Neste domingo (28), o Flamengo venceu de virada o Corinthians na Neo Química Arena, em uma bela partida de futebol com os treinadores mostrando serviço e tendo suas ideias bem executadas em campo. Se no primeiro tempo o time de Dorival foi melhor, no segundo Filipe Luís mostrou porque é talvez o melhor técnico brasileiro da atualidade. Veja o detalhe tático da virada do Flamengo.
Na prévia da partida, as coisas estavam bem parelhas entre as duas equipes. O Corinthians tinha 37% de probabilidade de vitória, contra 36% do Flamengo e 27% para o empate. O placar mais provável era o 1 a 1, com 12,6% de chance. E talvez fosse o empate o resultado final, caso Yuri Alberto não tivesse batido de forma tão displicente um pênalti na primeira etapa.
O Flamengo que 'habla'
Os elencos dos grandes times brasileiros hoje em dia estão recheados de grandes jogadores sul-americanos, o que faz com que “hablar” em espanhol seja algo corrente nos vestiários do Brasileirão. E esse entrosamento idiomático existiu no Rubro-Negro no domingo, com o time entrando em campo com seis hispanoparlantes.
E foi assim, falando em espanhol, que o time de Filipe Luís (que teve a maior parte da sua carreira jogando na Espanha treinado por um argentino) reagiu de forma rápida à vantagem corintiana. De la Cruz, Saul e Arrascaeta estavam muito bem posicionados o jogo todo, mas principalmente o colombiano Jorge Carrascal, flutuando pela intermediária, oferecendo linhas de passe, foi fundamental para a virada.
Veja no gráfico que o chute de Arrasca foi a melhor chance do Flamengo na partida, com 8% de probabilidade de gol (0,08 xG). Já o gol de Yuri Alberto foi de longe a melhor chance do Corinthians (e do jogo, tirando o pênalti), com um valor de gol esperado de 0,22xG (22% de probabilidade de gol). Mas depois disso, o time não conseguiu mais criar boas chances, basicamente porque precisou se dedicar a defender.
Lateral também é chance
Além de vários bons jogadores que falam espanhol, o detalhe tático da virada do Flamengo vem da qualidade do seu banco de reservas e do entendimento que toda bola parada ofensiva é uma oportunidade de gol. Com Plata no lugar de Bruno Henrique e Luiz Araújo no de Samuel Lino, o gol da vitória veio de um lateral batido por Emerson Royal que gerou um ataque em velocidade, pegando a defesa do Corinthians desarrumada.
É importante perceber essa valorização da bola parada no Flamengo de Filipe Luís. Veja, o jogo estava empatado, fora de casa, contra o Corinthians, qualquer outro time naquele lateral teria voltado a bola e segurado mais a posse. Já o Flamengo aproveitou para gerar um ataque veloz com chance de gol e aproveitamento total. É com essa mentalidade que se formam equipes vencedoras.
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Gustavo Fogaça escreve sua coluna no Lance! nas noites de segunda e quinta-feira. Leia outras publicações do colunista nos links abaixo:
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