Nas últimas partidas da Seleção Brasileira, Diego Alves tem conseguido ficar com a vaga de titular no gol. E até agora, foram seis jogos, e nada de legar gol. Os adversários não foram lá os mais complicados, é verdade, e na próxima partida, o jogador vai ter pela frente a Colômbia, no dia 14 de novembro, e o centroavante mais badalado do mundo no momento: Falcao García. E como aperitivo, os dois se enfrentam neste sábado pelo Campeonato Espanhol, afinal, Valencia e Atlético de Madrid jogam no Mestalla. Tem espaço até para uma provocação com bom humor. Mas só após os 90 minutos.
- A gente se conhece, sempre tem brincadeira, mas depois, antes cada um defende seu lado, quando joga muito tempo, acaba conhecendo um pouco melhor, e dá liberdade para no final fazer alguma brincadeira - disse Diego Alves ao LANCENET!, que preocupa-se não apenas com Falcao, mas com James Rodríguez e todo a seleção colombiana:
- É o atacante em melhor forma do mundo, marca muitos gols, incomoda muito o setor defensivo, tem que tomar muitos cuidados, mas não só com ele, com a seleção toda, não pode deixar a bola chegar tão fácil, seria um jeito de anular, são jogadores de um nível muito alto que vêm se destacando na Europa, e não deve pôr em dúvida.
Sendo frequente na Seleção já há alguns anos, mas só agora conseguindo se firmar, Diego acredita que Mano Menezes vive uma boa fase no comando da equipe, e fala sobre a felicidade em ver o nome na lista.
- É sempre a melhor notícia, eu trabalho sempre visando a Seleção, e quando o nome aparece, é uma alegria imensa, e vem agora mais uma oportunidade, acho que a gente está criando um time muito forte psicologimante e tecnicamente.
Parapênaltis
Quando chegou ao Almería, depois de se destacar no Atlético Mineiro, aproveitou duas partidas que o titular David Cobeño não jogou para pegar a vaga. Conseguiu uma sequência, e chegou a ficar 667 minutos sem levar um gol, recorde em 2008 no país, e um dos dez maiores números de todos os tempos da Liga Espanhola.
No mesmo ano, outra característica começou a chamar a atenção: defesa de pênaltis. Foram 19 cobranças no total, e ele defendeu 11, sendo uma de Cristiano Ronaldo. Anos mais tarde, ele não deixou uma de Messi passar, já pelo Valencia. Ele é o único goleiro do mundo que já venceu os dois melhores jogadores do mundo, tudo isto rendeu-lhe o apelido de "parapênaltis".
- Faço como uma guerra psicológica, o goleiro tem que adivinhar o que o atacante vai fazer, e ele faz a mesma coisa, um tem que enganar o outro. Tem a forma que corre para a bola, como posiciona, tem muitos aspectos que influencia ir para a direita ou para a esquerda. Mas o melhor é estar tranquilo, tem que demonstrar e o nervosismo vai para o outro lado - tenta explicar.
Temporada irregular do Valencia
Se no Campeonato Espanhol 2011/12 o Valencia foi bem, principalmente no início, o mesmo não se pode dizer desta temporada. Após 10 jogos, o Che está na décima-primeira posição, com 11 pontos.
- A temporada está um pouco diferente. Ano passado iniciamos bom e fomos para cima na tabela. Agora, começamos enfrentando Barça e Real Madrid, e perdemos pontos em casa, e nos distanciamos. O Atlético começou impressionante, consegue brigar com o Barça na ponta. O Málaga, a gente sabe que é um time que está sempre brigando pela Champions, pelo investimento que fez, vai brigar até o final, o Valencia vai ter um pouco mais de dificuldade - aponta Diego.
Na Liga dos Campeões, perdeu na estreia contra o Bayern de Munique, mas recuperou-se e lidera o Grupo F com seis pontos.
Bate-Bola
Diego Alves
Goleiro do Valencia e da Seleção Brasileira ao LANCENET!
Essa partida contra a Colômbia vai servir para mostrar de vez que você tem condições de estar na Seleção Brasileira?
Eu acredito muito que não é um jogo que mude muita coisa, goleiro é diferente dos outros, independente do adversário. A gente tenta passar confiança, conversar, passar segurança aos zagueiros, são vários fatores que influenciam jogar bem ou mal, não é uma partida que vai decidir. Todas as partidas que eu fiz, tentei conversar bastante, a gente teve um entrosamento bom e muito rápido, a gente, claro torce para fazer um jogo bom, mas não decide. A responsabilidade aumenta e tem chance de aparecer mais, mas a regularidade é importante para um goleiro.
Como avalia os seus concorrentes?
O Brasil produz grandes goleiros, o Diego Cavalieri faz um grande Campeonato Brasileiro, assim como o Victor, o Jefferson, o Rafael também, hoje tem vários que passam por bons momentos, e por isso é uma posição com a concorrência tão alta. Por isso, quando tem a oportunidade, tem que agarrar a chance.
Você tem algum método contra adversários específicos?
Aqui na Europa, se não enfrenta um time na Espanha, enfrenta na Champions, na Liga Europa, não há uma preparação especial, o método é o mesmo, tem sempre um cuidado. Contra o Atlético, por exemplo, a gente pensa no Falcao, que faz movimentos difíceis, tem que estar atento, agora com outros tipos, a gente tenta acompanhar ao máximo, ver as qualidades, durante a semana a gente vê vídeos, começa a conhecer as caraceterísticas de cada jogador.
Você acha que a sua fase no Atlético Mineiro, que vinha de um rebaixamento, assemelha-se à da Seleção Brasileira, que precisa se afirmar?
Não, não. Acho diferente, tinha o rebaixamento, eu pude viver, a gente foi campeão da Série B, a gente sabe da torcida do Atlético, é apaixonada, tem muita emoção. Hoje, com a Seleção, é outro momento, o povo brasileiro busca uma estrutura na Seleção, uma base, o Mano está mantendo uma base, um estilo de jogo, mas no Atlético foi diferente, eu aprendi muito, fez com que eu tivesse uma base na pressão que eu sentia de todos os lados. Mas pressão em todos os lugares têm, aqui tem, no Real, no Barcelona, mas não vejo uma igualdade.
Faltam jogos de competição para a Seleção, tanto em termos de dificuldade, quanto em jogos valendo pontos?
É diferente, a Seleção está acostumada ao clima de competição antes do Mundial, Copa das Confederações, e agora é diferente para todos. É um pouco mais difícil para o Mano definir, e também receber esse tipo de pressão, não tem jogos valendo pontos, competições. Teve Olimpíadas, mas não podem ir todos, não permite manter uma base de trabalho, agora com as Eliminatórias se encaminhando, vamos tentar fazer o trabalho, Colômbia vai ser importante, e no ano que vem deve ter amistosos de nível alto visando a Copa das Confederações.
Você gostaria de enfrentar algum adversário específico?
Acho que hoje Alemanha, Espanha, Itália, Inglaterra, são seleções sempre que apresentam bom futebol, mas acho que Espanha, não tem como. Do mesmo jeito que os espanhóis querem enfrentar o Brasil, acho que nós também queremos enfrentar os espanhóis, para saber como vai ser, a gente não tem noção, a Espanha é campeã do mundo, precisa saber o nível. Mas o Brasil sempre enfrentando essas seleções, é importante para o crescimento.
É a melhor fase de Mano Menezes?
Nem antes éramos os melhores, nem agora vamos ser. Antes não tínhamos base, Mano pegou uma fase importante de transição depois do Mundial, foi difícil, a Seleção começa a pegar um pouco mais de rumo, são mais jogos com os mesmos jogadores, cria entrosamento importante, pega confiança, o trabalho está sendo direcionado, e vai encurtando o tempo para a Confederações, os jogos são mais intensos para ver como estamos preparados. O trabalho é a longo prazo, mas com a Copa perto, é melhor pegar seleções fortes.
Estar na Liga com os dois melhores jogadores do mundo e outros craques te favorece de alguma forma?
Eu não sei a visão, seria uma visão para o Mano, pessoalmente eu acredito que jogando contra os melhores do mundo, acaba criando um pouco mais de respeito, tanto com Messi, Cristiano, tanto na Champions, quanto na Liga, joga contra os melhores. Não que favoreça, mas para mim, é uma experiência que me deixa mais confortável para jogar em uma Confederações ou Copa do Mundo, fica mais tranquilo. O costume favorece nessa parte.
Como está o contato com a torcida?
A gente teve uma experiência não muito boa em São Paulo, foi um momento em que as opiniões estavam divididas, em Recife foi diferente, fomos bem recebidos, o momento é de mostrar bom futebol. A torcida acompanha o futebol se estiver bem, o futebol está nivelado, as seleções, às vezes colocam condições difíceis, mas o que a gente mais quer é o torcedor, a alegria. Acho que a gente não perdeu eles, a gente só está um pouco afastado, até pelas dúvidas criadas e um monte de coisas que acontecem por partes externas, mas encontrando o caminho, o povo brasileiro, tão apaixonado, a torcida vai ajudar a conquistar esse Mundial histórico, que é em casa.
O Unai Emery saiu do Valencia, e veio o Mauricio Pellegrino, está demorando para pegar o ritmo do novo treinador?
Na verdade perdemos jogadores importantes, Alba, lateral que foi para o Barcelona, e outros, e a crise faz com que não tenha contratações de nome, então modificou a estrutura, perdemos volantes importantes. E, claro, mudando treinador, muitas coisas mudam. O Unai estava há quatro anos, tinha um estilo próprio, teve um sucesso, os jogadores acostumaram. Mas agora é uma fase nova, temos que nos acostumar, muda a característica, e vamos tentar nos livrar dos altos e baixo e melhorar a posição ruim na tabela.
O rodízio com o goleiro Guaita o atrapalha?
Aqui o tratamento dessa maneira de rodízio é uma coisa que se faz, na época do Unai se fazia, Guaita é da cidade, nascido no clube, favorece para ter isso. De 13 jogos, eu pude jogar nove de bom nível, tem muitos jogos, Copa do Rei, Champions, Liga, faz com que todos estejam atentos, não só goleiro, se botar sempre os mesmos, os jogadores não aguentam, o jogador tem que estar pronto sempre. Claro que não é o que está acostumado, mas a gente respeita a opinião.
Pensa em ir para um clube de maior expressão que o Valencia (Diego ainda tem três anos de contrato)?
Pode ser, pode ser que sim, entra como um dos meus objetivos, estou em um clube que disputa Champions, um dos grandes da Espanha, mas dependendo do que acontecer, tenho esse objetivo de dar um salto, objetivo desde que sou pequeno de estar num top-8 da Europa.
Ainda acredita no título brasileiro do Atlético Mineiro?
Acompanhei até com o Victor na convocação passada, acho que o Atlético está com uma diferença importante atrás, isso dificulta, no momento que precisava de mais regularidade, não conseguiu, fez com que o Fluminense ganhasse os pontos, e ficasse difícil o título.