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Grande Premio
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 27/10/2024
14:57
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O sábado (26) da Fórmula 1 na Cidade do México revelou um cenário dos mais intrigantes para a 20ª etapa da temporada 2024. Em um pista manhosa, de baixa aderência e em alta altitude, o dia também foi marcado por acidentes, escapadas grandes e pequenas, decepção e uma boa dose de drama. Mas foi Carlos Sainz quem melhor driblou as armadilhas do Hermanos Rodríguez. O espanhol cravou a pole em uma volta precisa e sem erros — na verdade, os dois giros do ferrarista no Q3 foram perfeitos. Sainz foi o único a virar abaixo de 1min16s, o que lhe rendeu a primeira posição de honra do grid no ano. Mais do que isso, já o coloca agora perto de um desejo que vira mexe comenta: vencer uma vez mais com o carro vermelho. E sim, a Ferrari é favorita ao triunfo, mas o caminho até lá passa por desafiar um estranho momento vivido pelos rivais e uma longa reta de quase 1km.

Isso porque Max Verstappen conquistou uma importante segunda colocação — inesperada até, por conta dos problemas não só de motor, mas também de equilíbrio do RB20. Depois de sofrer na sexta-feira e ter a unidade de potência trocada, o neerlandês precisou trabalhar duro até encontrar uma configuração mais próxima daquilo que é necessário no circuito do México. Afinal, o ar rarefeito provoca mudanças no acerto aerodinâmico e no comportamento dos pneus. Mas o tricampeão soube neutralizar as falhas e entrou seriamente na briga pela pole. Teve a primeira volta deletada e só na segunda tentativa foi capaz de se colocar na primeira fila, à frente de Lando Norris.

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— Não achei que fosse possível [a pole]. O TL3 já não foi tão bom, portanto já estava sob muita pressão para fazer uma boa classificação. Aí meu tempo de volta foi deletado. Isso aumentou ainda mais a pressão, mas estou feliz por estar na primeira fila — disse o número 1 da Red Bull.

Agora, a chance de vencer ganha contornos reais, porque a largada será um ponto fundamental. O espaço de 830 m até a primeira freada é mais do suficiente para buscar a liderança. Porém, será necessário não só partir bem, como anular o pole e, principalmente, quem atrás, tentando aproveitar o vácuo — historicamente, a primeira fila é mais um fardo do que propriamente uma vantagem na pista mexicana.

Só há uma ressalva: o ritmo de corrida. Por conta dos contratempos enfrentados nos treinos livres, o desempenho dos taurinos em condição de prova ainda é incerto. Mas se levar em consideração a performance da semana passada, há briga e, uma vez na ponta, o piloto #1 pode se tornar difícil de caçar.

— Carlos é um piloto de qualidade. Ele se mostrou bem em todo fim de semana, e o ritmo de corrida está muito forte. É uma longa jornada até a curva 1, então, é preciso uma boa largada — adiantou o chefe da Red Bull, Christian Horner.

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E esse precisa também ser o pensamento dos ferraristas. Em Austin, Charles Leclerc assumiu o primeiro posto logo na primeira curva, depois de um embate mais feroz entre os ponteiros. Desta vez, a equipe italiana é que tem de se defender. A seu favor está o momento. A escuderia de Maranello vive uma fase altamente competitiva em que já ameaça seriamente McLaren e Red Bull pelo Mundial de Construtores. Novamente, a qualidade da SF-24 revisada fez a diferença, e o ritmo de corrida é consistente o bastante para encarar os rivais, como aconteceu sete dias atrás. Um detalhe picante: Sainz corre totalmente por fora, já que está longe da ponta da tabela, e isso pode ser um trunfo dos mais valiosos.

Carlos Sainz em ação na classificação para o GP do México (Foto: Alfredo ESTRELLA / AFP)

— Muitas vezes, ficamos com a sensação de que não é possível encaixar uma boa volta completa aqui no México, pois é difícil lidar com os carros escorregando. Mas, honestamente, minhas duas voltas no Q3 foram praticamente idênticas, quase perfeitas. Acabei de fazer duas voltas realmente sólidas no Q3, o suficiente para a pole, e estou muito feliz porque normalmente não é o que acontece aqui no México. É uma pista muito complicada — comemorou Sainz.

— Desde Austin, pelo menos do meu lado, conseguimos dar um passo à frente. Também na classificação, tentando encontrar algo a mais na volta de preparação e cuidando bem dos pneus, e parece que estamos indo na direção certa. Obviamente, temos de terminar o trabalho amanhã, mas pelo menos a pole de hoje mostra o progresso que fizemos. Estou ansioso para manter a primeira posição na curva 1 e, a partir daí, espero que nosso ritmo de corrida seja bom o suficiente para vencer — completou o madrilenho.

Há ainda outro elemento que a Ferrari não pode descartar. Norris é o terceiro no grid e também tem nas mãos um carro rápido o bastante para entrar na vitória. E o fato de estar na segunda fila não é de todo ruim. No entanto, será exigido uma boa dose de ousadia e senso de oportunidade. Porque a performance em corrida parece tão ou mais consistente que a dos rivais italianos. “É difícil dizer [se conseguiu o que precisava na classificação], mas estou feliz com o terceiro lugar, honestamente. Sinto que cheguei ao limite do carro muito rapidamente, o que fez parecer bom. Lutei para tirar muito mais proveito nas duas voltas finais”, disse Lando.

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— Não fizemos longos stints como serão os de amanhã, o que será um ponto de interrogação para todos nós. Ferrari tem sido muito boa em classificação e em ritmo de prova nas últimas etapas. Vai ser difícil, mas estamos em boa posição — acrescentou o inglês, que tenta ainda tirar pontos de Verstappen na briga pelo campeonato.

E se Norris parece uma ameaça, Leclerc também. Embora não tenha apresentado o mesmo desempenho do colega de Ferrari, o monegasco pode surpreender. A segunda fila ainda é interessante o suficiente para uma eventual disputa na curva 1. “A única coisa que me deixa otimista é que fui o mais rápido em ritmo de corrida”, cravou Charles.

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Portanto, o GP da Cidade do México se desenha como uma briga tripla das mais concretas, mas também será um jogo de paciência, de entender e tirar o melhor dos pneus — que, embora exibam baixa degradação, o Hermanos Rodríguez é uma pista traiçoeira. A largada também será crucial, mas os rumos da corrida, que vai depender menos da estratégia, uma vez que a parada única é a tática mais veloz, vão passar por um teste tenso e de zero erros.

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