Em dia de jogo do Brasil na Rússia, há uma certeza: vai ter torcedor tupiniquim no estádio (pode até não ser em maior número, como ocorreu nesta segunda-feira na fornalha de Samara) e também nas outras cidades que são sedes de jogos do Mundial, que contam com as fan fests (onde os torcedores acompanham gratuitamente em telões , todos os jogos da Copa).
Em Nijny Novogorod, não foi diferente. A fan fest da cidade tem capacidade para 15 mil pessoas e, para o jogo do Brasil, recebeu cerca de 1500, um bom número, já que se tratava de um dia útil na Rússia. Como detalhe, pelo menos a metade foi chegando já com a bola rolando.
Os torcedores do México estavam em um número um pouco menor do que os brasileiros, mas o pessoal brazuca tinha um reforço-extra. A maioria esmagadora dos russos tem simpatia grande pelo Brasil e estava na torcida pelo time de Tite, como as quatro amigas, três Marias e uma Anne. Russas, não falavam nada de português nem de inglês, mas estavam de verde e amarelo e se comportavam como legítimas tupiniquins na animação.
A preferência local por Neymar & Cia era visível nos ataques mais perigosos de ambas as seleções - quando o Brasil atacava o uhhhhh era muito mais forte - nos muitos rostos que tinham uma bandeirinha ou um coraçãozinho pintado de verde e amarelo (muitas vezes com a bandeira da Rússia do lado) e no enorme número de pessoas que pediam para posar com qualquer um que tivesse uma bandeira do Brasil.
Este era o caso de Rodrigo e Erika. Paulistas da capital, eles estavam com camisas do Brasil e a bandeira. Pararam para centenas de fotos durante o intervalo do jogo, que estava 0 a 0.
- Chegamos há duas semanas, vimos o jogo do Brasil contra a Costa Rica e estamos com ingressos para as quartas em Kazan. Que o Brasil melhore no segundo tempo e não nos decepcione, como fez a Argentina. Tinha comprado ingresso para vê-la em Novgorod, para torcer contra, é claro, e ela terminou em segundo. Tive de me contentar com Croácia e Dinamarca. Foi legal, mas não foi a mesma coisa – disse Erika.
Felizmente para o casal, o Brasil logo fez 1 a 0 com Neymar e começou a encaminhar a classificação. Rodrigo e Erika trataram de festejar com um grupo de brasileiros, cerca de 15, que estavam perto da maior concentração mexicana, dez pessoas de verde, capitaneadas por Mirela, muito boa de grito. E como ela reclamava de Neymar.
- Ele não para de cair e chorar de dor. Se meu filho esbarrar nele o Neymar cairia. Simula demais - disse apontando para o pequeno Hernán, de uns dois anos.
Com o jogo correndo e o Brasil melhor em campo, os barulhentos torcedores mexicanos deram uma acalmada e a turma brasileira começou a cantar o “ai ai ai ai, tá chegando a hora”. Entre eles Marcos Felipe. Este carioca estava com a camisa do Brasil e vestia como capa uma surradíssima bandeira do Flamengo. Como quase todos os brasileiros que estavam na fan fest de Novgorod, ele não focou a sua ida para Rússia para ver os jogos do Brasil, mas para conhecer o país. E não apenas isso.
- Fiz um cronograma meio maluco. Fui conhecer a China, depois a Mongólia e entrei na Rússia por Ecaterimburgo. Vi vários jogos longe da capital, estou aqui para o França x Uruguai e já tenho ingresso para semifinal e final, que é quando espero ver jogos do Brasil. Em seguida, volto para o Rio, as férias acabam – disse Mário, que é bombeiro, curte carnaval e escolas de samba e é fanático pelo Império Serrano.
Aliás, tinha uma camisa rubro-negra na fan fest. Quem usava era Rodrigo. Ele não é brasileiro, mas peruano e estava ao lado de Arturo, ambos de Cuzco:
- Isso aqui é pelo Guerrero, claro - disse, vitando o goleador da sua seleção.
Mas os paulistas eram mesmo a maioria. Como o corintiano roxo Bruno Reginia, o mais assíduo nas fotos. Aparecia uma russa querendo selfie. lá estava ele. Um olho no jogo e outro na multidão. E foi Bruno, ao lado do amigo palmeirense Jorge. quem puxou a comemoração final, que iniciou com o gol de Firmino, fechando o placar.
- Agora é pegar o trem e ir para Kazan – disse, enquanto alguns corriam para fugir da chuva, que começou a cair de forma torrencial quando o jogo em Samara já estava nos acréscimos.
Que as quartas de final não demore. Eles querem é festa!
Dia 02/07/2018 16:01
Atualizado em 02/07/2018 17:11