Semifinalista da Copa do Mundo de 2022, a seleção do Marrocos foi uma das protagonistas do Mundial do Catar. Terminou a fase de grupos na primeira colocação, eliminou a Espanha nas oitavas e, nas quartas, despachou Portugal. A campanha memorável fez do Marrocos o primeiro país africano, e o primeiro árabe, a alcançar uma semifinal de Copa. E o tempo está mostrando que aquele desempenho não foi isolado: a seleção marroquina já garantiu vaga na Copa do Mundo de 2026 e está na final do Mundial Sub-20

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Os feitos são ainda mais impressionantes quando se considera que o Marrocos ficou duas décadas, entre 1998 e 2018, sem conseguir sequer se classificar para a Copa do Mundo. Agora, vai emendar uma sequência de quatro Mundiais seguidos, já que será um dos países-sede da edição de 2030 e, como tal, está garantido.

Mas a ascensão do futebol marroquino não é obra do acaso. Ao contrário, é fruto de um forte investimento em infraestrutura, que se tornou política de Estado no fim dos anos 2000. A construção de grandes centros esportivos e o foco na formação de atletas ajudou a ampliar a presença de atletas do Marrocos em grandes ligas europeias. E essa vivência com a elite do futebol mundial completou o ciclo virtuoso.

O início da fase de crescimento pode ser datado: 2008. Foi naquele ano que o Rei Mohammed VI determinou forte investimento em infraestrutura esportiva no Marrocos. Para isso, foi criada a Empresa Nacional de Construção e Gestão de Equipamentos Desportivos (Sonarges, na sigla em francês), cuja principal missão é planejar, construir e gerir infraestruturas esportivas no país todo.

Uma das primeiras obras inauguradas foi a Academia de Futebol Mohammed VI. Ela ocupa uma área de 18 hectares em Salé, no noroeste do Marrocos. Lá, 50 jovens entre 13 e 18 anos têm infraestrutura completa para estudos e desenvolvimento do futebol.

Reportagem da The Athletic, braço esportivo do The New York Times, publicada no fim do ano passado estimava que o investimento em infraestrutura esportiva já ultrapassara meio bilhão de reais, mas os números não são precisos. E a conta não inclui a construção do  Grand Stade Hassan II, nos arredores de Casablanca. O estádio terá capacidade para 115 mil pessoas, será o maior do planeta e pode sediar a final da Copa do Mundo de 2030.

Atualmente, a Sonarges está à frente de 54 instalações, incluindo a construção de novos estádios de futebol e de complexos esportivos para outros esportes, como tênis e natação.

Além das instalações de maior porte, em 2018 o governo do Marrocos lançou um projeto que previa a construção de 800 campos de futebol locais por todo o país, incluindo áreas rurais e vilarejos.

Presidente da federação marroquina tem assento em Conselho da Fifa

Mas não é "apenas" a ampliação da infraestrutura esportiva que explica o sucesso do Marrocos nas competições da Fifa. A gestão do futebol por lá também parece eficiente, e tem fácil acesso a recursos.

Fouzi Lekjaa preside a Federação Real Marroquina de Futebol desde 2014, quando já atuava em altos escalões do governo. É ele que comanda a Academia de Futebol Mohammed VI e faz a gestão dos recursos.

Muito respeitado no meio futebolístico, Lekjaa está à frente da organização do Marrocos para a Copa do Mundo de 2030. Ele também integra o conselho executivo da União das Associações Árabes de Futebol e o Conselho da Fifa.

Walid Regragui comanda a seleção do Marrocos desde 2022 (Foto: Kirill Kudryavtsev/AFP)
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