O São Paulo repercutiu nas suas redes sociais e no site oficial do clube o esclarecimento divulgado pela Libra na noite da última sexta-feira (3) sobre os posicionamentos do Flamengo.
A discussão entre os lados começou na última semana. O Tricolor e o Palmeiras se manifestaram publicamente anteriormente contra o Flamengo após o bloqueio de um repasse milionário referente a uma parcela dos direitos de TV do Brasileirão, que seria destinado aos demais integrantes do grupo. O Palmeiras também se pronunciou a respeito do assunto polêmico.
O problema desgastou a relação entre os clubes. Vale destacar que no caso envolvendo o Flamengo e São Paulo, as próprias torcidas mantém uma relação de amizade. Em jogos entre as equipes, é comum ver uma boa interação entre as partes. A questão, por sua vez, envolve mais movimentos internos dos clubes. O entendimento da diretoria do São Paulo é que esta ação do Flamengo prejudica financeiramente o futebol brasileiro e todos os envolvidos.
O clube carioca entrou com uma ação judicial e, após liminar concedida pelo Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, travou o repasse de R$ 77 milhões referentes a porcentagem dos ganhos com o pay-per-view aos clubes que fazem parte do grupo (Flamengo, Palmeiras, Bragantino, São Paulo, Santos, Atlético Mineiro, Bahia, Grêmio, Vitória, Remo, Paysandu, Volta Redonda, ABC, Guarani, Sampaio Corrêa e Brusque).
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O São Paulo repercutiu a nota da própria Libra na sexta-feira, mas também chegou a emitir uma própria nos últimos dias, repudiando a atitude da diretoria do Flamengo, que segundo o clube paulista, não compreende que é responsável pelos contratos herdados, e que a atitude do clube carioca não é condizente com seu "passado glorioso".
➡️Libra sobe o tom: ‘É falso afirmar que o Flamengo deseja o diálogo’
O acordo entre o Rubro-Negro e a Libra foi assinado pelo ex-presidente do clube carioca, Rodolfo Landim, que deixou o poder em 2024. A atual diretoria, presidida por BAP, discorda da maneira que a entidade dividir as verbas de acordo com a audiência das transmissões.
O contrato da Libra com a Globo prevê a seguinte distribuição: 40% de maneira igualitária para todos os clubes da Série A; 30% de acordo com os resultados esportivos; e os outros 30% conforme a audiência, ponto de discordância do Flamengo.
Veja a postagem feita pelo São Paulo
Confira a nota da Libra sobre o Flamengo:
NOTA OFICIAL: ESCLARECIMENTOS DA LIBRA SOBRE POSICIONAMENTO DO CLUBE DE REGATAS DO FLAMENGO
Observamos com surpresa a postura do Clube de Regatas do Flamengo de, por um lado, requerer segredo de justiça em uma ação judicial e, por outro, divulgar à imprensa informações selecionadas e distorcidas, induzindo até mesmo parte da imprensa especializada a erro e disseminando desinformação.
Diante dessa postura, a LiBRA, em seu compromisso com a transparência, com o diálogo e com o fortalecimento do futebol brasileiro, apresenta alguns esclarecimentos fundamentais entre o que é verdadeiro e o que é falso dentro das declarações feitas pelo clube.
1. É falso afirmar que o Flamengo deseja o diálogo. Quem interrompeu o diálogo foi o Flamengo, com medida liminar sem urgência, obstruindo o fluxo de caixa dos demais clubes da Libra, com o objetivo de pressioná-los economicamente, e sem que estes sequer tenham sido ouvidos no processo. Ato que contradiz o espírito associativo e é o exato oposto do diálogo. A LiBRA representa a vontade coletiva de seus membros em construir uma futura liga robusta e sustentável para o futebol brasileiro na busca por soluções que beneficiem a todos e não só ao Flamengo.
2. É falso que o Estatuto da LiBRA seja omisso sobre os critérios de distribuição de receitas de audiência. A regra de distribuição da receita negociada coletivamente pela LiBRA está descrita no Estatuto. Foi aprovada em Assembleia Geral. Por unanimidade. Inclusive pelo próprio Flamengo. E sem ressalvas. Portanto, também é falso que o Clube não tenha concordado com a forma de determinação de audiência descrita no Estatuto da LiBRA.
3. Cadastro não é audiência, e é falso que o Flamengo queira respeitar a decisão dos demais clubes. Insatisfeito com o critério de audiência previsto no Estatuto da LiBRA, o Flamengo propôs que a métrica fosse alterada pelo número de cadastro de torcedores. Cadastro não é audiência, e não se enquadra e nem é mencionado no critério previsto no Estatuto. A proposta de alteração do cálculo de audiência para cadastro que o Flamengo defende pública e judicialmente foi levada à votação em Assembleia Geral da LiBRA e foi rejeitada pelos demais oito clubes da Série A integrantes da LiBRA. Considerando que foi apenas o próprio Flamengo quem votou favoravelmente e buscou via judicial para reverter a decisão colegiada, é falso que o clube não busca uma "virada de mesa" por meio da justiça.
4. É falso afirmar que o Estatuto da LiBRA assegura um "valor mínimo garantido" em benefício do Flamengo. Qualquer mínimo garantido só seria aplicável em benefício de todos os Clubes caso a Libra viesse a se tornar a realizadora do Campeonato. Supomos que o Flamengo saiba que o Campeonato Brasileiro Série A seja organizado pela CBF e que, portanto, tal “garantia” não se aplica no atual contexto.
5. É falso que o Flamengo tenha votado contra a mudança das regras. Ocorreu exatamente o contrário. O Flamengo foi o único Clube que propôs a alteração do Estatuto para substituir o critério de audiência para o critério de cadastro. Uma proposta que foi avaliada e rejeitada por todos os demais Clubes de Série A votantes.
6. É falsa a alegação do Flamengo de que precisaria fazer uso de uma liminar para evitar prejuízos. O contrato atual tem vigência de cinco anos e comporta mais de R$ 6 bilhões em benefício de todos os seus Clubes. Montante suficiente e tempo hábil para que qualquer eventual recomposição pudesse vir a ser realizada em caso de uma votação unânime por alteração em qualquer uma das regras de distribuição de receita. É impossível que o Flamengo sofresse um prejuízo.
Vale lembrar que, se o Flamengo realmente tem interesse em dialogar por um acordo, ou tem a convicção de que está certo, o próprio Clube não faria uso de um expediente liminar desnecessário, e discutiria se está certo no mérito em Mediação ou Arbitragem.
Por que estamos tendo que esclarecer todas essas dúvidas por meio de comunicados à imprensa e não em ambiente técnico e dentro da própria Libra? Por que o Flamengo preferiu esse caminho ao invés de manter a discussão internamente?
O Flamengo demonstra que há outros objetivos em seus movimentos.
Questionar os fatos e distorcê-los para conseguir apoio midiático com base na desinformação é querer viver uma realidade paralela, de imposição econômica, sem qualquer fundamento coletivo. Uma visão antiquada e solitária.
Blocos de comercialização coletiva, como a Libra e como a LFU, ou uma Liga, quando formada, representarão tudo aquilo que o Flamengo aparenta contrapor nesse momento: a coletividade na negociação de direitos, ampliação de valor e receita, desenvolvimento de qualidade de produto e internacionalização.
Juntos os clubes não valem mais, valem muito mais.
Separados os clubes não apenas valem menos, eles destroem também o valor em toda a cadeia de negócios que cerca e faz parte do futebol.
Em vez de trabalharmos pelo futuro do futebol brasileiro, estamos aqui presos a uma discussão antiga e repetitiva sobre quem ganha mais – e sobre quem quer ganhar ainda mais –, enquanto os assuntos importantes restam à margem do debate.
A LiBRA tem um respeito absoluto pela instituição Flamengo, pela sua história emblemática, por suas muitas conquistas e, principalmente, por sua torcida – essa, que merece o futebol brasileiro que Flamengo se nega a construir. No entanto tem também o mesmo respeito por todos os seus demais membros, todos os clubes do futebol do Brasil e todos os seus milhões de torcedores apaixonados.
O futebol brasileiro não tem um dono.
Tem milhões.
Tem 212 milhões de donos.