Como de costume após os jogos, o LANCE! traz uma visão mais crítica e técnica sobre o que aconteceu dentro de campo na última partida. Mas desta vez será diferente. Isso porque, restando apenas cinco jogos para o fim do Brasileirão, já não faz mais sentido cobrar ou pontuar os erros e acertos táticos de um clube que está a apenas três pontos da zona de rebaixamento. A questão agora é muito mais psicológica, que envolve comprometimento e experiência. Você vai entender.
Desde que Alberto Valentim assumiu o Vasco, não foi definida uma formação ou um padrão de jogo ideal. O técnico, sem convicção alguma, testa algumas possibilidades e parece não ter problema em arriscar até funcionar. Está errado? Se fosse em um início de temporada com tempo de sobra para experiências, não. Mas correndo o risco de queda e com inúmeros problemas dentro e fora de campo, sim, me parece um equívoco. E, como disse Martin Silva após o frango que decretou a derrota, um erro pode custar muito caro.
A proximidade com a zona da degola na reta final do Brasileirão, pelo visto, não muda a postura do técnico e do elenco. Não é hora de pensar em evolução no desempenho coletivo. A essa altura, um gol de canela após 89 minutos sofrendo pressão vale muito, mas muito mais que um futebol bem jogado taticamente. E Valentim parece não perceber que, mesmo depois de atuações bem fracas de sua equipe, o necessário é fazer o básico, se segurar e não dar chance ao azar.
Contra o Grêmio, deve ter percebido isso logo no início de jogo. Sacou o lateral Fabrício do meio de campo depois de uma série de partidas ruins que irritaram a paciência da torcida e pôs Thiago Galhardo, que pode até destoar em alguns momentos, mas é de fato um meia e um dos mais lúcidos do elenco. E fez o simples que se pede na posição: puxou contra-ataque, explorou a qualidade e inteligência de Maxi López e tirou do goleiro abrindo o placar. Poderia ter feito isso em outros jogos que começou no banco? Bem, falar depois é fácil. Mas é certo que as probabilidades seriam muito maiores.
O problema é que não só a postura do Valentim preocupa em um momento delicado como esse. O elenco também parece não entender o que se passa e muitos saem da reta para não serem culpados. Falta alguém para dar a cara a bater e mostrar para torcida que permanecerão na primeira divisão. Confira:
- Acho que fui bem. Ainda sinto um pouco de falta de sequência, senti cãibras. Espero que meu entrosamento com o Maxi ajude o time. Temos uma boa amizade fora de campo. É um baque grande, mas acho que fizemos um bom jogo. O Grêmio, para mim, é o melhor time do Brasil hoje - diz Thiago Galhardo.
O meia realmente foi bem enquanto esteve em campo. E sua resposta foi pra uma pergunta sobre seu rendimento, nada mais justo. Porém, parece não haver um abatimento com a derrota no último lance após mais de 90 minutos garantindo pontos valiosos. ‘Esperar que o entrosamento ajude o time’ talvez seja uma frase clichê para imprensa, mas, a essa hora, o Vasco precisa de alguém não que espere ajudar, e sim assuma a responsabilidade de resolver os problemas.
Recentemente, o lateral Fabrício disse que muitos não sabem se ficarão na próxima temporada dependendo da colocação do Vasco no final do campeonato. Bom, é preciso dar a vida para salvar o clube antes de negociar permanência. A preocupação parece ser outra. Como na falha de Martin Silva, em que a maioria dos jogadores se solidarizou com o goleiro - normal e justo - porém prometeram dedicar uma possível vitória no próximo jogo ao uruguaio. O suor em campo não deveria ser apenas pelos companheiros de vestiário, mas pela instituição que está a beira de um colapso. O jogo contra o Atlético-PR é decisivo. E a torcida sabe disso, tanto que as filas de venda começaram ainda neste fim de semana.
TATICAMENTE FALANDO
Além dos discursos desconexos do elenco e técnico, o time parece não entender as estratégias traçadas antes do jogo. E Valentim tenta insistir com um modelo que, neste momento, não funcionará. A saída de bola da equipe trocando passes não funciona e arriscar a todo custo pode ser fatal. Repare como no primeiro tempo contra o Grêmio o time deu chance ao azar.
Faltam cinco jogos que podem mudar os rumos da história do Vasco, sem exageros. Tentar um bom futebol neste momento, que não foi alcançado em toda a temporada, será em vão. Fecha a casinha, joga com Maxi López, não inventa e deem a vida em campo. Quarta-feira é decisivo e o comprometimento com o clube é mais importante que quaisquer outras questões até dezembro.