Após a vinda da NFL, em São Paulo, os fãs da NBA ainda sonham com uma nova partida da liga em solo brasileiro. A falta de um "ginásio de qualidade" pesa negativamente para que o confronto aconteça no futuro próximo. Com experiência no Brasil e no exterior, Tiago Splitter entende a estrutura necessária e, além disso, o que o país "oferece" no basquete. Em entrevista exclusiva ao Lance!, o novo auxiliar técnico do Portland Trail Blazers destacou os problemas enfrentados pelas partes para que o jogo enfim aconteça.
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— Eu acho que a NBA faz todo o possível para que isso aconteça. Acontece que a gente às vezes não tem ginásio de qualidade para poder ter esse jogo. Em São Paulo, por exemplo, não tem um ginásio que possa ter um jogo de NBA. No Rio já aconteceu, já teve alguns jogos, mas essa é a dificuldade que a NBA acha: ter estrutura de NBA no Brasil; e não tem — analisou Splitter.
A NBA realizou dois jogos de pré-temporada no Brasil como anteriormente citado por Splitter. Em 2013, Chicago Bulls e Washington Wizards se enfrentaram no Rio de Janeiro. No ano seguinte, Cleveland Cavaliers e Miami Heat jogaram na cidade. Estes confrontos aconteceram na Arena Carioca 1, no Parque Olímpico, local que posteriormente sediou competições dos Jogos Olímpicos de 2016.
Vale destacar que o "crossover" entre a NBA e o Brasil também já aconteceu em forma de confronto entre as partes. Em quatro ocasiões, o Flamengo enfrentou o Orlando Magic, que saiu vitorioso em todas. Nos anos 2014, 2018 e 2023, o Rubro-Negro viajou até os Estados Unidos, enquanto em 2015 o time norte-americano veio ao Rio de Janeiro pela NBA Global Games.
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Não é a primeira vez que a falta de estrutura no Brasil é citada como um problema para a NBA. Durante coletiva de imprensa antes das finais entre Oklahoma City Thunder e Indiana Pacers, Mark Tatum, vice-comissário da NBA, revelou que a ausência de um ginásio de "calibre mundial" em São Paulo impede a realização de jogos da liga na capital paulista.
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O interesse pelo basquete no Brasil atingiu o maior patamar já registrado pela organização. Para trazer a NBA ao país, o vice-comissário explicou que conversas com autoridades paulistas já estão em andamento. Tatum se reuniu com o governador de São Paulo há aproximadamente seis ou sete semanas para discutir o tema, além da NBA House.
A falta de "instalações apropriadas", no entanto, foi identificada como o principal entrave para trazer a NBA a São Paulo. Essa limitação foi reconhecida tanto pelo governo estadual quanto por potenciais investidores durante as reuniões na capital paulista.
Ainda não há definição sobre quando a NBA poderá retornar ao Brasil para a realização de partidas oficiais ou de pré-temporada. A resolução depende das questões de infraestrutura na capital paulista mencionadas por Tatum.
— Nós recebemos alguns comprometimentos que eles estariam olhando para isso (a falta de um ginásio). Eu acho que uma vez que isso for resolvido, poderemos olhar para jogos em São Paulo e, potencialmente, retornar para o Rio também.
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NBA e a falta de investimento no basquete do Brasil
A trajetória de um jogador de basquete brasileiro rumo à elite do basquete mundial é uma aventura. E para quem a viveu e venceu, como Tiago Splitter, a percepção é clara: chegar e se manter na NBA é quase um milagre. Em um momento em que o Brasil conta com apenas um representante na liga, a voz do campeão de 2014 com o San Antonio Spurs ecoa como um alerta sobre a fragilidade do basquete nacional.
Hoje assistente técnico do Trail Blazers, Splitter, que recentemente teve uma passagem vitoriosa como treinador principal do Paris Basketball na Europa, ao Lance!, não mediu palavras ao analisar o cenário atual. Para ele, a escassez de talentos brasileiros na NBA não é fruto do acaso, mas de um problema crônico na base esportiva do país.
— Eu não falo nem só do basquete, falo do esporte em geral, tirando o futebol: simplesmente não existe incentivo. As pessoas fazem por amor, porque a família gosta de basquete, de handebol ou de vôlei, ou porque têm algum incentivo privado. Mas é muito difícil massificar um esporte se não existe um incentivo público. Praticar esporte dessa forma é muito difícil — lamentou o brasileiro.
A crítica do ex-pivô vai ao cerne da questão: a cultura esportiva e a falta de um projeto de longo prazo. Enquanto potências mundiais investem massivamente na captação e formação de jovens desde a infância, o Brasil, segundo ele, não investe no esporte.