A organização que reúne equipes, atletas e representantes divulgou, nesta segunda-feira (1º), uma nota oficial de repúdio criticando o que considera disparidade de tratamento da categoria feminina em relação à masculina durante a Taça Cidade de São Paulo Feminina.
O documento acusa a gestão do torneio de negligência, falta de prioridade e desrespeito à formação das jogadoras. A nota relata que mais de oito equipes foram informadas da suspensão dos jogos somente na hora da partida, já nos campos, após deslocamento e planejamento completo das delegações. O motivo, afirma a organização, foi ainda mais alarmante: havia jogos masculinos de equipes locais marcados no mesmo horário, conflito que não havia sido identificado previamente.
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Outro ponto destacado é a escolha dos locais das finais. Enquanto todas as decisões do masculino foram agendadas para o Estádio do Pacaembu, palco histórico do futebol paulista, o feminino teve sua final marcada para o Ceret, espaço que recebe a disputa do terceiro lugar do masculino. Para as entidades, a decisão representa "um retrato claro da falta de equidade" entre as categorias.
A nota reforça que os episódios não são isolados e refletem "um padrão contínuo de desvalorização do futebol feminino". As organizações pedem que a Taça SP reveja protocolos, critérios e estruturas utilizadas no torneio, garantindo que as atletas recebam tratamento digno e equivalente ao da categoria masculina. A Taça da Cidade de São Paulo Feminina ainda não se pronunciou oficialmente sobre o tema.
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Confira nota na íntegra
Nós, equipes, atletas e organizações que atuam no fortalecimento do futebol feminino, manifestamos nosso repúdio diante da profunda desigualdade de tratamento entre o masculino e o feminino na Taça SP 2025. Os dados da própria competição revelam um padrão contínuo de negligência, falta de prioridade e desrespeito com a formação das meninas. Um retrato claro das desigualdades de gênero ainda presentes na modalidade.
Abaixo, apresentamos os principais pontos que evidenciam essa disparidade:
1. Cancelamento da Rodada do femininio dia 09/08
Mais de 8 equipes femininas foram informadas do cancelamento da rodada somente na hora, já no campo, após deslocamento, planejamento e gasto de tempo e recursos.
O motivo do cancelamento expôs algo ainda mais grave: havia rodada de jogos do masculinos de equipes locais marcado para o mesmo dia e horário, e a organização não identificou o conflito de datas.
Um erro de gestão que demonstra o descaso estrutural com a categoria feminina.
2. Local das Finais Pacaembu x Ceret
O masculino disputou todas as finais no Estádio do Pacaembu, palco histórico do futebol paulista, com toda a visibilidade e estrutura que esse espaço representa. A disputa de 3º lugar do masculino acontece no Ceret. Já o feminino teve sua final colocada justamente para o Ceret, espaço destinado apenas às decisões de menor visibilidade do masculino.
Embora relevante para o esporte, o Ceret não possui a magnitude histórica, simbólica ou estrutural do Pacaembu. A escolha reforça a mensagem: mesmo em momentos decisivos, o feminino não recebe o mesmo valor, respeito ou projeção.
3. Caravanas visibilidade concentrada no masculino
Foram 13 caravanas masculinas, todas com registro, divulgação e ativações completas (transmissões ao vivo, tenda gamer, futebol de botão, pipoca, algodão doce, cobertura fotográfica e equipe oficial de narração).
No feminino, houve apenas 2 caravanas, sem cobertura equivalente e sem nenhuma dessas ativações.
A caravana realizada no CT Santa Cruz, voltada às meninas, nem sequer foi registrada pela organização.
O feminino ficou 3 meses sem nenhuma caravana, contando apenas com 1 caravana mista em toda a competição.
Toda a estratégia de mídia, engajamento e promoção foi, portanto, dedicada majoritariamente ao masculino.
Por igualdade de gênero no esporte
Reivindicamos uma organização comprometida com a responsabilidade, a equidade de condições, o desenvolvimento da base feminina e o respeito às atletas.
A igualdade de gênero não é um pedido: é um direito.
E a Taça SP, como uma das maiores vitrines da formação esportiva, tem o dever de garantir que meninas e meninos recebam o mesmo tratamento, a mesma visibilidade e as mesmas oportunidades.
O futebol feminino merece e exige ser tratado com a mesma seriedade, dignidade e prioridade que o masculino.