Dia 27/10/2015
22:13
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Formar grandes jogadores sempre fez parte dos conceitos do Barcelona (ESP). No entanto, desde que Guardiola voltou ao clube como técnico (primeiro do time B, depois do principal), a fábrica de craques catalã tem funcionado a todo vapor – resultado de uma revolução liderada pelo treinador.

Os números deixam claro o cenário atual barcelonista. Na goleada por 5 a 1 sobre o Shakhtar Donetsk (UCR), quarta-feira, Guardiola escalou seis jogadores formados no clube – Valdés, Piqué, Busquets, Xavi, Messi e Iniesta. Pedro e Puyol, também da casa, só não foram titulares por motivos físicos.


Há quatro anos, no entanto, não era possível imaginar tal cenário. Contratado em 2007 para treinar o Barça B, Guardiola encontrou uma base repleta de joias mal trabalhadas. Faltavam estrutura, condições de trabalho e uma metodologia que permitisse aos garotos chegar maduros o bastante ao time de cima.

Guardiola assumiu o papel de gestor da base e determinou que o clube acelerasse as obras de construção de seu CT. Até então, categorias inferiores e principal treinavam ao lado do Camp Nou – o time A sequer tinha um campo com medidas oficiais para trabalhar.

– Guardiola foi fundamental, insistiu muito para o CT ser concluído. A base trabalhava em condições muito ruins – explica Martí Perarnau, ex-atleta, jornalista e autor de livro sobre a base do Barça.

A partir daí, o treinador liderou uma série de mudanças que permitiu ao Barça, definitivamente, depender apenas de sua cantera, como se referem os catalães às categorias de base, para triunfar.

– O importante é a credibilidade que tem a direção do clube em relação a contar ou não com a base. De nada adianta ter uma estrutura enorme se os dirigentes não confiarem nos jovens – afirma ao LANCENET! o coordenador da base barcelonista, Albert Benaiges.


Estilos idênticos
A rápida adaptação dos jogadores da base do Barça ao time principal se explica pela padronização do estilo de jogo. Todas as equipes, independentemente de sua categoria, atuam da mesma forma: um futebol de toques rápidos e posse de bola.

O padrão foi consolidado por Cruyff a partir de 1988, quando se tornou técnico do time profissional.

– Antes, você via nos treinos um saco de bolas no meio do campo e todos correndo. No fim, tirava-se meia hora para jogar. Agora, não: dá a bola para o jogador, para que ele treine – explica Carles Rexach, ídolo do clube e auxiliar de Cruyff na época.


Com o passar dos anos, porém, a sistematização levou ao comodismo. Formavam-se jogadores muito técnicos, mas pouco brigadores. Guardiola, ao assumir o Barça B em 2008, mudou isso. Exigiu movimentação, velocidade e luta de todos na base.

– Aqui, todos correm! – dizia.

A mudança aumentou a competitividade das equipes – mas, ainda assim, leva alfinetadas. Ex-volante e pai do promissor meia Thiago Alcántara, Mazinho é a favor de um padrão não tão "radical".

– Tinha um treinador do Thiago que só dizia: "toca, toca, toca..." Daí eu ficava do outro lado do campo falando: "não toca, não toca, não toca! (risos)" Um garoto daquela idade tem de desenvolver potência, drible, sua forma de jogar – opina.

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