Conhecido pelas lindas praias do Caribe com cores cristalinas, mas também pela bela arquitetura holandesa, Curaçao é um país que busca respirar futebol. Cerca de 160 mil habitantes da ilha se empolgam com a campanha do país nas Eliminatórias da Concacaf e se aproximam de viver um sonho.
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Presidente da Federação de Curaçao, Gilbert Martina revelou o amor pelo Brasil e não escondeu a esperança com a presença de seu país na Copa do Mundo. O dirigente recebeu o Lance! no Estádio Ergilio Hato, em que Curaçao manda seus jogos para 11 mil torcedores e onde enfrentará Santa Lúcia, na sexta-feira (6), visando se aproximar do Mundial de 2026.
Em uma conversa recheada de recordações, mas também de olho no futuro, Martina revelou como iniciou a relação de carinho com o Brasil. O fanatismo pela Seleção vem de família e foi passado para seus filhos, que foram homenageados com nomes de jogadores campeões do mundo em 1970 e 1994 nas Copas do México e Estados Unidos, respectivamente. E apesar de ser uma situação curiosa, a escolha dos nomes não resultaram em problemas com a esposa em casa.
- Começou com meu pai e meus tios. Todas as gerações gostavam do "jogo bonito". Eles viram a Copa do Mundo de 1970. Eu não vi, mas a primeira Copa que vi foi em 1982 com Zico, Sócrates, Toninho Cerezo, Júnior, Falcão, Éder. Essa foi minha primeira paixão com a Seleção Brasileira. Eu estava apaixonado. E desde então dei os nomes aos meus filhos de jogadores do Brasil: Jairzinho e Jorzinho. Ambos jogadores que foram campeões do mundo com o Brasil. Essa foi uma das condições quando nos casamos. Ela sabia que eu era apaixonado por futebol. Então ela não reclamou não (risos).
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Eleito presidente da Federação em abril, Gilbert Martina busca recuperar o prestígio do futebol em Curaçao. O dirigente vê a possibilidade real de avançar à Copa do Mundo de 2026 como uma grande oportunidade para tornar o esporte popular novamente, mas também de realizar o sonho do pai e dos tios em representar a ilha na maior competição da bola redonda.
- Foi muito popular. Nos últimos 20, 30 anos, (a popularidade) caiu porque houve muitos problemas com a Federação, mas como novo presidente estamos comprometidos a fazer do futebol o esporte mais popular da ilha. Futebol une. Nós queremos usar o esporte para unir o país. A Eliminatória é uma oportunidade única para Curaçao para se classificar como o menos país do mundo a ir para a Copa do Mundo. Está mais perto do que nunca. É um sonho do meu pai, do meu avô, dos meus tios. Sei que eles estão vindo e será uma grande honra.
Em poucos meses, Gilbert Martina conseguiu recuperar a confiança outrora perdida e luta para corrigir problemas, principalmente de ordem financeira. Nos últimos dois, três meses, o dirigente afirma ter recebido uma quantidade de dinheiro considerada substancial da Fifa para desenvolver seus projetos.
Atualmente, Curaçao está próximo de conquistar uma classificação à Terceira Fase das Eliminatórias da Concacaf para a Copa do Mundo. A equipe é comandada por Dick Advocaat, que foi treinador da Holanda no Mundial de 1994 em que foi eliminado para o Brasil, nas quartas de final. E Martina não esconde a confiança em recuperar jogadores para formar um time forte.
- Nós temos um bom time. Tem alguns jogadores chaves que decidiram não jogar por Curaçao por problemas com a Federação. Vamos trabalhar nisso. Vamos jogar contra Santa Lucia e Haiti. Estou confiante de que estaremos aptos a recrutar jogadores do mais alto nível para tornar esse time mais qualidade para fazer um dos mais fortes da Concacaf. Dick Advocaat foi o treinador da Holanda na Copa do Mundo de 1994, em que a Holanda foi eliminada para o Brasil. É muito tático e estrategista. Eu não o convenci. Ele me ligou após a eleição e disse que estava disponível. Ele acreditava que Curaçao poderia ter bons jogadores.
Além do presente, Martina também está de olho no futuro de Curaçao e se orgulha de ter jovens atletas indo para a Holanda, onde crê que podem se desenvolver e fortalecer o futebol do país. E além da Copa do Mundo, o dirigente sonha em voltar a ser uma referência, como a ilha era na década de 1950 e 1960.
- Nós temos muitos talentos. Temos cinco jogadores entre 11 e 13 anos que foram para clubes holandeses. Embora temos muitos desafios, temos muitos talentos. Se estivermos aptos a dar a todos uma chance de se desenvolver e se tornar um jogador profissional, acredito que seremos um dos mais fortes da Concacaf, como éramos no passado. Nos anos 50, 60, a gente vencia Costa Rica, México... Mas nós caímos, não nos desenvolvemos e queremos recomeçar.
Gilbert Martina afirma querer levar para o campo o que representa Curaçao em sua visão: paixão, honra e orgulho. E o sonho de disputar uma Copa do Mundo nunca esteve tão perto, como no atual momento da história do país.
Confira outras respostas de Gilbert Martina, presidente da Federação de Curaçao
Amistoso contra o Brasil
- Claro. Se arranjarmos, vou dizer sim. Romário jogou nesse campo, Pelé esteve aqui, Bebeto também. Um amistoso entre Brasil e Curaçao seria muito legal. O estádio estaria lotado.
Candidatura à presidência da Federação
- Muitos jogadores me pediram para que eu fosse candidato para que trouxesse paz, estrutura e ordem de volta ao nosso futebol. Me candidatei após conversar com minha esposa em casa, pois ela estava desapontada com a federação. Os clubes disseram que eu era o candidato com o conhecimento certo para gerir o futebol no país. Senti uma grande honra de ser apontado como presidente, servir meu país, elevar o nível dos clubes, dos treinadores, da arbitragem e para levar Curaçao para a Copa do Mundo. Está escrito e vai acontecer.
Copa Ouro
- Eu acho que se nós temos a ambição de ir para a Copa do Mundo é um grupo perfeito. Jogamos contra El Salvador e empatamos os dois jogos. Não tínhamos o treinador que temos agora (nome do treinador). Ele foi o treinador da Holanda na Copa do Mundo de 1994, em que a Holanda foi eliminada para o Brasil. É muito tático e estrategista. Temos um dos melhores. Temos jogadores melhores e estaremos aptos a ganhar de El Salvador. O jogo contra Canadá será interessante para ver onde estamos. Perdemos de 2 a 0 na Liga das Nações, então a diferença não era tão grande, mas não era com esse treinador e com os atuais jogadores. Honduras também será um bom teste. Vamos estar aptos para liderar ou ser vice no grupo.
Gramado do Ergilio Hato
- O governo local é responsável pelo projeto. Esse é a nova geração de campos artificiais. É muito natural, feito com sementes de oliva e positivo para o meio-ambiente. E é quase similar, cerca de 90%, 95% de um campo natural. Também é um custo muito baixo. É perfeito para o nosso ambiente com nosso tempo, nosso sol e perfeito para o jogo. Esse campo foi desenvolvimento com a base do PSV. A base do PSV tem esse jogo. Os jogadores, os treinadores, os médicos amam esse campo no PSV.
Promessa por classificação na Copa do Mundo
- Se eu fizer uma promessa, vou pintar meu cabelo de azul.