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Ex-xodó de Juvenal no São Paulo e ‘bem brasileiro’, Tyroane enfrenta o Brasil pela África do Sul

Sul-africano jogou no Tricolor de 2006 a 2014 e era visto como promessa do clube. Hoje está no Grêmio e vai defender seu país nos Jogos, mas sem desistir da Seleção Brasileira

(Foto: Reginaldo Castro/LANCE!Press)
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A África do Sul terá um meia-atacante brasileiro no jogo contra o Brasil, às 16h desta quinta-feira, em Brasília. Tyroane não nasceu no país-sede da Olimpíada, mas o talento com a bola no pé o fez crescer bem longe de casa. Para ser mais exato, o futebol deu a ele uma nova casa, uma nova família e uma nova nacionalidade - é cidadão brasileiro há três meses.

Há dez anos no Brasil, o jogador foi visto por muito tempo como promessa do São Paulo, era xodó de Juvenal Juvêncio e desde 2014 atua no Grêmio, integrando uma equipe de transição entre base e profissional. 

Essa história começou em 2006, quando sua família comprou um produto de limpeza, entrou em uma promoção e abriu caminho para que ele se aventurasse em outro país. Se depender do jovem de 21 anos, esse sonho irá levá-lo até a seleção principal... do Brasil.

- O sonho dele sempre foi jogar na Seleção Brasileira. Ainda pode acontecer. Jogar contra a Seleção é o mais próximo do sonho que ele já chegou. Será um superdia, não sei nem como vou sobreviver (risos) - disse Carla Strafacci, que passou a ser tutora do garoto para que o jovem pudesse ficar no São Paulo.

- O Ty participou de um projeto social. Os garotos compravam um produto de limpeza e mandavam os dados junto com o código de barras. Aí faziam uma peneira na África do Sul toda, e depois de um ano selecionavam 12 meninos para um período no Brasil - conta ela, que estará no estádio nesta tarde.

A ideia era que os pequenos sul-africanos ficassem só uma semana no Brasil, mas Ty chamou a atenção do São Paulo. Com a ajuda do cônsul da África do Sul, o clube encontrou a escola St. Nicholas, onde ele teria aulas em inglês. Carla e Paulo Calabro, com quem era casada, se ofereceram para ficar com ele, que não poderia morar no CT de Cotia enquanto não se comunicasse em português.

Com a nova família, que até hoje mantém contato com os pais dele na África do Sul, Joe e Benita, o atleta foi "virando" brasileiro. Quando passou a ficar no alojamento são-paulino, formou uma "panelinha do bem" com Matheus Reis (até hoje no Tricolor), Serginho (hoje no Santos), Lucas Evangelista (Udinese), Gabriel Novais (hoje sem clube) e Pedro Leão (Atlanta Silverbacks), além do melhor amigo, Paulo Marcelo. Os amigos até tentaram ensinar alguns palavrões a ele, mas não tiveram sucesso: muito religioso, o sul-africano se recusa a usar esse tipo de vocabulário.

- Ele já está bem brasileiro, mudou o cabelo, deixou mais alto... Toca pandeiro, tan tan, fala português até melhor que a gente (risos). A gente brincava, porque o Juvenal gostava muito dele. Eu sempre peguei no pé, dizia que era filho do homem - diz Paulo, que hoje é centroavante do Sampaio Corrêa.

- O Ty era tratado de uma forma muito diferenciada dentro do São Paulo. Quem cuidava dele era o Juvenal, que encarregou o Ataíde (Gil Guerreiro) para o dia a dia. Tudo o que a gente precisava, o Ataíde estava disponível para cuidar - ressalta Paulo Calabro, o tutor.

Juvenal Juvêncio presidiu o São Paulo de 2006 a 2014, justamente o período que Tyroane ficou no clube. O sul-africano, em determinado momento, passou a ser quase uma aposta pessoal do mandatário, morto em 2015.

- O Juvenal sempre quis que o Ty fosse morar no CT de Cotia, só que não tinha condição no começo, ele não falava português. O Juvenal até falou: "Mas o menino não vai ser filósofo, não precisa falar tão bem o português" (risos). Ele falava direto comigo, sempre queria saber do Ty, como ele estava na escola. Ele foi muito legal, tinha um carinho especial - conta Carla.

Mas não foi no São Paulo que Ty virou profissional. Sem perspectiva de ser promovido, ele trocou de Tricolor quando o vínculo acabou. Hoje, é óbvio que sua meta é ganhar chance com o técnico Roger Machado, do Grêmio, mas quem o conhece sabe bem o seu sonho:

- No começo do ano que vem, ele vai ter 11 anos de Brasil e 11 anos de África do Sul. A Seleção Brasileira é um sonho dele. É uma decisão que muito provavelmente ele vai ter que tomar daqui a pouco, deve até apertar o coração dele – diz o tutor, lembrando que Ty não poderá mais ser defender a Seleção Brasileira se jogar pela equipe principal da África do Sul.