Ronaldo será um dos modelos em campanha contra sedentarismo


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Ronaldo e Neymar serão modelos da Nike para promover uma campanha que a fornecedora de material esportivo trouxe para o Brasil. O título é “Designed to Move” (Desenhado para o Movimento), cuja missão é incentivar a prática de atividades físicas, especialmente entre as crianças.

A vice-presidente de Acesso ao Esporte da Nike, Lisa MacCallum, esteve no Rio neste mês, em um evento que confirmou a parceria com diversas empresas e o investimento na casa de R$ 37,7 milhões nos próximos três anos. Ela falou ao LANCE!Net sobre os motivos do envolvimento na companhia e a ideia de usar jogadores na causa.

– A ideia é trabalhar que cada um, individualmente, é um atleta. Temos Ronaldo e Neymar como modelos aqui. Faremos o mesmo em outros países, usando atletas de alto rendimento para apoiar – disse ela, sem externar preocupação com a forma do Fenômeno:

– Todo mundo liga a inatividade física ao peso. Mas não necessariamente é assim. Tem outras coisas envolvidas. Sair da inatividade é mais do que perder peso.

Situação do Brasil
“Entendemos o que estava acontecendo por causa de uma pesquisa. Ficamos chocados de saber como a situação realmente está. A inatividade física se tornou um processo global, tem proporções epidêmicas. É algo que temos que combater. Nenhum país escapou disso sem colocar em prática algumas medidas. E o Brasil não é exceção. Brasileiros, como a pesquisa mostrou, estarão, em 2030, 34% menos ativos do que no começo do milênio. É um resultado muito significativo, que pode trazer consequências sérias para os indivíduos e para a estrutura social.”

Quais as razões?
“O que é muito interessante nesse fenômeno global é que há similaridades em todos os países. O que acontece é que a inatividade física segue muito de perto o desenvolvimento econômico. Quanto mais rico o país fica, mais rápido nos desaceleramos. Isso é porque paramos de caminhar, mais pessoas têm carros, adotamos mais conveniências, tudo está ligado ao apertar de um botão, então não há muito movimento na vida. A atividade física nas escolas também se tornou uma prioridade menor. Infelizmente para o Brasil, como todo o mundo, isso está acontecendo.”

Culpa da tecnologia?
“A tecnologia envolve muitas questões. Ela proporciona algumas chances de movimento durante o dia. Há drive thrus, facilidades modernas para cozinhar... Mas é uma questão de prioridade também. Há um preconceito dizendo que se você gastar menos tempo com educação física na escola você vai ter mais tempo para matemática e ciência. Não há pesquisa que prove isso. As escolas que têm uma cultura de educação física, que a priorizam, são escolas cujas crianças tem boa performance acadêmica.”

E a família nisso tudo?
“É uma questão sistêmica. Não é culpa de uma só pessoa, de um só ponto ou única instituição que vai salvar a situação. Temos a forma com que as cidades são desenvolvidas, a questão educacional... Sobre os pais, em uma sociedade moderna, os dois trabalham, têm filhos que outros cuidam, há menos tempo de contato. E notamos também, em uma pesquisa em nove cidades ao redor do mundo, que o tempo familiar é gasto na maioria das vezes com: assistir filmes, fazer compras e sair para comer. O que os pais podem fazer é melhorar isso.”

Qual país está bem?
“Uma coisa muita interessante e alarmante ao mesmo tempo é que a questão foi crescendo sem ser notada, dentro de várias economias do mundo. Então não há país que escape. Isso tem sido mais progressivo nos Estados Unidos. Lá, por exemplo, estamos em uma situação que a educação física não é requerida. Aí temos crises de várias doenças atreladas à inatividade.”

Teremos menos atletas?
“Estamos tendo uma grande inatividade entre as crianças, então, obviamente, a gama de atletas vai ser menor. Nos EUA, 80% das crianças estão largando o esporte aos 12 anos. E a primeira razão é uma especialização cedo demais. Há uma pressão de organizações para treinar o garoto muito novo, definindo para ele um único esporte muito cedo. E a especialização não está levando a grandes atletas. Crianças que têm experiências variadas na atividade física, em vários esportes, se dão melhor na vida. Essas crianças têm mais chance de permanecerem ativas, aumentando a gama de atletas.”

Com a palavra

Ana Moser - Ex-jogadora de vôlei e presidente do Instituto Esporte & Educação
"É preciso um pacto nacional para mudar"

Os números do Brasil sobre inatividade física estão na mesma linha que os do mundo. Mas a questão é que, no caso brasileiro, há uma projeção e dá para mudar isso. Temos que ter responsabilidade. O Brasil tem que tomar um rumo. Há vários atores: governo, empresas que deveriam investir no esporte, imprensa, federações, COB... Todo mundo que poderia fazer isso.

Sozinho ninguém vai mudar a situação. É preciso juntar forças, um pacto nacional. Cada setor tem sua responsabilidade. É preciso criar toda uma estrutura esportiva. Não temos campeonatos estaduais, de base, competições contínuas. A questão da educação física na escola é grave. Há o planejamento pedagógico para outras matérias. Na educação física só joga a bola e deixa rolar.

O que tem de investimento em atletas olímpicos visando a Rio-2016, é treinar quem já está aí, e não para criar outros. Os números dizem que para se criar um campeão olímpico é preciso dezenas e milhares de praticantes. Quanto mais praticantes, maior o número de atletas. Não adianta investir em cima, porque não vai ter efeito em baixo.

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