Uma família. Seis irmãos. Um elemento de união? O judô. Na família Pereira, a modalidade é transmitida entre gerações. O que começou com os três filhos mais velhos, hoje, é o dia a dia de Jéssica, Carol e Gabriela no polo da Taquara, Zona Sudoeste do Rio, do Instituto Reação. Carol, aos 28 anos, é ex-atleta e, atualmente, Sensei da instituição, enquanto Jéssica, de 31, e Gabi, aos 15 anos de idade, treinam em busca da tão sonhada participação olímpica.

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Em entrevista exclusiva ao Lance!, as irmãs detalharam o papel do judô na família. Na época em que começaram, moravam próximas a uma comunidade na Ilha do Governador (Zona Oeste do Rio de Janeiro). Os filhos estavam crescendo, e a mãe não queria deixá-los brincando na rua quando chegavam da escola. Para evitar isso, colocou os meninos em um esporte que todos pudessem participar: o judô.

— Um dia, o professor perguntou: "Vocês querem participar?". E a gente respondeu que sim, para a surpresa da minha mãe, que não imaginava que nós fôssemos querer fazer luta. E aí, a gente entrou no judô e se apaixonou — contou Jéssica.

Desde então, a modalidade desempenha um papel transformador na vida das três. Não só no tatame, mas também fora dele. A chegada ao Instituto Reação, em 2012, foi uma virada de chave para Carol e Jéssica. Elas se formaram na faculdade graças a bolsas de estudos do projeto - as primeiras da família a conquistarem tal feito -, chegaram à Seleção Brasileira e tiveram oportunidade de realizar várias viagens internacionais. Hoje em dia, elas contam, toda renda que entra na casa provém do esporte.

Da esquerda para direita: Jéssica, Gabriela e Carol (Foto: Andressa Simões/ Lance!)

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Clima bom e resultado ótimos

Entre motivações e zoações, as irmãs compartilham de forma leve a rotina pesada do modalidade de alto rendimento. No tatame, a união também contribui para resultados positivos em competições. Jéssica é promessa para Los Angeles 2028. Entre os títulos mais recentes, estão dois ouros consecutivos nos Grand Prix de Lima e de Guadalajara e a conquista do Trófeu Brasil. Já Gabi coleciona títulos até em categorias acima de sua idade e está focada nos Jogos de 2032.

— É muito importante ter elas no tatame. Treinamos mais felizes. Sendo em família, tudo vai ser mais leve, mesmo com as dificuldades. Hoje, a Carol é Sensei, mas já foi minha dupla. A Gabi foi crescendo, e hoje é ela a minha dupla. Treinamos sempre juntas, uma ajudando a outra. Isso é o que me dá mais forças para continuar no esporte. A nossa vida mudou graças a ele. Poder viver esse sonho juntas é incrível — afirmou Jéssica.

— É muito bom ter irmãs que fazem o mesmo esporte que você. Qualquer ajuda que você precise e qualquer motivação, vai estar todo mundo ali disponível para te ajudar. O esporte, além de unir a gente, foi fundamental para a nossa vida — refletiu Gabi.

Gabriela Pereira brilha nos tatames (Foto: Divulgação)

Para Carol, ver as irmãs, um dia, no tatame olímpico seria a realização de um sonho coletivo e semeado há muito tempo.

— A gente fala muito sobre isso. O sonho de um é o sonho de todos; a vitória de um é a vitória de todos. O judô é o que uniu a gente. É um sonho que a gente sonha junto. Uma pessoa vai realizar o sonho da família inteira — disse a treinadora.

De atleta à Sensei do Instituto Reação: lesão não afastou Carol do judô

Assim como as irmãs, Carol também vivia a rotina de treinos e competições. No entanto, um obstáculo a fez mudar de rota e passar a acompanhar as sessões de treinamentos e os torneios de outro ângulo. Em 2022, aos 25 anos, a ex-atleta sofreu uma lesão no joelho, a terceira de sua carreira no mesmo lugar. Nas outras duas ocasiões, já tinha passado por cirurgia, e era quase certo que fosse ter o mesmo destino novamente.

Temendo o impacto de mais uma operação no seu desempenho e na sua saúde física, Carol optou por deixar a carreira de judoca profissional. Naquele momento, já estava fazendo a adaptação como professora da pré-equipe (preparatória para o programa olímpico) do Reação, pensando no pós-carreira, e decidiu focar nessa posição, já que também tinha o sonho de se tornar professora de judô.

Carol Pereira, treinadora do Instituto Reação (Foto: Andressa Simões/ Lance!)

No novo cargo, Carol procura passar aos seus alunos o que aprendeu durante sua trajetória. Como atleta profissional, tem como principais conquistas três títulos brasileiros.

— O valor mais importante que o judô me ensinou foi a disciplina, e é isso que eu tento passar aos meus atletas. É necessário ter rotina de treino, descanso, alimentação. Se não tiver disciplina, não vai conseguir chegar aonde quer. O judô é muito injusto, e cada detalhe pode ser decisivo — disse Carol.

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