Dia 04/06/2025
04:15
Atualizado em 04/06/2025
19:50
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Ao contrário de algumas tendências do setor financeiro no futebol brasileiro, os valores que envolvem os direitos de transmissão sofreram uma queda em 2024, se comparados aos números dos três anos anteriores. A temporada passada teve, somando as receitas de imagem de todas as competições de todos os clubes que disputaram o Brasileirão, R$ 3,34 bilhões gerados, contra R$ 3,28 de 2023. Uma pesquisa elaborada pela Galapagos Capital aponta os números e quais são os clubes que mais faturam com as transmissões.

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Segundo o documento, que foi assinado pelo economista Cesar Grafietti, especializado em gestão e finanças no esporte, a temporada passada contou com algumas questões específicas que impactaram negativamente no alcance dos valores de direitos de transmissão e fez com que o número caísse.

Um desses pontos foi a ausência do Santos da Série A do Brasileirão. O Peixe é um clube de alcance nacional e que disputou a segunda divisão em 2024. A pesquisa da Galapagos ainda afirma que o Botafogo não disponibilizou dados que pudessem ser contabilizados de forma exata, o que pode alterar parcialmente a percepção de alguns números para o documento.

Esses direitos incluem todas as competições nacionais e internacionais, considerando os valores fixos pagos aos times e as variáveis relacionadas à classificação em cada competição, também chamado de performance. O aumento ou diminuição de cada time passa, também, pelo desempenho que a equipe teve em campo em uma temporada comparada com a outra.

Receitas de direito de transmissão dos últimos cinco anos

Por conta da queda de arrecadação geral, os clubes da Série A registraram uma diminuição nos direitos de transmissão individuais. Dos 20 times que disputaram a primeira divisão no ano passado, nove faturaram menos com as transmissões. O caso que chama mais atenção é o Fluminense, que em 2023 atingiu R$ 291 milhões, em uma temporada que terminou com o título da Libertadores daquele ano. Em 2024, um ano ruim e de briga contra o rebaixamento no Brasileirão, o tricolor carioca finalizou em R$ 167 milhões, uma queda de R$ 124 milhões.

O Botafogo viveu um cenário oposto. Em 2023, chegou a brigar pelo título do Brasileirão, mas terminou fora do G4, e não jogou a Libertadores naquele ano. Entretanto, em 2024, o alvinegro viveu uma temporada histórica com o título do nacional e da copa continental. A variação positiva do valor faturado de um ano para o outro foi dos mesmos R$ 124 milhões que o rival Fluminense deixou de ganhar.

Rodrigo Garro, Fabrizio Angileri e Memphis em duelo do Corinthians e do Santos pelo Campeonato Paulista, na Neo Química Arena. (Foto:Marcello Zambrana/AGIF)

Qual time brasileiro mais fatura com direitos de transmissão?

O líder do ranking em 2024, segundo o relatório da Galapagos, é o Flamengo. O rubro-negro carioca teve um crescimento de R$ 11 milhões em suas receitas de imagem e atingiu o total de R$ 454 milhões faturados. O time carioca é seguido pelo Corinthians, que apesar de uma diminuição nessa receita, ainda alcançou R$ 295 milhões. Segundo a pesquisa, os clubes tiveram o último ano o de receitas mínimas no pay-per-view.

Isso porque em 2022 os times fecharam um acordo de imagem com valores mínimos garantidos nos repasses de pay-per-view entre 2019 e 2024. O contrato é diferente de outros clubes, que dependem do volume arrecadado com vendas a cada ano para garantir sua participação nos direitos de transmissão. Ou seja, esse mecanismo traz mais estabilidade para as duas equipes em comparação aos rivais.

Num movimento de crescimento, a dupla Ba-Vi também registrou números positivos na pesquisa de direitos de transmissão. O Vitória foi campeão da Série B eme 2023 e voltou a jogar a primeira divisão no ano passado, enquanto o Bahia, com a gestão do Grupo City, se estruturou e terminal como 8º colocado da tabela, com uma das cinco melhores médias de público nos estádios do Brasil. O Leão saiu aumentou em R$ 70 milhões essa receita, enquanto o Esquadrão teve um crescimento de 33%.

*valores em milhões de reais e retirados do Relatório Convocados 2025, da Galapagos Capital

20232024Variação

Flamengo

443 mi

454 mi

11 mi

Corinthians

334 mi

295 mi

-39 mi

Botafogo

161 mi

285 mi

124 mi

Atlético-MG

170 mi

248 mi

78 mi

Palmeiras

275 mi

244 mi

-32 mi

São Paulo

272 mi

239 mi

-33 mi

Grêmio

202 mi

179 mi

-24 mi

Fluminense

291 mi

167 mi

-124 mi

Vasco

124 mi

146

22

Internacional

177 mi

142 mi

-35 mi

Cruzeiro

107 mi

138 mi

31 mi

Fortaleza

117 mi

118 mi

1 mi

Bahia

80 mi

113 mi

33 mi

Juventude

34 mi

94 mi

60 mi

Vitória

21 mi

91 mi

70 mi

RB Bragantino

90 mi

81 mi

-9 mi

Criciúma

15 mi

60 mi

46 mi

Atlético-GO

11 mi

58 mi

47 mi

Athletico-PR

84 mi

58 mi

-26 mi

Cuiabá

78 mi

56 mi

-22 mi

Juventude e Fluminense vivem realidades distintas quanto ao impacto dos direitos de TV no Brasil. (Foto: Luiz Erbes/AGIF)

Impacto nas finanças dos clubes

A pesquisa ainda mostra quais sãos os times mais "dependentes" das receitas de direitos de transmissão. Ou seja, ao analisar individualmente os clubes alguns dos times da Série A têm uma participação do seu orçamento que vem dos acordos de imagem.

Em 2024, o Juventude aparece como o clube que tem mais participação do faturamento com transmissão em seus números anuais. O clube gaúcho ocupa 70% das receitas totais com as transmissões. O top cinco fica completo com Criciúma (60%), Atlético-GO (53%), Botafogo (51%) e Vitória (49%).

Entre os clubes que menos dependem de direitos de transmissão, estão o Athletico-PR (12%), RB Bragantino (16%), Palmeiras (22%), Fluminense (24%) e Cuiabá (25%). Essa pouca participação dos acordos com as TVs tem motivações diferentes a cada clube. Como foi citado, o Fluminense teve uma queda brusca de 2023 para 2024 e, por isso, passou a ter uma pouca participação em percentual diante de suas receitas gerais.

O Athletico-PR, por outro lado, é um clube que não fechou acordos com grandes grupos de TV e tinha seus jogos transmitidos, em sua maioria, em plataformas digitais, o que tornou o Furacão um time que teve pouca relevância nas cifras relacionadas aos direitos de transmissão em competições nacionais, restando apenas os acordos para competições continentais, como a Sul-Americana, disputada pelo time paranaense no ano passado.

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