21bfbdb5-0a0f-44df-b58f-7fa73c17eff2_DOLZAN-5X7-baixa4-aspect-ratio-1024-1024
Marcio Dolzan
Rio de Janeiro (RJ)
b11e71d9-b9eb-4b30-94cf-390c11f78a40_IMG_6204-scaled-aspect-ratio-1024-1024
Guilherme Moreira
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 02/09/2025
06:01
Atualizado há 18 minutos
Compartilhar

De um lado, nomes como Carlos Alberto Torres, Dirceu Lopes, Rivellino, Jairzinho e Pelé. Do outro, Cabrita, Didinho, Mário Tilico… Todos esperavam que a Seleção Brasileira venceria o Bangu pelo placar que quisesse. Mas desde sempre futebol é decidido dentro das quatro linhas do campo, não no papel.

Fato é que o Bangu, que fora mero coadjuvante no Campeonato Carioca, abriu o marcador ainda no primeiro tempo. A dinâmica exata do gol é controversa, mas há consenso que teve participação de Aladim, bola na trave e finalização de Paulo Mata.

— O Bangu faz 1x0 com 25 minutos do primeiro tempo. O Aladim bate uma falta, a bola bate na trave e o Paulo Mata, que era um jogador que veio do Bonsucesso, pega o rebote e faz 1x0 no goleiro Ado — conta o jornalista e historiador do Bangu Carlos Molinari.

Aladim Luciano tem lembrança um pouco diferente daquele gol. O ponta-esquerda estava em sua oitava e última temporada no Bangu. Depois, jogaria pelo Corinthians e encerraria a carreira por clubes do Paraná.

— Tive a felicidade de chutar uma bola lá, muito bem colocada. A bola bateu na trave e o Paulo Mata fez o gol de empate — comenta o ex-jogador, que atualmente vive em Curitiba. 

(Foi um chute) de fora da área, após uma bola esticada. Eu, de fora da área, consegui encontrar a trave. Gostaria que a bola tivesse entrado direto… — lamenta Aladim, ao Lance!.

De falta ou de esticada, fato é que a bola terminaria no fundo da rede para incredulidade de todos que estavam em Moça Bonita. A torcida perde a paciência com Saldanha, e o próprio técnico do Bangu acaba intervindo para que a chuva que caía naquela tarde não se transforme em um temporal devastador para a Seleção Brasileira.

— É um jogo-treino, um jogo festivo, e a torcida fica meio que revoltada. O Brasil está perdendo e tem o corinho "Eu grito, eu falo, o Saldanha tem cara de cavalo". A galera gritando, enchendo o saco do Saldanha, pegando no pé dele. E os caras, com o Pelé e tudo, não conseguem fazer um gol no Bangu — conta Molinari.

É aí que Flávio Costa intervém contra o próprio time:

— O técnico do Bangu era o Flávio Costa, que foi o técnico que perdeu a Copa de 1950 com a Seleção Brasileira. Ele percebe uma coisa muito séria: se a Seleção perde para o Bangu, a situação do João Saldanha, que já era meio problemática, polêmica, ia ficar mais problemática, mais insustentável ainda. E o que o Flávio Costa faz no intervalo? Ele tira nove jogadores e coloca nove reservas para enfraquecer ainda mais o Bangu.

Aladim Luciano dá uma ideia ainda mais clara de quem eram os nove reservas escolhidos pelo técnico do Bangu para encarar a poderosa Seleção Brasileira.

— Nós saímos e entrou o juvenil, juntamente com os aspirantes daquela época, para jogar o restante do segundo tempo.

Armando Marques e João Saldanha (Reprodução/Acervo Carlos Molinari)

Com reservas, Bangu faz gol contra, mas segura empate com a Seleção Brasileira

Nem as mudanças, porém, ajudaram muito os comandados de João Saldanha. A Seleção seguiu penando, e só conseguiu o empate graças a um gol contra.

— O Brasil só vai empatar aos 25 do segundo tempo. Um cruzamento e o Morais, que é o cara que estava estreando naquele dia, faz gol contra. Ele se antecipa e faz um gol contra. O Jairzinho faz um gol ainda, mas é anulado. A arbitragem é do Armando Marques, que é o melhor árbitro do Brasil na época, então não deixa muita dúvida — destaca Carlos Molinari.

Mas mesmo o gol de empate, contra, é controverso. No dia seguinte, o jornal "O Estado de S.Paulo" publica reportagem sobre o jogo e diz que aquele gol deveria ter sido anulado. "Nada mudou no segundo tempo, apesar do gol de empate marcado por Morais, contra o seu próprio gol, sem que Armando Marques tivesse marcado impedimento de Paulo César ao receber a bola, antes do cruzamento para a área", relata a publicação.

O empate ao final do confronto deixa quase todo mundo frustrado. Só quem parece satisfeito é João Saldanha.

— O objetivo do jogo-treino foi alcançado plenamente. Nós queríamos que os rapazes se movimentassem e isso serviu. Fiz várias substituições justamente para isso — declarou Saldanha, ainda segundo a reportagem do Estadão.

Mas os dias que se seguiram seriam turbulentos.

➡️O dia em que a Seleção de 1970 empatou com o Bangu em Moça Bonita

➡️'Não sou sorvete para ser dissolvido'; Zagallo assume a Seleção

Siga o Lance! no Google News