essa pressão pós-perda muito forte. Se joga bola longa, o goleiro está praticamente no meio-campo e coloca a bola de novo em jogo. Gera um desgaste muito grande, o time não consegue sair e eles acabaram fazendo sempre um gol de vantagem. Reconhecer a qualidade da equipe do Bayern, como clube e qualidade individual dos jogadores, a forma muito agressiva como estão treinados, de propor e pressionar. Atacam com muita gente, praticamente com seis jogadores. É muito difícil jogar contra um time com tanta qualidade e imposição. Reconhecemos a superioridade deles, mas é um intercâmbio muito legal para que a gente possa vivenciar esses momentos e ver a qualidade desses times de elite.