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Giba pede calma com Seleções: ‘Isso não está acontecendo só no Brasil’

Dono de três medalhas olímpicas visita o L! Sports Bar e fala sobre o atual momento das equipes. Ele chama a atenção para falta de cuidado com as categorias de base

Reprodução/LanceTV
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Um dos grandes nomes de uma geração que ficaria marcada por dois vice-campeonatos olímpicos após o ouro em Atenas-2004, Giba hoje, aos 40 anos, acompanha as Seleções Brasileiras fora das quatro linhas. Vendo os times passarem por mudanças, o antigo camisa sete pede calma aos torcedores e afirma que só a partir de 2018 que será possível analisar melhor as situações de ambas as equipes.

Em entrevista feita no L! Sports Bar, o coordenador de esportes do Madero CWB também frisou preocupação com a base do vôlei nacional e comentou sobre as mudanças nas competições organizadas pela Federação Internacional de Voleibol (FIVB), como o Grand Prix, que está em sua última edição.

Giba também falou sobre o legado que o vôlei deixou após a Rio-2016 e a polêmica envolvendo o doping de jogadores russos em Londres-2012, que pode render o ouro olímpico ao Brasil, transformando a geração de Gilberto Amauri Godoy Filho em bicampeã olímpica.


LANCE!:
As Seleções Brasileiras feminina e masculina atualmente passam por um momento de mudança, seja no comando ou no elenco. Como você avalia este cenário?

Giba: Os momentos são normais. A cada ciclo olímpico que se começa, a dificuldade vem normalmente, seja com mudança de técnico ou jogadores novos. Isso não está acontecendo só no Brasil. Quem está um pouquinho na frente é a França, porque eles estão com uma base há três ou quatro anos. Com eles já existe entrosamento, o técnico é o mesmo, os jogadores se conhecem muito bem, já sabem como são as competições. Eu costumo dizer que no ano depois da Olimpíada, é melhor a gente analisar os dois times primeiro, tanto o masculino quanto o feminino e depois desses testes (Liga Mundial, Grand Prix, Sul-Americano e Copa dos Campeões), aí sim a gente vai poder ter uma ideia do que vai acontecer do final deste ano até Tóquio-2020.

L!: Já é possível ver equipes que serão destaques em Tóquio-2020?

G: É difícil de dizer. Vamos deixar acabar o ano, porque a gente ainda tem o Europeu, o Asiático e o Campeonato da Nocerca, que envolve Estados Unidos e Canadá - que pela primeira vez participou de uma Fase Final e subiu ao pódio - para acontecer. Nós temos muita coisa para analisar antes de falar alguma coisa. O time russo é um com muito potencial, mas é muito jovem. A gente tem o Canadá que também é uma equipe jovem e mostrou muito trabalho, principalmente com a inclusão do Stéphane Antiga, que é o técnico atual campeão mundial. Tem muita coisa para acontecer até Tóquio, mas até o Mundial do ano que vem a gente já vai ter uma completa ideia do que serão as Olimpíadas.

L!: As Seleções Brasileiras já tem protagonistas?

G: No masculino a gente sabe que tem o Bruninho, o Lucão, o próprio Lucarelli está começando a entender a sua real posição de liderança do time. No feminino eu colocaria a Nathália e a Gabi como as duas principais.

L!: No início do ano, José Roberto Guimarães comentou que já há escassez de jogadoras em algumas posições. Trabalhando hoje com o vôlei feminino, você enxerga estas carências?

G: Na verdade não só no feminino, no masculino também. A gente está esquecendo um pouquinho das categorias de base e, principalmente está deixando as escolas, aonde a gente tem uma grande massa para poder tirar o talento. Além de tudo, a gente esta formando o cidadão e depois o atleta. E isso está faltando. A gente precisa investir um pouco mais nessas escolas, principalmente nas categorias de base.

L!: E como fazer este investimento?

G: Quando nós fizemos o projeto 'Volley Your Way' (Voleibol do seu jeito) nas escolas de Curitiba, a gente viu a quantidade de pessoas que não praticavam vôlei que começaram a praticar. Isso eu acho que é o mais importante. Não é um patrocínio dinheiro, é uma escola poder aceitar aluno-atleta, dar uma bolsa maior ou até dar a escola para a criança. É a gente incentivar mais os nossos alunos, porque incentivando eles nas escolas, eles vão começar desde pequenos e, quando chegar a uma certa idade, eles terão que ir para um clube, é onde você vai massificar. Mas esta escassez, na minha opinião, vai demorar um pouquinho ainda para ser suprida. E se não fizer este trabalho, aí sim vai sofrer lá na frente.

L:! Este ano o COB lançou a quinta turma do Programa de Carreira do Atleta (PCA), um programa voltado para atletas aposentados ou próximos da aposentadoria. Como você vê esta iniciativa?

G: Como algo de suma importância. A gente está fazendo um curso também, o ACP (Atlas Carreer Program - Programa de Carreira de Atleta) que começa durante a carreira do atleta. A gente está começando isso no vôlei e pretende também levar para outros esportes. Estamos bem felizes e contentes em saber que as outras entidades também estão vendo a importância desse projeto de ensinar para os atletas o que vai ser o pós-carreira dele. Muitas pessoas param e, de repente, se vêem com a pergunta do que fazer agora. É bom prepará-los enquanto eles ainda estão no auge, isso é o mais importante.

L!: Você teve este suporte quando se aposentou?

G: Não tive, mas eu aprendi por mim mesmo e acabei desenvolvendo este hábito de planejar sempre as coisas e não achar que o Giba seria eterno. Uma hora o corpo vai parar, o joelho vai doer, o ombro vai incomodar. Eu procurei me preparar bem antes de encerrar a minha carreira.

L!: Esta é a última edição do Grand Prix como conhecemos, já que um novo evento virá no seu lugar. Como você enxerga esta alteração e novas competições podem sofrer alterações?

G: As mudanças são um diferencial que a Federação Internacional está procurando fazer. Hoje nós temos World League, World Grand Prix Championship, World Grand Cup. Qual a diferença de um campeonato para outro? O público não entende muito. Quando você coloca World Championship, Campeonato Mundial é como se fosse a Copa do Mundo de futebol. O resto não pode ter World. Essas nomenclaturas que vão mudar um pouco para que o público possa ficar mais a vontade e entender a importância das competições no voleibol tanto no masculino quanto no feminino.

L!: No começo do ano iniciou-se um processo para averiguar o possível doping de atletas de vôlei russo nos Jogos de Londres-2012, o que pode resultar no ouro olímpico para o Brasil. Como está este processo?

G: Este processo está todo agora nas mãos das entidades maiores. O pedido foi feito. Agora a gente só tem que esperar as entidades se pronunciarem. Infelizmente, eu não posso fazer nada, só aguardar. Não tem previsão de resultado.

L!: Há quase um ano o Rio recebia os Jogos Olímpicos. O que ficou de legado?

G: Falando do nosso esporte, continuamos fazendo muitas ações sociais tanto na Praia do Leme quanto na de Ipanema. Também no Morro da Formiga e, recentemente, trouxemos o Volley Your Way para Curitiba. O vôlei conseguiu deixar um legado, mas realmente é uma pena que os outros esportes não tenham um patrocínio tão grande como o nosso, não consigam sobreviver e precisam remar o tempo todo. Então fica a dica para os empresários. Para que as coisas melhorem, não só na parte de colocar o dinheiro, como também pensar no futuro, nas crianças que estão ali olhando o que elas podem querer ser e, como o Junior Durski (presidente do restaurante Madero) falou, pode fazer bem para a sua marca.

L!: Qual o papel de atletas, seja aposentado ou ativo, na formação de novas gerações?

G: Nós somos um espelho para as crianças. No projeto contra a obesidade infantil que eu tenho (Gibinha Vôlei), eu procuro estar sempre presente. Se a criança só vê a foto do Giba na parede, mas não toca nele nem joga vôlei com ele, ela perde o sonho. O nosso papel é alimentar este sonho. O Brasil está carente de ídolos e, os que exitem, a gente precisa alimentar para que a coisa só se multiplique. Ser um espelho é uma responsabilidade muito grande, mas hoje, no país, é necessário e o esporte é uma fuga de todos os problemas que a nação está passando. Nós temos que redobrar o nosso cuidado para com a sociedade.