Há exatamente um ano, Thiago Carpini entrava em campo pela primeira vez para comandar o Vitória em um jogo oficial. E o desafio foi logo uma decisão de Copa do Brasil contra o Botafogo. O Leão acabou eliminado naquele confronto, mas, de lá para cá, o treinador construiu uma trajetória sólida pelo time baiano, com bons resultados esportivos e também muita contestação. Ao mesmo tempo que o futuro pode ser promissor, uma linha tênue parece dividir o sucesso do fracasso.
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Thiago Carpini tem 68 jogos à frente do Vitória, com 29 resultados positivos, 18 empates e 21 derrotas. Depois de uma campanha de recuperação que levou o time à Sul-Americana na temporada passada, a diretoria renovou o contrato do treinador até dezembro de 2025, mas é difícil prever o que vai acontecer até lá, assim como foi no ano passado, quando o time saiu de quase rebaixado à competição continental.
Quinto técnico mais longevo da Série A, só atrás de Abel Ferreira, Vojvoda, Rogério Ceni e Zubeldía, Carpini admitiu, em entrevista ao canal oficial do clube, que não esperava ficar tanto tempo no Vitória, trabalho que já se tornou o mais longo da sua carreira à beira do campo.
Olha, não imaginava, pela longevidade que hoje é tão difícil no futebol, pelo histórico, até mesmo do próprio Vitória. Se eu não me engano, a cada dois ou três meses havia alguma mudança".
Thiago Carpini
Oscilação pelo Vitória
Thiago Carpini é o tipo de treinador que ainda não convenceu 100% dos torcedores do Vitória, mesmo após um ano de trabalho, e pode sair da aclamação às críticas em apenas um jogo. Para citar um exemplo mais recente, depois de vencer o Fortaleza no Barradão pela quarta rodada do Brasileirão e ser considerado herói do empate contra o Fluminense na partida seguinte, o treinador, dois jogos depois, já era perguntado em entrevista coletiva sobre possível demissão do cargo porque perdeu para o Cerro Largo e empatou com o Grêmio.
- Aqui a gente tem uma linha de muita convicção no trabalho que está sendo feito. A gente vê o dia a dia, a performance e a evolução coletiva. Então isso não me preocupa. Se eu entendesse que eu sou o problema desse início, que para alguns é ruim, mas para mim não, eu poderia já ter saído, pois tive oportunidades - respondeu em entrevista coletiva após empate com o Tricolor gaúcho.
Essa oscilação também é vista dentro de campo, com atuações que variam de péssimas a boas. O jogo contra o Bahia, no último domingo, foi um exemplo de um Vitória mal coletivamente e individualmente a ponto de ser dominado pelo adversário com um a mais em campo. Já contra o Vasco, na rodada anterior, o Rubro-Negro, com méritos de Carpini, se superou em campo e venceu de virada com um jogador a menos. Por isso a torcida sempre levanta a dúvida: manter ou trocar de treinador?
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Momentos marcantes no Leão
O principal argumento daqueles que defendem a manutenção de Carpini é sobre a capacidade dele de extrair o máximo dos atletas. E não faltam elementos para fortalecer essa tese. Mesmo diante de um elenco limitado, o Thiago Carpini conseguiu tirar o Vitória do fundo do poço na Série A e levar a uma inesperada Sul-Americana no Brasileirão do ano passado, com vaga garantida na competição continental antes mesmo da rodada final.
Depois da eliminação para o Botafogo citada acima, o primeiro choque à frente do Vitória, ele voltou as atenções para o Campeonato Brasileiro e aos poucos recuperou a confiança do time, que fez um segundo turno digno de G-8, com vitórias em confrontos diretos e marcas importantes alcançadas, como o primeiro resultado positivo contra o forte Palmeiras no Allianz Parque e a melhor posição da equipe na Série A depois de 2013 (11º).
- A minha chegada foi muito desafiadora. Conquistar a confiança do torcedor naquele momento, com algumas mudanças que eram necessárias; tentar ter o controle do vestiário, dos atletas, do ambiente, para a gente poder ter a confiança e criar os vínculos necessários, para termos o compromisso um com o outro, como nós tivemos - revelou o treinador.
No início deste ano Carpini manteve as boas marcas e chegou a 22 jogos de invencibilidade, a segunda maior sequência da história do clube. Mas com o início da Sul-Americana, Copa do Brasil e Brasileirão, o Vitória deixou essa marca para trás e apresentou algumas dificuldades. O primeiro choque de realidade foi na derrota por 2 a 0 para o Náutico, time da Terceira Divisão, no Barradão, pela segunda fase da Copa do Brasil.
Ainda assim, o Rubro-Negro tem a melhor campanha da fase de grupos da Copa do Nordeste até aqui - Bahia tem dois jogos a fazer e pode ultrapassar - está fora da zona de rebaixamento do Campeonato Brasileiro, com uma campanha melhor do que no ano passado, e depende só de si para passar de fase na Sul-Americana.
Como virou costume em 2025, as impressões sobre o trabalho de Carpini dependem muito do próximo jogo do Vitória, que neste domingo terá o Santos como adversário. A partida válida pela 10ª rodada do Brasileirão está marcada para as 18h30 (de Brasília), no Barradão.