Nas voltas que o mundo da bola dá, muitos jogadores perdem tempo de carreira, se afastam ou até mesmo desistem da trajetória profissional. Em tempos de pauta sobre saúde mental em voga, alguns casos chamam atenção. Um deles, que o Lance! conta, o do lateral-esquerdo Victor Lindenberg, revelado pelo Botafogo, que ajeita a vida para retornar aos gramados.
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Victor foi campeão do Brasileirão Sub-20 em 2016, em geração que criou grande expectativa com nomes como Marcinho, Kanu, Marcelo Benevenuto, Gustavo Bochecha, Matheus Fernandes e Renan Gorne. O lateral-esquerdo era titular do time, mas, quando subiu, contou com pouco espaço para desenvolvimento e foi emprestado para Paysandu, Santa Cruz-RN, Santa Cruz-PE e Anapolina. Foi na ida ao futebol europeu que a vida mudou.
O jogador tomou a decisão de interromper a carreira após passagem pelo futebol do Kosovo, onde vestiu a camisa do Dukagjini. Problemas de língua local, clima e um problema familiar abalaram o lateral, que optou pelo descanso. Atualmente, ele mora na Alemanha, na cidade de Darmstadt — onde treina para manter a forma física.
— Parar foi necessário. Precisei respirar. Jogar futebol em outro país é algo incrível, mas com certeza um desafio. Naquele momento estava mentalmente exausto e o futebol estava se tornando minha última preocupação. Por isso precisei voltar (para o Brasil) — disse Victor Lindenberg, em entrevista ao Lance!.
E o tempo longe dos gramados não é visto com arrependimento. Hoje, o jogador, de 27 anos, se vê preparado para recomeçar no futebol e aguarda propostas para fazer o que mais ama. Ele chegou a ter uma curta passagem no Andraus, do Paraná, com cinco jogos no Campeonato Paranaense de 2024, quando foi levado pelo então treinador Edison Borges, a quem demonstra muita gratidão.
— Estava em casa quando o Edison me ligou. Faltava uma semana para o campeonato. Edison me conheceu no Paysandu com 20 anos, emprestado pelo Botafogo. Quando cheguei, tivemos algumas conversas que me fizeram pensar. Estou no futebol desde os oito anos, precisando sair de casa cedo. Às 4h40 da manhã, e muitas vezes precisava pegar três ônibus para chegar aos treinos. Morei longe da família a partir dos 16. Precisei decidir entre continuar essa luta ou parar para respirar. Quando acabou o campeonato, vim para a Alemanha, onde penso em morar no futuro — revelou.
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— Parar Foi bom. Profissionalmente se perde valor quando não atua, mas não aguentava ouvir falar de futebol naquele momento. Hoje a vida está mais equilibrada, me aproximei da família. Sinto que foi a decisão certa. Me sinto preparado para voltar a competir em alto nível de performance e cobrança. Todos sabem que futebol é cobrança e precisa-se performar em nível de excelência a todo momento. Com esse novo calendário e os campeonatos estaduais começando ainda antes, espero logo estar em um clube e buscar essa sequencia que preciso.
Ano mágico no Botafogo
Victor Lindenberg foi um dos pilares da equipe comandada por Eduardo Barroca, tendo conquistado, além do Brasileirão Sub-20 sobre o Corinthians, o Campeonato Carioca em cima do rival Flamengo. O jogador subiu para o principal, chegou a receber proposta do futebol português, do Sporting, em, 2017, mas o Botafogo recusou. No ano seguinte, em 2018, foi emprestado ao Paysandu.
— 2016 foi um ano incrível. Comecei a participar dos treinos na equipe profissional, relacionado para os jogos e foram resultados ótimos, saindo de uma briga contra o rebaixamento para a pré libertadores com Jair (Ventura). Estava com 18 anos.
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O cria de General Severiano, o ex-Botafogo é mais um com história de superação e que mostra a dificuldade de uma vida fora do país, jogando em liga alternativa. Victor Lindenberg planeja jogar em 2026 no Brasil e, enquanto isso, agita trâmites para tirar a cidadania italiana via questões parentais.