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Pedro Werneck
Rio de Janeiro (RJ)
Dia 13/08/2025
11:30
Atualizado há 1 hora
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Há um ano, a dupla Duda Lisboa e Ana Patrícia conquistou um dos três ouros do Brasil nas Olimpíadas de Paris, em 2024. Um ano depois da conquista, Duda relembrou ao Lance! os momentos em Paris e o legado que a conquista deixou não só para ela, mas para todo o esporte brasileiro. Assista à entrevista na íntegra no vídeo abaixo.

A última segunda-feira, 11 de agosto, marcou exato um ano desde as últimas Olimpíadas. O Lance! aproveita a data, a cerca de três anos dos Jogos de Los Angeles, para debater o momento olímpico brasileiro com quem é protagonista, o atleta. Na segunda-feira, a sequência de entrevistas com medalhistas que brilharam em Paris começou com a ginasta Rebeca Andrade. Na terça-feira (13), foi a vez da judoca Bia Souza. Na quinta-feira (14), a convidada é Rayssa Leal.

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Duda Lisboa fez a sua primeira olimpíada em Tóquio, realizada em 2021 por conta da pandemia de Covid-19. Ágatha Rippel foi a parceira naquela edição. Três anos depois, em um ciclo olímpico mais curto, ela passou a disputar ao lado de Ana Patrícia e alcançou o tão sonhado ouro olímpico em 9 de agosto de 2024.

O Legado de Paris para Duda Lisboa

Além do impacto na própria carreira, Duda enxerga o impacto que Paris deixou em muitas pessoas que buscam conquistas no esporte. Ela cita como exemplo a escola de vôlei da mãe, que ajuda a revelar diversos atletas na cidade de São Cristóvão, na região metropolitana de Aracaju, em Sergipe:

— Acho que o legado é não desistir. Eu sou do interior de São Cristóvão (SE), eu poderia viver outra vida estudando ou fazendo outra coisa, mas fui para o lado do esporte, saí de uma cidade super pequena, com todas as adversidades que tínhamos. Eu consegui correr atrás, vivenciar esse sonho que eu sempre almejei — afirma Duda, que completa:

— Quando volto para a minha cidade vejo no CT da minha mãe, o Cida Vôlei, que foi de onde eu saí. Vejo outras pessoas também querendo o mesmo que conquistei, ou correndo atrás dos seus sonhos. Acho que meus olhos já começam a brilhar. Acho que fiz uma coisa tão valiosa que outras pessoas sentem que elas possam também fazer algo parecido, ou conquistar uma medalha.

Ana Patrícia e Duda Lisboa conquistam o ouro no vôlei de praia em Paris 2021 (Foto: Divulgação / COB)

Sendo inspirada no passado por atletas como Alison Mamute e Emanuel Rego, hoje Duda Lisboa se vê como uma inspiração, principalmente em sua cidade natal. O CT Cida Vôlei, por exemplo, precisou investir em uma turma extra após a conquista em Paris:

— Lembro lá em Saquarema, quando eu treinava, eu estava vendo o Alisson e o Emanuel indo para a Olimpíada, eu falava: "Nossa, será que um dia vou estar jogando Olimpíada?". E eu consegui, sabe? Eu lembro que quando eu fui para a escolinha da minha mãe, ela teve que abrir duas turmas porque esgotaram. Então, para a gente é muito divertido esse reconhecimento e muito especial.

Um ano já foi tempo suficiente para Duda ter noção da sua conquista. Recentemente, ela fez uma viagem a Paris e pôde recapitular alguns momentos dessa história. Duda descreve que soube o que é ganhar uma medalha olímpica.

— Agora a gente entende o que é ganhar uma Olimpíada. O tanto que você trabalhou, o tanto que você se dedicou para conseguir almejar algo tão grandioso. Olhei para a Torre Eiffel, subi de novo nela e olhei para onde a gente jogou. A gente sentiu tantas emoções, foi tão divertido viver a Olimpíada, óbvio que a gente sente muita pressão de estar ali dentro, a gente sabe o quanto a gente está comprometido naquele momento. E foi muito legal poder reviver e entender o que fizemos para o nosso esporte e para o nosso país — afirmou.

Hoje, o que mais orgulha Duda Lisboa é o reconhecimento do seu trabalho, objetivo de muitos atletas no cenário nacional. Para ela, servir de espelho para as crianças é o principal motivo de alegria:

— Quando você ganha uma medalha olímpica, as pessoas te olham diferente, as criancinhas te olham de uma forma tão legal, porque eu já estive nesse lugar, sabe? Então, para mim, ter essa valorização, as pessoas admirarem o seu trabalho, você acaba entendendo a dimensão do que é ganhar uma Olimpíada.

Em Paris, mulheres espalharam o legado

A edição em que Duda Lisboa e Ana Patrícia conquistaram o ouro olímpico foi histórica para as mulheres. Além de ser a olimpíada mais próxima de uma igualdade de gênero, na delegação brasileira, as mulheres foram maioria. Essa evidência feminina se destacou nas conquistas: os únicos ouros conquistados pelo Brasil foram de mulheres.

— É muito legal e muito bonito o legado que as mulheres estão deixando. E eu fiquei muito feliz porque foram quatro mulheres guerreiras, mulheres que correm atrás dos seus objetivos — disse.

Além disso, Duda acredita que esse legado se estende para as mulheres que competiram e saíram sem medalhas:

— E eu acho que, não só ganhar, mas tem pessoas que estão ali tentando fazer o seu melhor, lutando. Tem tantas adversidades na vida dessas mulheres que estão jogando Olimpíada, independente da medalha.

A volta de Duda Lisboa ao esporte depois do ouro

No pós-olímpico, Duda e Ana Patrícia resolveram dar uma pausa no vôlei de praia. O principal motivo foi uma hérnia de disco da Patrícia. Entretanto, Duda também afirma que a dupla está passando pela "ressaca Olímpica".

— É muito difícil você ter o mesmo foco quando você ganha uma Olimpíada, você meio que fica perdido em relação ao que fazer depois. Ganhamos tudo, graças a Deus, com muito trabalho, e você fala: "o que vou fazer depois? Quais são as nossas metas? Quais são as nossas motivações?", eu acho que eu e a Pati, estamos passando por esse processo — conta Duda.]

Ana Patrícia e Duda Lisboa durante a disputa do vôlei de praia em Paris 2024 (Foto: Divulgação / COB)

Visando manter os pontos no ranking da modalidade, a dupla irá focar na Copa do Mundo de Vôlei de Praia, marcada para novembro deste ano. A disputa é uma das principais do vôlei de praia mundial. Sabendo que não está em seu melhor estado, a dupla ainda sente dificuldade na "volta aos trilhos":

— Está sendo um processo muito de resiliência, sabe? A gente sabe que não estamos no nosso melhor fisicamente e mentalmente falando. Então, a gente tem que ter muita paciência e tentar aproveitar a oportunidade que é o pós-olímpico. O nosso foco vai ser a Copa do Mundo na Austrália, em novembro, a gente precisa jogar quatro mundiais para a gente se classificar.

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