A iminente chegada de Carlo Ancelotti à Seleção Brasileira pode representar muito mais do que uma mudança no comando técnico. A contratação do italiano é vista como estratégica para manter a autoridade e a estabilidade do presidente Ednaldo Rodrigues, que enfrenta forte pressão judicial e política. Desde 2023, Ednaldo pretende trazer Ancelotti, mesmo que isso signifique esperar mais tempo do que o ideal para definir o novo técnico da Seleção.
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A insistência em Ancelotti se tornou um ponto central para o dirigente. Ele viu uma tentativa fracassar no fim de 2023, quando foi afastado da presidência por decisão judicial, o que fez o italiano renovar com o Real Madrid. Com o retorno de Ednaldo após uma liminar, a CBF precisou recorrer a Dorival Júnior. Agora, o presidente repete a estratégia, mesmo diante de incertezas.
O momento é delicado. A CBF vive sob intensa pressão institucional. O Supremo Tribunal Federal (STF) vai retomar no próximo dia 28 de maio o julgamento da ação que pode afetar diretamente o cargo de Ednaldo.
Em paralelo a isso, o presidente da entidade sofre com a ofensiva judicial em muitas frentes. A deputada federal Daniela Carneiro, do União Brasil-RJ, solicitou o afastamento imediato do presidente, alegando suposta fraude na assinatura do Coronel Nunes em um acordo que homologou a eleição de Ednaldo.
Esse pedido foi embasado por um laudo encomendado pelo vereador Marcos Dias Pereira, (Podemos-RJ), que também levou o caso ao Ministério Público do Rio de Janeiro. Em resposta, a CBF publicou nota oficial reafirmando seu “compromisso com a transparência, a legalidade e a boa-fé em todas as suas ações e decisões institucionais”.
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O impasse jurídico ocorre enquanto a Seleção segue sem treinador há 40 dias. Rodrigo Caetano, coordenador da seleção, disse que a definição está próxima.
— Estamos constantemente em reuniões internas aqui na CBF, eu, Juan, principalmente, juntamente com o presidente, na tentativa de definir o mais rapidamente possível esse nome. Até por questões de negociação e também de sigilo, fica praticamente impossível a gente ficar aqui falando a respeito de probabilidade. Sabemos que é um tema nacional, de extrema responsabilidade, mas nós temos a intenção de, num prazo máximo, ainda na próxima semana ter essa definição — falou o executivo ao “Sportv”.
A negociação com o técnico italiano, porém, não é simples. A CBF decidiu esticar a corda com o Real Madrid e esperar que Ancelotti possa se liberar. O treinador tem contrato com o clube espanhol até 2026, e não pretende pedir demissão. Os merengues, por sua vez, sinalizaram que aceitam a saída do técnico ao fim da temporada atual, desde que ele renuncie ao que teria a receber até o fim do vínculo. O impasse travou a negociação com Ancelotti.
A CBF trabalha com a possibilidade de que Ancelotti esteja livre após o clássico contra o Barcelona, dia 11, que pode definir a situação do título do Campeonato Espanhol.
A urgência, porém, é real. A Seleção Brasileira enfrenta Equador e Paraguai nos dias 5 e 10 de junho, pelas Eliminatórias da Copa do Mundo de 2026. A convocação precisa ser enviada à Fifa até o dia 18 de maio para garantir a liberação obrigatória dos atletas. Ednaldo exige que o novo técnico assuma a seleção ainda em maio:
Ancelotti seguiria no comando do Real Madrid até o final da temporada 2024/25, mas deixaria o clube antes do Mundial de Clubes. Para a CBF, isso permitiria um planejamento completo até a Copa de 2026, restaurando confiança e afastando pressões sobre a gestão.
No entanto, o risco político e institucional segue grande. Se o STF decidir pela nulidade do acordo que sustentou a eleição de Ednaldo, o presidente pode ser afastado novamente. Assim como no fim de 2023, a indefinição no comando pode frustrar mais uma vez a chegada de Ancelotti.
Com tudo isso em jogo, Ancelotti não é apenas uma esperança esportiva. É também a última carta de Ednaldo para manter-se no poder.