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Cláudio Rabha
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 03/07/2025
19:01
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O mesatenista brasileiro Hugo Calderano, impedido de entrar nos Estados Unidos por ter visitado Cuba em 2023, nesta quinta-feira (3), poderia ter buscado uma alternativa para evitar cair na regra de segurança americana criada em 2015 que restringe a entrada de viajantes que estiveram em determinados países. Esta é a opinião de um advogado consultado pelo Lance!.

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O atleta tentou utilizar seu passaporte português para entrar nos EUA através do programa de isenção de visto, benefício disponível para cidadãos de 42 nações, entre elas Portugal. O Brasil não está incluído nesta lista de países beneficiados.

Segundo o dr. Vinicius Bicalho, advogado, professor, cidadão americano e membro ativo da American Immigration Lawyers Association (AILA), a mais respeitada associação de advogados de imigração dos Estados Unidos, "o problema central de Calderano foi o tempo".

— Ele teria a opção de solicitar um visto regular do tipo B1/B2 (negócios/turismo), que é o caminho tradicional para cidadãos portugueses que não se qualificam para o ESTA. Em 2023, o atleta visitou Cuba. Segundo a Lei de Melhoria do Programa de Isenção de Visto e Prevenção de Viagens Terroristas de 2015, a pessoa não pode entrar no país sem visto se tiver visitado Cuba depois de 2021 — disse dr. Bicalho em entrevista ao Lance!.

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Hugo Calderano em Doha (Foto: Karim JAAFAR / AFP)

Burocracia não acompanha ritmo das agendas esportivas

Segundo o advogado, a alegação da assessoria do mesatenista de que não houve tempo hábil para a obtenção deste tipo de visto é plausível.

— A obtenção desse tipo de visto, mesmo em caráter emergencial, depende de disponibilidade de entrevistas nos consulados e da aceitação da urgência do pedido. A alegação da assessoria é bastante plausível, especialmente considerando os prazos curtos entre o veto à entrada e a competição. É um processo burocrático que raramente acompanha o ritmo das agendas esportivas internacionais — completou.

Ainda segundo o advogado, não há motivos para o número 3 do tênis de mesa do mundo se preocupar com competições futuras nos Estados Unidos, mas é recomendável que a equipe de Calderano se antecipe para buscar o visto tradicional.

— O ideal agora é que a equipe do atleta busque com antecedência o visto tradicional, o que daria mais segurança e previsibilidade para futuras viagens aos Estados Unidos. As chances de obtenção de um visto regular de turismo e negócio para Hugo Calderano são enormes.

Segundo dr. Bicalho, os atletas do Brasil precisam resolver preventivamente a regularização de seus vistos para disputar as principais competições nos Estados Unidos, entre elas as Olimpíadas de Los Angeles, que serão disputadas em 2028.

— A Copa do Mundo e os Jogos Olímpicos são eventos de altíssimo nível de planejamento, inclusive do ponto de vista diplomático. O Brasil, como país participante, e os atletas com potencial de representação internacional, como é o caso do Hugo Calderano, devem estar atentos à regularidade dos seus vistos desde já. É algo que precisa ser resolvido preventivamente, e não na véspera das competições. Se houver o planejamento adequado, não há motivo para esperar maiores dificuldades — disse o advogado.

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