Surpresa na escalação de Luxemburgo na partida diante do Corinthians, o volante Willian encantou com o talento e a disposição mostrada na primeira oportunidade como titular no profissional do Flu. O desconhecido jogador da pequena Junqueirópolis (SP), conhecida como “Terra da Acerola”, precisou de apenas 45 minutos no treino para ganhar uma oportunidade com o treinador. E nos 90 minutos de jogo, mostrou que de promessa pode virar realidade.
E o grande incentivador do jovem de 20 anos é próprio pai, Osmar, comerciante na pequena cidade. O pai coruja quase não segurou a emoção ao saber da estreia do filho caçula pelo Fluminense.
– Quase infartei quando fiquei sabendo, rapaz! O que é isso! Vai jogar contra o Corinthians? No Maracanã? É muita emoção – contou Osmar Preto, como é conhecido em Junqueirópolis, às gargalhadas.
Curiosa, também foi a forma com o qual Willian avisou ao pai que seria titular do Fluminense. Por volta das 18h de quarta-feira, quando Osmar já fechava seu estabelecimento, chegou uma mensagem pelo celular:
– Willian mandou assim: ‘Pai, está em pé ou sentado?’ Na hora já liguei de volta e perguntei o que estava acontecendo. Aí ele me contou que seria titular – disse.
Apesar de morar no interior de São Paulo, Osmar e o filho sempre foram fãs do Fluminense. Tanto que o irmão mais velho se chama Paulo Victor, em homenagem ao goleiro tricolor na década de 1980.
Com apenas 20 anos, Willian pode ser visto como símbolo neste processo de renovação que a diretoria do Fluminense projeta para 2014. Ainda morador dos alojamentos de Xerém, o jovem do interior paulista já deu sinais que pode brilhar.
MARCAÇÃO FORTE NO FILHO
Mesmo estando há mais de 1.200 quilômetros do Rio de Janeiro, Osmar faz marcação cerrada em cima do filho Willian para não deixar o garoto cair nas tentações que a vida oferece a um jogador de futebol em uma cidade grande. Em uma das visitas ao Rio de Janeiro, Osmar deu muitos conselhos ao filho mais novo:
– Estive com ele na praia e tratei de conversar. Mostrei ao Willian as mulheres bonitas e as facilidades para se conseguir as coisas com dinheiro. Sempre fui assim. Não deixo meus filhos ficarem deslumbrados. Willian sempre foi um ótimo garoto. Cito como exemplo o Michael, que é um excelente rapaz, mas acabou sendo prejudicado pelas más companhias. Meu papel é aconselhar.
LIDERANÇA NA PERSONALIDADE
Uma das características mais marcantes do jovem Willian é o perfil para a liderança. Desde pequeno o volante mostrava personalidade para conduzir grupos.
– Willian sempre mostrou personalidade, tem um lado de liderança e passava isso para as outras crianças – contou Rafael Fernandes, técnico do jovem no Ginásio de Esportes Cícero Gomes, de Junqueirópolis (SP).
Isso também foi evidenciado em Xerém. Willian começou a Copa São Paulo de Futebol Júnior de 2012 como reserva, mas rapidamente virou titular e ainda no mesmo ano ganhou a braçadeira de capitão da equipe.
COBRANÇA PARA SER AMBIDESTRO
Um dos diferenciais de Willian é ser ambidestro, o que só foi desenvolvido após cobranças do pai, Osmar.
– Quando ele era criança, só treinava cobrança de falta com a perna esquerda. Falei que jogador não podia chutar com uma só, tinha de saber usar as duas. Passou a treinar e deu certo – disse.
A chegada de Willian ao profissional do Flu não foi por acaso. O volante se encaixa no perfil de atleta que a atual gestão quer revelar: volante que sabe marcar, mas é rápido e sai para o jogo.
BATE BOLA
Osmar
Pai de Willian, em entrevista, exclusiva ao LANCE!Net
1 - Como Willian deu os primeiros passos no futebol?
Quando criança, ia no meu embalo, já que eu sempre batia minha bolinha. Ele sempre quis ser jogador. Rodou bastante para chegar onde está. Sempre foi batalhador.
2 - Como faz para matar a saudade do Willian?
Quando dá, nas folgas, ele vem para Junqueirópolis e tento dar meus pulos no Rio de Janeiro. Queria muito estar no Maracanã na estreia, mas pretendo ir quando der.
3 - Como foi a conversa antes da estreia? Como o Willian estava?
Falei que tinha de deixar o medo longe e jogar o que sabia. Willian me contou que foi chamado por vários jogadores, Diego Cavalieri, Felipe, Edinho... Todos falaram que ele tinha de jogar tranquilo. Falei para ele que era a chance de impressionar ou jogar tudo fora. Ele foi bem demais.