Quem pensa que times africanos são sinônimo apenas de força e rapidez deve começar a rever os próprios conceitos. Os investimentos no futebol do continente e o profissionalismo exigido aos clubes tem sido crescente nos últimos anos.
Sabendo disso, o Internacional não deve desprezar o congolês Mazembe, seu primeiro adversário no Mundial de Clubes. A partida está marcada para esta terça-feira.
Quem aponta a recente impulsão no desenvolvimento do esporte na África é o técnico Márcio Máximo, que comandou por quatro anos a seleção da Tanzânia, período durante o qual foi convidado, inclusive, para comandar o próprio Mazembe.
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O treinador falou sobre o adversário do Inter na competição:
- O Mazembe é uma equipe de ponta na África já há alguns anos. Voltaram a vencer a Copa dos Campeões Africanos. Mantêm uma filosofia de trabalho, um centro de treinamento, têm qualidade.
A respeito da questão da preparação física, ele comentou o calendário africano:
- O calendário africano segue o modelo europeu, até por conta do número de jogadores negociados entre os dois continentes. É um ponto a favor do Mazembe.
Confira entrevista exclusiva concedida por Márcio Máximo ao LANCENET!:
LANCENET!: Você chegou a receber uma proposta da diretoria do Mazembe para comandar o time?
Márcio Máximo: Há dois anos, fui sondado para dirigir o Mazembe mas recusei por não poder largar a seleçao da Tanzânia naquele momento. No entanto, as condiçoes de trabalho oferecidas pelo clube do Congo eram boas e, financeiramente, a proposta agradou - afirmou Márcio.
LNET!: Recebeu alguma outra proposta de clubes africanos?
MM: Tive uma proposta de ir para o Sudão, mas rejeitei porque estou aguardando uma definiçao de um clube do Brasil, que, no entanto, não posso revelar (risos).
LNET!: Como é a estrutura do Mazembe?
MM: Na África, alguns clubes têm uma estrutura boa e muito antiga, mas isso está chegando ao sul do Saara. O Mazembe, apesar de não ter um CT de ponta, tem sua qualidade, é como se fosse da série B do Brasil. Além disso, tem pelo menos seis jogadores que atuaram na Europa e retornaram para o mazembe, logo retornam com experiencia a nível mundial.
LNET!: Como você avalia a situação atual do futebol africano?
MM: O futebol africano tem crescido muito, com um acompanhamento por parte da Fifa, que os tem obrigado a ter uma organizaçao como clube, em todos os aspectos, tecnico e administrativo. Os estádios em Angola, Gana, Moçambique são baseados em arenas de clubes europeus de médio a grande porteo. Antes, não havia exigência da Fifa de os estádios serem modernos. No entanto, de uns dez, cinco anos para cá, a entidade exige que se tenha competiçoes mais organizadas, mais profissionais. Os clubes africanos vendem um, dois jogadores por ano para a Europa e os recursos gerados pelas negociações são investidos na estrutura.
LNET!: Como você vê a partida, de ambos os lados?
MM: Se esse jogo ocorresse há dez ou vinte anos, eu diria que o Mazembe não teria chance alguma, pois era um clube sem estrutura e sem jogadores com experiencia internacional. Hoje, isso mudou. É a segunda vez que o Mazembe participa do Mundial de Clubes. Hoje, eu digo que o Inter é favorito sim, mas a diferença é resumida à parte técnica. O Mazembe não vai enfrentá-los como enfrentou o Pachuca (MEX). Os brasileiros devem ter seus cuidados, não podem achar que o jogo será fácil.
LNET!: Algum palpite para a partida?
MM: É difícil cravar alguma coisa, mas acho que o Internacional deve vencer. No entanto, vai ter de se esforçar. Não acredito que será um jogo fácil. O Mazembe vai criar dificuldades, mas o Inter deve vencer pela qualidade.