O ciclo olímpico rumo aos Jogos de Los Angeles 2028 já começou. Por isso, o Lance! traz, toda sexta-feira, um perfil com atletas promissores no esporte olímpico, apresentando nomes que podem brilhar ao longo dos próximos anos. A primeira personagem desta seção é Maria Clara Pacheco, atleta de taekwondo que, aos 22 anos, já soma no currículo uma participação em Olimpíadas e pódios no Mundial e Jogos Pan-Americanos.
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Natural de São Vicente, no estado de São Paulo, Maria Clara deu os primeiros passos no esporte como forma de gastar energia, já que a própria se definiu como uma criança "um pouco hiperativa". Desde cedo, praticou capoeira, jazz e ballet, mas foi no taekwondo que realmente se encontrou, decidiu seguir carreira e chegou às Olimpíadas. Desde 2017 integra a seleção brasileira e conquistou a primeira medalha internacional aos 14 anos, com um bronze mundial na categoria cadete.
— Foi minha primeira competição internacional, então foi um tiro no escuro. Eu não sabia o que eu tava fazendo, não sabia nem o que era um campeonato mundial. Mas, fiz quatro lutas e conquistei a medalha de bronze, e sou a primeira e única medalhista mundial na categoria cadete — relembra.
Desde então, a brasileira tem buscado conquistas cada vez maiores. Medalhista de bronze no Campeonato Mundial adulto, em Baku, Azerbaijão, em 2023, e vice-campeã dos Jogos Pan-Americanos de Santiago, no mesmo ano, Maria Clara disputou os Jogos Olímpicos de Paris 2024, quando parou nas quartas de final diante da número 1 do mundo na categoria até 57kg, a chinesa Luo Zongshi.
Desde então, a atleta passou por uma mudança na sua equipe e estilo de treinamento, o que, segundo Maria Clara, trouxe amadurecimento e resultados positivos. O principal deles veio em junho deste ano, quando conquistou o ouro inédito do Grand Prix de Taekwondo em Charlotte, nos Estados Unidos, desbancando justamente sua algoz nas Olimpíadas Paris.
— Eu encontrei com essa adversária no ano passado em um grand slam na China e foi uma luta que eu ganhei dela também, fui medalha de bronze. Foi uma luta totalmente diferente, a parte tática foi o que mais fez a diferença, eu me impor mais na luta, a minha postura. Agora eu tô com uma equipe multidisciplinar com psicóloga, nutricionista, preparador físico, uma equipe bem completa que me ajudou a ter essa mudança tão forte e tão rápida - contou.
Atenção à saúde mental
Uma das principais mudanças na relação de Maria Clara com o esporte foi a maior atenção à saúde mental. A atleta do taekwondo conta que, desde as Olimpíadas, recebe apoio psicológico profissional em sua equipe, o que mudou significativamente sua maneira de lidar com o esporte que escolheu como profissão.
— A questão do psicológico me afetava bastante, acho que afeta todos os atletas sempre. Mas, era uma coisa que eu tinha uma dificuldade maior de lidar e, com acompanhamento psicológico ficou tudo mais leve, eu consigo ver o taekwondo como uma diversão, que é o meu trabalho, mas ao mesmo tempo é algo que eu gosto de fazer e eu entro pra luta querendo ganhar, mas querendo me divertir, e não mais com alguma pressão ou alguma expectativa de outra pessoa sobre mim — declarou.
Próximos passos
Uma das atletas mais promissoras de sua geração, Maria Clara tenta dar um passo de cada vez, mas sonha grande. Com um ciclo olímpico e uma carreira inteira pela frente, a atleta já tem os próximos passos bem arquitetados. O primeiro deles, o principal objetivo da temporada 2025, é o Campeonato Mundial de Taekwondo, que acontece de 24 a 30 de outubro, na China.
— Pra ser bem sincera, eu queria muito ser campeã mundial, queria muito mudar a cor da medalha, mas eu tô tentando manter os meus pés no chão e pensar com carinho nesse evento. Por mais que tenha sido muito grandioso pra mim a medalha de bronze, foi algo muito sofrido pra mim perder a semifinal, em 2023, me machucou bastante não ser campeã sabendo que poderia ter dado mais, faltou alguma coisa pra conseguir aquilo, foi algo que eu carreguei comigo por muito tempo e eu tô tentando não levar pra esse evento - contou.
De olho em Los Angeles 2028, Maria Clara também tem um passo a passo definido para os próximos anos, em busca de melhorar seu desempenho em relação a Paris. Se na última edição a brasileira teve apenas um ano e meio na atual categoria até os Jogos, desta vez ela quer aproveitar ao máximo o tempo de preparação.
— Tô empolgada pra ter esses quatro anos pra me preparar da maneira correta, participar de todas as etapas. Esse ano a gente tá nas etapas de Grand Prix Challenge, Campeonato Mundial, ano que vem a gente entra na etapa de Pan-Americano e aí depois, nos últimos dois anos é que a corrida fica mais acirrada pela vaga, que é quando o ranking zera e começa tudo de novo. Então eu tenho um check-list de todos esses eventos, quero medalhar em todos eles. Eu quero muito mudar a cor da medalha dos Jogos Pan-Americanos, que eu fui prata e eu quero muito ser campeã nesse ciclo - finalizou.
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