As comparações são quase inevitáveis. A camisa é a mesma: número 10. A expressão compenetrada durante o jogo e a genialidade no modo de tratar a bola também são semelhantes. Mas o número de gols com a camisa da seleção brasileira é diferente. E, nisso, Marta se tornou, nesta quarta (9), maior que Pelé. Em jogo válido pelo Torneio Internacional de Seleções, na Arena das Dunas, a craque brasileira marcou cinco, na goleada de 11 a 0 sobre Trinidad e Tobago, e chegou aos 98 com a camisa amarela. Pelé, com seus 95, ficou para trás.
- Foi o que a gente procurou fazer o tempo inteiro: fazer o máximo de gols. A gente sabia da fragilidade das adversárias. Mas, jogando da maneira que jogamos, demonstramos o respeito que temos por elas. Estou feliz pelos gols, pelo recorde e vamos continuar trabalhando para termos momentos tão bons quanto esse - disse a jogadora eleita melhor do mundo em cinco oportunidades.
Marta teve sua primeira oportunidade antes da primeira volta do relógio. Driblou a goleira adversária, mas o chute parou na zaga e na trave, praticamente ao mesmo tempo. Mas, logo aos nove minutos, ela recebeu de Debinha e colocou entre as pernas de Palmer para abrir o placar e iniciar a caminhada rumo à artilharia máxima da Seleção.
Mas quis o destino que o gol mais bonito de Marta - e do jogo - fosse, justamente, o que a igualou a Pelé. Genialidade na construção da jogada: uma caneta junto a bandeira de córner, um drible seco na zagueira para invadir a área e a batida forte de perna esquerda. Palmer, a goleira adversária, pareceu receber com alegria a missão de entrar para a história, eternizada com o momento. Aceitou, sem oferecer empecilhos, a bola chutada pela camisa 10. O Brasil fazia 2 a 0, aos 27, e Marta alcançava os 95 gols do Rei do Futebol.
Para ultrapassá-lo logo em seguida, 29. Após tabela com Beatriz, chutando para o gol praticamente vazio, um sinal de que, a partir dali, não havia mais ninguém à sua frente em número de gols marcados pela Seleção. Mas a obstinação de Marta não era com o recorde, mas com a vitória, com fazer o maior número de gols possível, o saldo de gols mais amplo para facilitar a vida da equipe na disputa do torneio quadrangular. Assim, a camisa 10 voltou a balançar as redes, marcando o sexto e o oitavo gol brasileiros sobre a frágil retaguarda trinitina. Aos 14 minutos da segunda etapa, saiu de campo, substituída por Rachel, mas já havia entrado (por um motivo a mais) na história.
Beatriz, três vezes, Debinha, Rachel e Rilany completaram a saraivada de gols sobre Trinidad e Tobago: 11 a 0. A maior goleadora da história da Seleção volta a campo no próximo domingo (13), quando o Brasil enfrenta o México, na Arena das Dunas, pela segunda rodada do Torneio Internacional de Seleções.