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Lance!
Nova York
Dia 30/03/2022
23:39
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Uma das grandes promessas do tênis norte-americano, a jovem Kylie McKenzie denunciou seu ex-treinador da federação americana (USTA), o paraguaio Aníbal Aranda, de abuso sexual enquanto era treinada por ele no programa de talentos.



A história de McKenzie foi tornada pública por uma reportagem do jornal The New York Times, que conversou uma a tenista, hoje com 23 anos, e que teve acesso aos altos da investigação promovida pela organização independente SafeSport, que gerencia, investiga e audita denuncias criminais e de condutas antidesportivas em todas as modalidades nos Estados Unidos.
Kylie McKenzie contou ao jornal e aos investigadores da SafeSport, que foi vítima de conduta inapropriada e abuso sexual por parte de Aranda, quando tinha apenas 19 anos. A jovem, atualmente com 23 anos, foi treinada por Aranda em 2018, logo após se recuperar de um longo período de lesão no ombro.

De acordo com a reportagem, McKenzie fazia parte do programa de talentos da USTA desde os 12 anos e ao jornal ela disse que "sempre confiou nos treinadores" e afirmou que via na USTA e sua equipe: "um porto seguro".

Aranda era treinador dedicado á CiCi Bellis, que é muito amiga de McKenzie. Em 2018, porém, Bellis enfrentava uma lesão quando a amiga voltou para a Flória após ficar 18 meses na casa dos pais no Arizona para cuida de uma lesão no ombro. Foi desta forma que McKenzie e Aranda passaram a trabalhar juntos, através do consentimento de Bellis.

A jovem disse em seu testemunho à investigação da SafeSport que os contatos físicos com Aranda começaram com desculpas de melhorar sua colocação em quadra, ao mesmo tempo em que ele passou a buscar quadras cada vez mais distantes das mais concorridas e do complexo em que treinavam na Flórida.

O estopim para a jovem foi um dia em que o treinador tocou-lhe entre as coxas, enquanto tentava lhe mostrar um vídeo de seu treino. Antes disso, de acordo com a tenista, o paraguaio sempre buscava contato físico junto à cintura, quadril e até lhe tocando os seios. À investigação, McKenzie disse que no início achou que era a forma de trabalhar de Aranda por ser paraguaio.

A jovem contou ao Times que no dia do estopim saiu do treino e foi para a casa de Bellis, chegou lá chorando e tremendo, contou a situação para a amiga e as duas ligaram para a mãe de Bellis que ordenou que as duas reportassem o caso à USTA. A USTA, por protocolo repassou o caso para a SafeSport.

Em depoimento à SafeSport, Aranda disse: "Quero ser claro, nunca toquei na vagina dela. eu nunca a toquei de forma inadequada. Todas essas coisas que ela está dizendo são distorcidas”. De acordo com ele, alguém havia dito a jovem que a USTA deixaria de apoiá-la e por essa razão ela teria feito a denuncia. Ainda na investigação da SafeSport, após ser suspendido pela gerência técnica da USTA, Ola Malmqvist, Aranda teria dito ao gerente: "Sinto muito. Eu sinto muito. Eu cometi um erro".

Aranda ainda tentou contato com McKenzie após a suspensão, lhe enviou mensagens pelo Spanchat e tentou ligar-lhe, a jovem registrou as mensagens e entregou aos investigadores. Também por isso, buscou a polícia da Flórida, que viu forte indício de abuso nas acusações e as enviou a promotoria local, que arquivou o caso por não encontrar indícios de abuso.
Durante a investigação a SafeSport descobriu que 5 anos antes da situação de McKenzie, Aranda havia abusado sexualmente de uma funcionária da USTA, que afirmou que não quis denunciar o caso. Ao descobrir o segundo caso, McKenzie afirmou: "Saber que ele tinha uma história quase dobrou o trauma. Eu confiei neles”.

A SafeSport concluiu no processo que era "mais propenso para sim" que Aranda cometeu o abuso sexual contra Mckenzie e por esta razão, o profissional tomou uma punição de 2 anos sem poder atuar como profissional do esporte nos Estados Unidos, somado a mais dois anos por agravantes.

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