Pela primeira vez, o judô brasileiro chega a um Mundial com cinco líderes do ranking. Se o torcedor imagina que isso possa significar cinco pódios, a Confederação Brasileira de Judô (CBJ) pensa de outra forma. Embora a competição que começa nesta segunda-feira seja no Rio de Janeiro, a entidade reconhece que será preciso trabalhar duro para ganhar as medalhas.
– Na Olimpíada de Londres no ano passado, 60% dos atletas que eram líderes nem sequer subiram no pódio. Entre os líderes, somente dois foram ouro. Não estamos desestimulando nossos atletas. Mas não dá para sentar em cima da liderança e achar que vai ganhar medalha – afirmou o gestor de alto rendimento da CBJ, Ney Wilson.
No Mundial, o Brasil chega com Sarah Menezes na liderança do ligeiro (até 48kg), Mayra Aguiar no meio-pesado (até 78kg), Maria Suelen Altheman no pesado (acima de 78kg), Victor Penalber no meio-médio (até 81kg) e Rafael Silva, o Baby, no pesado (acima de 100kg).
Na atual temporada, Sarah soma 12 vitórias e três derrotas, Mayra tem oito triunfos e um revés, Maria Suelen obteve 14 vitórias e duas derrotas, Penalber conseguiu 13 triunfos e quatro revezes e Baby tem nove vitórias e cinco derrotas.
Ney Wilson reconhece o bom momento dos judocas brasileiros, mas ressalta que o início de um ciclo olímpico sempre provoca distorções no ranking mundial:
– Fizemos o melhor Pan-Americano, World Masters, Mundial Militar e Universíade. Ficamos em primeiro no quadro de medalhas do Grand Slam de Moscou. Trabalhamos para nossos atletas estarem no ápice no Mundial. Mas, em início de ciclo, diversos atletas competem pouco e o ranking acaba não retratando a realidade – explicou.
Como exemplo, Wilson citou o caso do francês Teddy Riner. Invicto desde 2010, o judoca disputou apenas duas competições na temporada (oito lutas). Com isso, acabou ultrapassado por Rafael Silva.
– O ranking é resultado das competições que fiz. Não fico pensando nisso. Claro que me favorecerá numa boa posição na chave, mas não encaro como pressão – disse Baby.
CBJ confia no primeiro ouro das mulheres
Embora tenha os pés no chão ao falar de resultado, o bom momento dos judocas brasileiros faz a CBJ pensar em feitos inéditos no Mundial. O principal deles é a conquista do primeiro ouro das mulheres.
– Temos a Sarah, a Mayra, a Maria Suelen, três atletas em excelente fase. Mas em um Mundial a chance de zebra é maior do que nos Jogos Olímpicos pela quantidade de judocas. Numa Olimpíada, tem chave com 36 atletas. Aqui, tem categoria com 68 – afirmou Ney Wilson.
Dona do primeiro ouro olímpico do judô feminino brasileiro, conquistado em Londres-2012, Sarah Menezes não foge da responsabilidade.
– Fico feliz com essa pressão. Prefiro lutar contra atletas fortes do que ir para uma competição sem ninguém top – disse a judoca, que tem como melhor resultado em Mundiais dois terceiros lugares na categoria ligeiro, em 2010 e 2011.
Até hoje, quem chegou mais perto do ouro foram Mayra Aguiar, em 2010, na categoria meio-pesado, e Rafaela Silva, em 2011, no peso leve. Ambas ficaram com a prata.
FRASES:
“Nunca imaginei que fosse chegar no meu primeiro Mundial como líder. E no Rio. Se existe pressão, é porque temos a capacidade de chegar. Gostamos de lutar em casa e provamos isso em 2007”, disse Victor Penalber.
“Não acho que sou favorita por ser a líder. Lutei para isso, lógico, mas procuro não pensar que sou a atleta a ser batida. No meu peso, vai ter campeã olímpica e campeã mundial”, afirmou Maria Suelen Altheman.