Giselly Correa Barata
São Paulo (SP)
Dia 16/05/2025
17:18
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O árbitro Juliano José Alves Rodrigues foi acusado de machismo pela zagueira Stella Terra, do Bragantino, na vitória do São Paulo, pelo Paulistão Feminino, na noite desta quinta-feira (15).

— Ele virou para mim e disse ‘Na hora certa, vou te pegar’. Trouxe a Aline aqui porque elas viram e ouviram também. Todo mundo ouviu falas preconceituosas e machistas — disse a defensora, em entrevista pós jogo à "TNT".

A jogadora ainda afirmou ter feito o sinal de "cabeças cruzadas, acima da cabeça", conforme protocolo da Federação Paulista de Futebol, mas, segundo ela, nada aconteceu. O protocolo é utilizado em casos de discriminação e prevê a paralisação da partida.

A meio-campista Aline Milene, do São Paulo, confirmou a versão da colega de profissão.

— Isso não pode acontecer no futebol feminino. Quando os homens vêm apitar, acham que podem falar com a gente como bem entendem. Tem que ter respeito. Sofri a mesma coisa ali. Falou que iria dar falta quando quiser. Quando a Stella fez o gesto, falei para parar o jogo — disse.

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Árbitro nega machismo

Juliano José negou que tenha tido comportamento machista na condução da partida. Segundo ele, as faltas tiveram caráter disciplinar, disse, em entrevista ao "ge".

Quanto à não interrupção da partida, o árbitro disse não ter identificado, naquele momento, qualquer ato de discriminação em curso.

Red Bull Bragantino e São Paulo se manifestam

Após a partida, os clubes emitiram comunicado se solidarizando com as atletas e cobrando investigação sobre o episódio.

— O Red Bull Bragantino apoia e se solidariza com as denúncias feitas pela nossa atleta, Stella Terra, e pela jogadora do São Paulo Futebol Clube, Aline Milene, contra atos de machismo da arbitragem do jogo entre as equipes, pela Paulistão Feminino.

Nosso clube sempre prezou pelo respeito e dignidade para que as mulheres tenham o direito de exercer seu trabalho com profissionalismo, seja dentro ou fora de campo.

Repudiamos toda e qualquer atitude discriminatória e esperamos, com atenção, a apuração dos fatos pela Federação Paulista de Futebol. — comunicou o time de Bragança.

O Tricolor Paulista ratificou o pedido.

— O São Paulo Futebol Clube se solidariza e se une à equipe do Red Bull Bragantino em repúdio a atos machistas vindos da arbitragem, na partida de hoje (15), entre as equipes, pelo Campeonato Paulista Feminino.

É com a valentia e a força de mulheres que trabalham diariamente para ganhar espaço, que reforçamos que não aceitamos conviver com machismo e ofensas no futebol feminino. Regras são para serem cumpridas.

O São Paulo não tolera tais atitudes, e sempre apoiará o respeito, profissionalismo e direitos do Futebol Feminino. Ressaltamos que o Tricolor confia na apuração dos responsáveis, certo de que a justiça será feita. Às atletas, o nosso apoio. — declarou o clube.

O que disse a Federação

A Federação Paulista de Futebol divulgou nota sobre o ocorrido e disse não tolerar, sob nenhuma circunstância, atitudes preconceituosas, discriminatórias ou desrespeitosas dentro ou fora de campo.

A entidade também afirmou ter acolhido as manifestações e iniciado uma "apuração detalhada" dos fatos.

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