Entrevista: “Pequenos negócios faturaram R$ 500 milhões na Copa”, diz presidente do Sebrae

Luis Suárez, Uruguai (Foto: Daniel Garcia/AFP)
Luis Suárez, Uruguai (Foto: Daniel Garcia/AFP)

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Entidade privada sem fins lucrativos que atua no auxilio ao desenvolvimento de pequenas e micro empresas, o Sebrae lançou em 2012 um programa para o mercado aproveitar as oportunidades geradas pela realização da Copa do Mundo no Brasil. Denominado ‘Programa Sebrae 2014’, a iniciativa atendeu cerca de 45 mil empresas através de treinamentos, consultorias, cursos e rodadas de negócios. O resultado? Um faturamento de R$ 500 milhões pelo segmento.

Nessa entrevista ao Lance!, o presidente do Sebrae, Luiz Barretto, comenta os destaques do programa realizado pela entidade e também como o Mundial de futebol serviu como exemplo para o projeto que já está sendo montado para os Jogos Olímpícos do Rio de Janeiro, em 2016.

Que ações foram realizadas pelo Sebrae junto às pequenas e microempresas para aproveitarem o período de Copa no Brasil?
Nós apoiamos, por meio do Programa Sebrae 2014, as micro e pequenas empresas e os microempreendedores individuais para que eles se tornassem mais competitivos no contexto das oportunidades oferecidas pela Copa. Trabalhamos junto com os empresários para que eles não apenas aproveitassem as oportunidades do Mundial, mas principalmente para que suas empresas capacitassem para disputar o mercado no futuro. Atendemos dentro desse Programa cerca de 45 mil empresas, que passaram por treinamentos, consultorias e rodadas de negócio, onde foi promovida a aproximação entre pequenos negócios e potenciais compradores. Também estamos realizando o diagnóstico de competitividade em 10 mil pequenos negócios para identificar os pontos fortes e fracos desses empreendimentos que passaram pelo Sebrae. Além disso, para apresentar produtos, acessórios e artigos com a “cara do Brasil” aos turistas que estiveram no país por ocasião da Copa, o Sebrae montou nove lojas do Programa Mosaico Brasil – com produtos e artigos em geral – e 10 do Programa Brasil Original –dedicada exclusivamente ao artesanato. Nelas, pequenas empresas, apoiadas pelo Programa Sebrae 2014, disponibilizaram seus produtos para serem comercializados em importantes centros comerciais.

Quais os resultados obtidos com essas iniciativas?
Os pequenos negócios já faturaram aproximadamente meio bilhão de reais. Essa estimativa toma como base as rodadas de negociações e as iniciativas do Programa Comércio Brasil do Sebrae, realizadas nas sedes do Mundial. Esse programa é uma ferramenta que busca identificar novas oportunidades de mercado para micro e pequenas empresas de todo país. Mas, para nós, além do faturamento pontual, a Copa deixou aos pequenos negócios cinco grandes legados: melhoria na gestão; adesão à agenda da sustentabilidade; aperfeiçoamento dos canais de distribuição e de logística; conhecimento do seu cliente e a possibilidade de acessar novos mercados. Isso porque, além da geração de negócios e aumento nas vendas, eventos dessa natureza trazem um novo padrão de exigências e contribui para que as nossas empresas estejam mais preparadas para atender a um mercado cada vez mais exigente.

Que segmentos da economia tiveram destaque nesse período?
A economia, como um todo, beneficiou-se das oportunidades de negócios proporcionadas pelo Mundial. Mas os setores mais beneficiados foram: construção civil, comércio, turismo e gastronomia, cultura e entretenimento, artesanato e serviços.

Em relação às regiões/estados do país, quais se destacaram com a realização do Mundial no Brasil?
Todos os 12 estados que sediaram jogos da Copa do Mundo registraram bons resultados, tanto em termos de faturamento quanto de envolvimento dos pequenos negócios com as oportunidades geradas pelo torneio. Mas, para destacar alguns, eu citaria o desempenho do Distrito Federal, de São Paulo e de Pernambucano, que, além de serem as regiões em que houve o maior faturamento dos pequenos negócios durante o período da Copa, apresentaram inovação e diversas soluções nas áreas de artesanato, tecnologia da informação, serviços, varejo e turismo.

Podemos afirmar que a Copa gerou ganhos por todo o país de uma maneira geral ou esse aumento esteve concentrado em regiões/estados e cidades-sede?
De maneira geral, acreditamos que todo o país se beneficiou das oportunidades geradas pelo Mundial, especialmente as áreas de serviços e comércio varejista, com os produtos verde e amarelo. Contudo, o Programa Sebrae 2014 procurou atender, principalmente, as empresas das cidades-sede que receberiam jogos da Copa. Mas podemos afirmar que as regiões do entorno dessas cidades também se beneficiaram dos negócios proporcionados pelo evento, como foi caso dos estados nordestinos que não sediaram jogos – como Paraíba e Alagoas –, mas que aproveitaram o fluxo de turistas para oferecer serviços e roteiros alternativos.

Como a Copa do Mundo serviu de aprendizado para o Sebrae para as iniciativas voltadas para os Jogos Olímpicos no Rio, em 2016?
Grandes eventos esportivos, como foi o caso da Copa do Mundo, geram oportunidades para as empresas de pequeno porte já estabelecidas e abrem possibilidades para novos negócios. Assim como a Copa, as Olimpíadas vão trazer boas perspectivas para segmentos, como hotelaria, turismo, bares e restaurantes, treinamento, ensino de línguas e lazer. Nesse sentido, as empresas já existentes podem promover melhorias no atendimento e nos serviços, com a qualificação de empregados para atendimento em outros idiomas, desenvolvimento de produtos e serviços inovadores e ampliação de infraestrutura. Essa é uma grande oportunidade para os pequenos negócios. Além de aumentar as vendas, eles terão a chance de elevar seus padrões de produção e comercialização.

O Projeto Rio-2016 já está montado? Quando começa a ser praticado? Que ações serão realizadas nesses dois anos até as Olimpíadas no Rio?
O Sebrae e o Comitê Olímpico Rio 2016 já estão trabalhando em um programa que busca mobilizar e capacitar as micro e pequenas empresas para serem possíveis fornecedoras de produtos e serviços nos Jogos Olímpicos e Paraolímpicos Rio 2016. São mais de 40 setores envolvidos exclusivamente no processo de atendimento à demanda da organização dos Jogos Olímpicos e Paralímpicos, sem contar com os investimentos na construção civil, atendimento ao turista e outros. Para as pequenas empresas, ser selecionada como fornecedora da Rio 2016 significa uma importante conquista, principalmente pelas oportunidades que se abrem para o futuro. O nível de exigência do evento é bastante elevado. A empresa precisa estar preparada para entregar os produtos e serviços no prazo e com a qualidade contratada, além de obter todas as certificações necessárias. Com isso o empreendimento ganha experiência e competitividade e passa a integrar a cadeia produtiva de grandes empresas, sejam elas nacionais ou internacionais.

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