O Prêmio Sou do Esporte destaca boas práticas de gestão no setor esportivo nacional e é o único no Brasil que reúne atletas, dirigentes, profissionais do setor, poder público, imprensa e representantes da indústria esportiva. A Federação Paulista de Futebol (FPF) está entre as maiores vencedoras da premiação, sendo exemplo em quesito governança estatutária, e ganha força com as recentes mudanças nas eleições da Confederação Brasileira de Futebol (CBF).
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Realizado desde 2015, a premiação abrange modalidades olímpicas, paraolímpicas e não olímpicas, com o objetivo de promover a cultura esportiva, incentivar a inclusão social e fortalecer o ecossistema do esporte por meio da valorização de iniciativas de gestão.
A FPF foi reconhecida em três edições do Prêmio Sou do Esporte, recebendo prêmios nas categorias Estatuto (7ª edição), Governança – Federações de Futebol (8ª edição) e Governança (9ª edição), consolidando-se como referência no cumprimento dos critérios de governança estatutária. Com a queda de Ednaldo Rodrigues na CBF e as transformações recentes na entidade, a federação se fortalece e pode se tornar um divisor de águas na escolha do novo presidente da confederação.
- Na verdade, não é uma escolha. Isso é fruto de um estudo que a gente faz do Estatuto de todas as federações de futebol. A gente tem dois prêmios. Um que é hoje no ambiente olímpico e de entidades esportivas exceto o futebol, que é o de Melhores Práticas, em que a entidade apresenta suas melhores práticas de gestão a partir de uma nota mínima de 5,5 do estatuto que é uma nota classificada de acordo com mais de 150 itens que trabalham integridade institucional, equidade, transparência, prestação de contas e modernização. Já as federações de futebol estão ainda na fase de análise estatutária, exclusivamente. Então, a gente baixa os estatutos de todas essas entidades e analisa cada um, querendo ou não, desde 2022- explicou Fabiana Bentes, fundadora e presidente do Instituto Sou do Esporte, em entrevista exclusiva ao Lance!.
- A governança é transparência. Ela é a balizadora da entidade e é a partir das práticas de governança que podemos trazer segurança de desenvolvimento em qualquer que seja o meio. E a federação paulista de futebol, na verdade, foi a vencedora em três anos consecutivos de análise, tendo federação que sequer estatuto publicado tem, o que seria o mínimo. Vale uma ressalva que a Mato-Grossense, ano passado, apresentou uma relativa mudança positiva, mas, ainda sim, não atingiu a pontuação mínima - completou.
Quais são as diferenças da Federação Paulista de Futebol?
Fabiana explica que, no caso do futebol, a federação que atualmente corrobora a possibilidade de vir a apresentar melhores práticas de gestão é a Federação Paulista de São Paulo (FFP). Segundo ela, isso se deve ao fato de a entidade já ter atingido, no mínimo, um nível de governança considerado aceitável, além de demonstrar real interesse em evoluir.
- Então, eu posso ter um estatuto lindo, mas posso não fazer nada do que estou dizendo. E quando você tem as melhores práticas, eu tenho um estatuto, digo que faço isso e provo para você dentro da minha gestão, com as minhas melhores práticas, e mostro isso. Isso é só para você entender o que significa essa análise.
A fundadora do Sou do Esporte destaca que a FPF já iniciou seu processo de modernização a partir da base: o estatuto. Para Fabiana, esse é o ponto de partida essencial para qualquer avanço em governança.
- A Federação Paulista já iniciou o processo de modernização na origem, que é o quê? O estatuto. Se eu não tenho minimamente esse estatuto avaliado, digamos, acima — já correspondendo — ele não precisa estar com nota 9 ou 10, mas já tem que estar acima da média. Isso quer dizer que eu já posso mostrar que tenho uma predisposição de fazer a coisa certa e, além disso, posso dizer que tenho algumas melhores práticas dentro do meu processo de gestão.
Governança: o que ela traz para a gestão do esporte?
O intuito da governança é adotar boas práticas que podem representar um divisor de águas na gestão esportiva, especialmente no futebol. A (FPF) Federação Paulista de Futebol é hoje uma das poucas entidades que podem afirmar com convicção que estão trilhando o caminho da melhoria institucional.
- E o que isso representa? Maior segurança jurídica para os patrocinadores, maior segurança jurídica para os contratos com os atletas, maior segurança em termos de contratos eventuais relacionados à manipulação de resultados, melhor ambiente de trabalho, menos conflito de interesse. Porque, na verdade, você está compartilhando o poder e vai ter que discutir conflito de interesse eventualmente, uma coisa ou outra. O conflito de interesse é natural, ele pode existir, mas ele tem que ser controlado. Isso precisa estar claro - aponta.
Segundo Fabiana, advogada especialista no tema, a aplicação de princípios de governança oferece maior segurança jurídica para patrocinadores, atletas e todos os envolvidos em contratos esportivos — inclusive em situações sensíveis como possíveis manipulações de resultados. Para ela, a transparência e o controle de conflitos de interesse são elementos essenciais para um ambiente profissional mais seguro e estável.
- Então, em relação à gestão da Federação Paulista, acho que hoje ela é a única que pode efetivamente dizer: "Olha, estou percorrendo o caminho de melhoria da minha entidade com convicção de que a governança é um princípio que vai beneficiar os clubes, os atletas, os patrocinadores." Acho que essa percepção de que a governança pode melhorar alguma coisa é o diferencial, porque muitos dirigentes falam: "Governança não serve para nada." Não, não é bem assim - explica.
- Eu tive até uma conversa com um cara do varejo que me falou: "O que me importa é vender chuteiras." Eu respondi: "Pois é, um clube endividado, sem gestão profissional, tem você como parceiro. Tudo bem, você pode colocar a sua chuteira no Messi, no Cristiano Ronaldo, ou pode colocar no Zequinha das Couves. A escolha é sua. Mas atletas de ponta também não querem estar em clubes onde a pauta é criminal. É a camisa deles, é o nome deles que está ali também - finaliza.
Eleições na CBF: como atinge?
O afastamento de Ednaldo Rodrigues da presidência da CBF por decisão judicial deu início a um novo processo eleitoral na entidade. Nesta sexta-feira (16), Fernando Sarney, nomeado interventor pelo Tribunal de Justiça do Rio (TJRJ), convocou a Assembleia Geral Eleitoral para eleger o novo presidente da confederação. A votação está marcada para 25 de maio, um dia antes da chegada do técnico Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira.
A decisão judicial que afastou Ednaldo Rodrigues abre espaço para novos nomes no comando da Confederação Brasileira de Futebol. Segundo Fabiana, as análises da Sou do Esporte devem ser consideradas tanto na escolha do novo presidente, quanto ao longo do período de transição da entidade.
- Ele pode e deve. Hoje, as confederações olímpicas que ganham o prêmio do esporte usam, inclusive em seus relatórios finais, e apresentam seus resultados junto aos seus patrocinadores. Então, as próprias Federações, como a Federação Paulista e a do Espírito Santo, quando receberam, publicaram isso. Isso é como um selo mínimo de qualidade na gestão do esporte brasileiro. É assim, cara: você está no caminho certo, continua. Eu não quero que você saia do 5 para o 10, mas que você saia do 5 para o 6. Se isso acontecer, o retorno é bom, o ambiente melhora, os negócios prosperam, os patrocinadores aparecem - explica Fabiana.
- Então, ele não pode, ele deve, porque é fruto de um estudo muito sério que a gente faz. Agora, com a UI, isso vai se tornar — não que antes não tivesse força — mas vai ter uma auditoria junto, o que vai trazer ainda mais peso. E esse é o caminho. A Federação Paulista, quando recebia a nota, perguntava: “O que eu preciso melhorar para o ano que vem?” É isso. O que pode melhorar no ano seguinte, dada a realidade e a complexidade do futebol, é isso aqui. No ano que vem, é isso e mais aquilo. No outro ano, é isso, mas quando você vê, tem uma entidade com nível de padrão internacional - finaliza.
Prêmio Sou do Esporte ganha apoio da EY (Ernst & Young),
A EY (Ernst & Young), uma das maiores empresas de auditoria e consultoria do mundo, renovou o patrocínio do Prêmio Sou do Esporte, que reconhece as melhores práticas de gestão no esporte brasileiro.
Nesta edição, a EY passará a atuar também na análise de governança das entidades esportivas inscritas, das comissões de atletas das confederações e dos estatutos das federações de futebol em todo o país, em parceria com a Sou do Esporte.
- Estamos construindo pontes entre a excelência técnica e o compromisso com um esporte mais justo e inclusivo. A parceria com a EY não apenas fortalece a credibilidade do prêmio, como também disponibiliza conhecimento e ferramentas capazes de transformar a realidade das entidades esportivas brasileiras - afirma Fabiana Bentes.