Pan de Toronto é mais um degrau na preparação para a Rio-2016

Empresário Wagner Ribeiro ao lado de Neymar (Foto: Reprodução/Instagram)
Empresário Wagner Ribeiro ao lado de Neymar (Foto: Reprodução/Instagram)

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Ao contrário de ciclos olímpicos anteriores, em que os Jogos Pan-Americanos serviam de classificação para os Jogos Olímpicos em muitas modalidades, desta vez a história é diferente. Por ser a sede da Olimpíada em 2016, no Rio de Janeiro, o Brasil já tem a vaga na maioria dos esportes. Mesmo assim, o Comitê Olímpico Brasileiro (COB) considera o Pan-Americano de Toronto, no Canadá, como um degrau importante na preparação para 2016.

Diretor executivo de esportes do COB, Marcus Vinícius Freire reconhece não ser possível comparar um Pan-Americano com uma Olimpíada. Mas que o evento canadense é importante, por exemplo, em provas individuais, com a medição de tempo, distância, um salto. Com esses dados, é possível comparar com as marcas mundiais e checar em que nível estão os atletas brasileiros.

Três pontos importantes que evidenciam a importância que o COB colocou no Pan dizem respeito à meta de medalhas e ao treinamento no período de aclimatação e durante o evento. Com relação ao primeiro, o plano da entidade é o de se manter no top 3 por total de medalhas. No segundo, o COB terá em Toronto um centro de treinamento nos mesmos moldes do Crystal Palace, local que serviu de base nos Jogos Olímpicos de Londres-2012. Além disso, contará com um time completo de ciências do esporte, com profissionais de bioquímica, fisiologia, vídeo análise e nutrição, entre outros.

Confira nesta entrevista de Freire ao LANCE!Net o planejamento do COB para o Pan de Toronto.

 

L!Net: Como o COB encara esse Pan-Americano? Qual a importância da competição?
Nosso foco principal são os Jogos Olímpicos. Os Jogos Pan-Americanos são um passo, um degrau para os Jogos de 2016, como já foi o Pan de Guadalajara, em 2011. O Pan, sendo um ano antes dos Jogos, vai ser muito importante para algumas modalidades, médio pra outras e sem necessidade de foco para um terceiro grupo.

A diferença em relação ao ciclo Guadalajara-Londres é que agora muitas modalidades já têm a vaga garantida na Rio-2016. Mas é importante notar que o Brasil ainda não tem a vaga em todas as modalidades. Por causa das vagas em disputa, em Guadalajara nós fomos com a força total. Por exemplo, como no handebol nós já temos a vaga garantida em casa, pode ser que o técnico resolva não usar o Pan como etapa de treinamento para a equipe principal. Então, resumindo, cada modalidade e cada atleta, junto com o treinador, diretor técnico e conosco, vão montar sua estratégia para Toronto.

L!Net: Sempre se diz que o Pan não é parâmetro para se avaliar o nível da competição porque os principais atletas não vão nos principais esportes. Até que ponto o COB vai considerar o resultado no Pan como avaliação do nível dos seus atletas com relação aos Jogos de 2016?
É muito importante lembrar que no Pan são 42 países das Américas. Em Jogos Olímpicos, são 204. Por isso é que não dá pra comparar. É um evento muito importante, mas realmente comparar resultados, quantidade de medalhas, probabilidades sem você ter o principal time americano em campo, sem você ter todos os times europeus e asiáticos especialistas em várias modalidades, realmente não vale como parâmetro. O nosso parâmetro, principalmente, são nas provas individuais, em que temos medição de tempo, medição de distância, um salto, uma corrida, prova de natação. Aí, sim, você pode, pelos tempos, comparar com os tempos mundiais. E isso é importante para nós.

L!Net: Dependendo do que acontecer no Pan, o COB poderá fazer alguma revisão no Plano Estratégico criado para os Jogos de 2016?
Nós começamos a trabalhar o planejamento estratégico em 2009 e ele é um documento vivo. Não precisamos esperar o Pan para mexer em coisas que vão acontecer no nosso dia a dia. Toda segunda-feira temos uma reunião de alinhamento com os gerentes gerais. Nessa reunião, analisamos todos os resultados da semana anterior, no fim de semana, quem está machucado, quem não está machucado, quem parou de competir, quem são os adversários mais fortes, como é que foi o nosso time, como é que foram os outros times. Isso tudo é levado em conta. Então, com o Pan-americano é ainda mais fácil. Temos concentrados ali 500/600 atletas brasileiros pra analisar em 15 dias.

L!Net: Por falar no Plano Estratégico, ele servirá de base para o planejamento do Pan-Americano?
O foco do plano estratégico é o resultado do Brasil em 2016 nos Jogos Olímpicos dentro de casa. O Pan faz parte desse caminho, mas o foco principal é 2016. É importante lembrar também que o nosso plano estratégico, na sua meta principal, tem dois objetivos: primeiro, tornar o Brasil uma potência, em 2016; o segundo é manter. Então, podemos até aqui dar como um adendo, que além do plano de 2016, que tem uma etapa em 2015, em Toronto, nós temos, em paralelo, em uma velocidade diferente, os planos Tóquio-2020, Jogos de 2024. É assim que se prepara o esporte de longo prazo num país.

L!Net: Qual a meta de medalhas do COB no Pan-Americano?
O COB tem meta de posição pelo total de medalhas, que é se manter no top 3. Uma briga que aconteceu em Guadalajara, com Brasil, Estados Unidos, Canadá, Cuba, México, nessa ordem. Eu acho que o Canadá vem muito forte por jogar em casa. Com certeza virá com o time principal. Então, eu direi que vai ser quase que uma briga direta entre Brasil e Canadá. Estados Unidos na frente, pelo histórico.

L!Net: Como será a estratégia com os esportes coletivos? Em Guadalajara, o Brasil não foi com as equipes principais em algumas modalidades. Isso vai se repetir em Toronto ou o COB pretende levar as principais equipes até por conta dos Jogos de 2016?
Depende de cada modalidade, depende de cada treinador. A Adriana Behar (gerente de Planejamento Esportivo do COB) já vem fazendo reuniões com os diretores técnicos de cada uma dessas Seleções Brasileiras. Possivelmente, algumas vão com força máxima, outras vão com um time misto e outras com um time B. Mais próximo dos Jogos nós vamos saber exatamente quem vai com cada time. É importante também lembrar que o Pan faz parte do calendário mundial, em que as Federações Internacionais muitas vezes têm campeonatos junto com o Pan, antes do Pan, depois do Pan. Então, o planejamento do ano depende também do calendário internacional.

L!Net: Em Toronto, o COB terá um centro de treinamento exclusivo como foi feito em Londres-2012 em Crystal Palace? Se sim, já está definido qual será e como funcionará?
Sim, já identificamos um local que atende parte das necessidades do Time Brasil. Vamos divulgar mais à frente onde vai ser essa base.

L!Net: A Organização Desportiva Pan-Americana (Odepa) criou um evento chamado Festival Pan-Americano que deve reunir diversas modalidades ao mesmo tempo e classificar os atletas para o Pan-Americano. Como isso vai funcionar e quando será?
Já começou, no México. Desde julho, e também em agosto e setembro, algumas dessas competições são classificatórias para os Jogos Pan-americanos. Ao todo, o Brasil está mandando mais de 200 atletas para a maioria das modalidades. Os principais atletas só estão participando quando a competição vale classificação pra Toronto.

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