Carlo Ancelotti tem muitos títulos, uma carreira consolidada e um olhar clínico para jogadores de confiança — aqueles em quem aposta mesmo quando as estatísticas recentes não impressionam. No caso de Richarlison, o vínculo de confiança vai além do momento e tem raízes em um passado de convivência e admiração mútua. O atacante do Tottenham foi titular em duas das seis partidas (atuou em todas) do técnico à frente da Seleção Brasileira e esteve presente em todas as quatro listas de convocados de Ancelotti até aqui, mesmo sem ter marcado gols sob o comando do italiano.

O motivo da preferência tem história. Ancelotti e Richarlison trabalharam juntos no Everton, nas temporadas 2019/2020 e 2020/2021. Naquele período, o treinador chegou a dar declarações que demonstravam o quanto valorizava o brasileiro, mesmo em meio a um elenco que vivia altos e baixos na Premier League.

Durante o período sob o comando do técnico italiano, Richarlison teve números consistentes que ajudaram a consolidar a confiança de Ancelotti. Na temporada 2019/2020, o atacante disputou 41 jogos (todos como titular), somando 15 gols e 4 assistências em 3.558 minutos, com nota média 7,08 no Sofascore. Já em 2020/2021, o brasileiro atuou em 40 partidas (39 como titular), marcando 13 gols e dando 3 assistências, em 3.351 minutos, com nota 7,04. Foram campanhas que demonstraram regularidade e entrega: o Everton venceu 16 partidas em 2019/20 e 20 em 2020/21, terminando ambas as temporadas com Richarlison entre os principais nomes ofensivos do elenco.

— Tento falar com ele o tempo todo, todos os dias. Mas a comunicação não é tão boa. Talvez tenha dito a ele esse tipo de coisa (risos). Eu não sei por quanto tempo é o contrato dele, honestamente, mas Richarlison ficará aqui enquanto eu ficar, isso é certo. Gosto dele como jogador, e se ele não gosta de mim como técnico, tanto faz. Mas vai ficar aqui — brincou Ancelotti nos tempos de Everton, em tom de confiança e carinho.

Essa afinidade foi construída com base no estilo de jogo do atacante, que sempre se destacou pela entrega e pela capacidade de cumprir funções táticas complexas. Ancelotti o definiu como "um atacante moderno, completo, que trabalha muito", destacando o comprometimento físico e a movimentação sem bola.

— As estatísticas físicas de Richarlison são muito altas, como de um meia. Mas ele tem velocidade e é muito preciso na área. Fantástico com a cabeça, preciso na frente do goleiro. Acho que ele pode ser um dos maiores atacantes da Europa, porque tem todas essas qualidades e não tem uma posição específica no campo — disse o italiano na ocasião.

Mesmo agora, anos depois e em contextos distintos, o respeito permanece. Na convocação para os amistosos contra Senegal e Tunísia, Ancelotti voltou a justificar a escolha com base em critérios técnicos e históricos:

— Richarlison, agora, não está jogando muito, mas como centroavante já marcou muitos gols pela Seleção Brasileira — disse durante a coletiva de imprensa da Seleção Brasileira.

Richarlison, aliás, foi um dos primeiros a se apresentar à Seleção, chegando em Londres no domingo (9), depois de boa atuação pelo Tottenham no empate por 2 a 2 com o Manchester United — partida em que marcou um dos gols do time londrino.

A trajetória dos dois mostra que, para Ancelotti, confiança vai além de números. O técnico enxerga em Richarlison um atacante com alma coletiva, capaz de traduzir em campo o que ele mais valoriza: trabalho, entrega e versatilidade. Por isso, mesmo sem o brilho dos gols recentes, o brasileiro segue como um dos homens de confiança do treinador mais vitorioso do futebol europeu.

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Richarlison é homem de confiança do técnico Carlo Ancelotti (Foto: AFP)
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