Ser campeão como mandante não é novidade para o Santos. Só na última década (de 2001 a 2010) ganhou o Brasilierão de 2004, além dos paulistas de 2007 e 2010, todos longe da Vila. Levou o Paulistão de 2006 em casa, mas em edição do estadual por pontos corridos. Chegou a hora de vencer uma final de mata-mata no estádio, justamente contra um adversário que literamente faz a "casa cair".
Se pensar pela mesma década vitoriosa, a lembrança é pelo sentido figurado, mas por uma dolorosa derrota por 3 a 1 no Paulistão de 2009 com uma exibição de gala de Ronaldo. Na História, porém, remete a fatídica queda do alambrado da Vila Belmiro, em 1964, devido ao superlotamento do estádio.
– Estamos em casa, nossa torcida será muito maior que no Pacaembu. Esperamos que a torcida nos empurre, nos ajude. É o nosso campo e temos que fazer valer. Pode nos ajudar bastante – disse Muricy.
É a chance do Santos ganhar pela primeira vez em mata-mata em seu próprio estádio e refazer a imagem do tragédia. Na ocasião, 32.986 pagantes entraram na Vila (que hoje receberá cerca de 15.000) e parte da estrutura das arquibancadas cedeu. Cerca de 181 pessoas ficaram feridas e o jogo foi interrompido.
– Estava jogando, lembro bem. No dia seguinte vi uma foto minha com as mãos na cabeça demonstrando extrema preocupação. Na hora penseique estava caindo o estádio e não só o alambrado, tamanho o alvoroço. Feriu muita gente, inclusive amigos meus que caíram para dentro do campo. Foi uma tarde triste, para ser esquecida – lembrou o ex-ponta-esquerda Pepe, titular no jogo.
O jogo foi paralisado aos seis do primeiro tempo pelo então árbitro Armando Marques e, posteriormente, cancelado. O confronto foi remarcado para do dia 20 de setembro do mesmo ano, no Pacaembu, e terminou empatado por 1 a 1.
Muricy é o "rei dos pontos" corridos, mas já foi questionado quando encara competições de mata-mata. Foi exatamente assim que conquistou o Paulistão de 2004 com o São Caetano. Pelo Santos o técnico ainda perdeu, foram sete vitórias e três empates. Caso mantenha o retrospecto irá, no mínimo, para a decisão de pênaltis (em caso de novo empate).
Pepe diz que só assistirá pela televisão o Santos que pode coroar de vez o palco do Rei Pelé.
Bate-Bola: Pepe - Ex-ponta-esquerda do Santos
Tinham mais de 30 mil pessoas na Vila, hoje cabem pouco mais de 15 mil. O que ocorreu?
Foi irresponsabilidade, se cabem 10 mil, por exemplo, não pode haver 15 mil. Tinha uma fila que ficava na parte debaixo do alambrado superlotada, com pessoas fazendo força e que depois acabaram se ferindo.
E como reagiram, vocês ficaram por muito tempo ainda no gramado? Socorreram alguém?
Foi um susto geral. A minha expressão, a do Pelé, a do Lima e a de todos era de muita preocupação, principalmente pela possibilidade de ter amigos e familiares lá. Só ficamos tranquilos quando soubemos o que estava acontecendo. Faltou segurança e prudência.
Acha que essas finais contra o Corinthians, de hoje e 1964, são semelhantes pela relevância?
Naquela época o Corinthians era o nosso freguês de carteirinha. Normalmente conseguimos um bom resultado, ficamos mais de dez anos sem perder para ele. Hoje o Santos é melhor também, a torcida está cooperando e vindo ao estádio. A nossa torcida será maioria na Vila e espero muito dessa molecada que me fez comprar uma TV de 45 polegadas. Só que vou ver em casa com o meu filho (risos).