A NFL anunciou nesta semana que os jogadores estão proibidos de usar sais aromáticos, conhecidos como smelling salts, durante as partidas. Segundo a liga, a decisão foi tomada por questões de segurança, após um alerta emitido pela FDA (Agência de Administração de Alimentos e Medicamentos dos EUA) no ano passado.
De acordo com o órgão, não há comprovação científica de que a inalação da substância seja segura ou eficaz para aumentar a energia e a concentração, como costuma ser divulgada. Além disso, o uso pode mascarar sintomas de concussão, uma das lesões mais preocupantes no futebol americano. Estimativas indicam que ocorre, em média, uma concussão a cada dois jogos da NFL.
O Tight End do San Francisco 49ers, George Kittle, foi um dos primeiros a comentar publicamente sobre a medida. Em entrevista à NFL Network, ele disse estar “arrasado” com a proibição, já que utiliza sais aromáticos diversas vezes por partida, e afirmou querer “encontrar um meio-termo” com a liga. Outras entidades esportivas, como a National Rugby League da Austrália e a International Boxing Federation, já haviam proibido o uso.
Sais aromáticos: o que são e por que chamam tanta atenção no esporte?
Feitos a partir de carbonato de amônio, os sais aromáticos têm, à primeira vista, aparência parecida com a do sal de cozinha. A versão líquida chegou até a ser usada como fermento antes da popularização do bicarbonato de sódio.
Hoje, seu uso médico é restrito a situações específicas, como prevenir ou reverter um desmaio. Inclusive, a Administração Federal de Aviação dos Estados Unidos (FAA) pede que aviões comerciais carreguem a substância. No ambiente esportivo, ela costuma aparecer em pequenas cápsulas que, ao serem esmagadas, liberam gás de amônia misturado com dióxido de carbono.
Ao entrar pelo nariz, o gás estimula receptores que aceleram a respiração, aumentam o fluxo de sangue para o cérebro e elevam os batimentos cardíacos. Essa reação rápida provoca a sensação de alerta imediato, razão pela qual muitos atletas recorrem a ela.
Apesar da fama no esporte, os sais aromáticos não têm indicação médica para fins de performance. A neuropsicóloga Laura Boxley alertou à NPR que, no ambiente esportivo, o uso é muito mais frequente do que o recomendado.
Na NFL isso já era comum
Grandes nomes, como Tom Brady, já foram vistos utilizando a substância, mas a ciência não respalda a ideia de que ela melhore o desempenho físico. Pesquisas recentes mostram que, mesmo com a sensação de energia extra, não há ganho concreto em esforços de alta intensidade e curta duração.
Segundo Boxley, boa parte desse hábito está ligada ao aspecto psicológico. Para muitos atletas, o ritual de usar sais aromáticos funciona como um amuleto, semelhante a vestir uma camisa da sorte ou repetir um penteado antes de competir.
O uso exagerado ou incorreto na NFL pode trazer efeitos indesejados como falta de ar, enxaquecas, convulsões e, no caso do futebol americano, ainda mais problemas quando há suspeita de concussão, segundo especialistas.
A amônia, por exemplo, pode camuflar sintomas como tontura, dor de cabeça e confusão mental, fazendo com que o atleta permaneça em campo sem receber o diagnóstico correto. O reflexo provocado pela inalação também pode causar movimentos bruscos de cabeça e pescoço, aumentando o risco de agravar lesões na NFL.
Embora a quantidade de amônia liberada seja pequena, ainda não existem estudos conclusivos sobre os efeitos de longo prazo em quem usa a substância repetidamente.
O fato é que a partir da temporada 2025 da NFL, a substância não poderá ser utilizada mais por jogadores até uma nova decisão. A temporada regular dará início no próximo dia 4 de setembro, com a partida entre Philadelphia Eagles e Dallas Cowboys.