Os treinos seguem o padrão que se tornou habitual mundo afora: fechados, com a imprensa tendo acesso aos primeiros 15 minutos, período em que tudo o que se vê são exercícios físicos ou uma roda de bobinho. Mas as entrevistas coletivas de Carlo Ancelotti, ah, essas são diferentes. Porque as respostas são diretas, sem floreios, pausadas apenas porque o treinador italiano busca a melhor palavra em português para se expressar, e não para responder sem dizer nada.

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Nessa quarta-feira, logo após Ancelotti anunciar a lista de 26 convocados para os amistosos com Coreia do Sul e Japão — e a partir de agora serão 26 jogadores em todas as convocações —, o treinador antecipou que Hugo Souza, goleiro do Corinthians, será titular em um dos jogos na Ásia. Foi indagado se isso se devia ao fato de ele ter bom desempenho nos pênaltis, ao que o técnico da Seleção respondeu: 

— É um bom goleiro, não só nos pênaltis. Tem personalidade, tem caráter e trabalha bem — declarou Carlo Ancelotti, para depois fazer um comentário ao mesmo tempo bem humorado e definitivo.

 — Ele para bem com as mãos, acredito que o Cláudio Taffarel (preparador de goleiros) está de acordo com isso. Muitos goleiros dão assistência (com os pés), às vezes para o adversário, e não param bem com as mãos. Prefiro que pare bem com as mãos.

Sim, porque em algum momento das nossas vidas passamos a repetir que “goleiro tem que saber jogar com os pés” e passamos a dar a isso a mesma importância do seu trabalho com as mãos. Se hoje jogasse, era capaz de Yashin nem ser considerado isso tudo…

Ancelotti: 'Não quero inventar'

O mesmo vale para o jogador versátil. Claro que é importante, fundamental até, ter atletas que se adaptem a diferentes esquemas. Rodrygo foi chamado por Ancelotti porque “joga em todas as posições no ataque”, segundo o treinador. Lucas Paquetá vai garantindo sua vaga nos 26 de Ancelotti porque faz diferentes funções no meio-campo. Mas o técnico, nessa mesma coletiva de quarta-feira, deixou claro que quer fazer o simples na Seleção Brasileira.

— Como disse muitas vezes, há jogadores que podem jogar em diferentes posições, sobretudo na frente. Podem jogar no centro, meia, ponta, extremo, pela direita, pela esquerda. Há muita variedade, mas não quero fazer experimentos — comentou Ancelotti. 

— Não quero inventar, porque o futebol já foi inventado há muito tempo.

Às vezes parece que esquecemos isso.

Carlo Ancelotti é simples e direto em suas entrevistas (Foto: Rafael Ribeiro/CBF)
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