A etapa final da World Surf League (WSL) começa com uma forte e conhecida rivalidade na elite do surfe mundial: Ítalo Ferreira x Jack Robinson. A decisão da temporada de 2025 está marcada para os dias 27 de agosto a 7 de setembro. Entre os inúmeros encontros entre os surfistas, como a eliminação do brasileiro em Teahupo’o, destaca-se a polêmica disputa na WSL Finals de 2024. Em coletiva neste domingo (24), Ítalo aproveitou para comentar o novo confronto que terá contra o australiano, que lhe deu "gás a mais" dentro e fora do mar.
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— Não é porque o cara entrou na sua cabeça, mas sim você acaba tendo que modificar toda a sua estratégia por algo que não rolou no momento e que supostamente teria sido diferente. Mas tranquilo, isso é bom porque te dá um pouco mais de ódio para conquistar o que você quer. Os caras esquecem que quanto mais eles tentam fazer alguma coisa comigo, pior fica. Então é algo positivo também para mim. Acho que eu estava precisando de um gás a mais — confessou Ítalo Ferreira.
Antes de se abrir sobre essa "motivação extra", o brasileiro ainda analisou a polêmica atitude de Jack nas finais da WSL em 2024. Na época, o australiano acertou o ombro de Ítalo durante sua remada para a zona de ondas. A pancada pode ter criado esse clima de tensão entre os competidores, o que parece só ter impulsionado o "Brabo", que conquistou a classificação com tranquilidade.
— São coisas que acontecem durante as competições. Realmente não é um jogo que eu supostamente faria para vencer uma bateria e sim tentar surfar de fato. Mas faz parte da estratégia de cada um. Eu acho que quando acontece algo que entra no momento onde pode ser decidido algo por parte dos juízes e não é aplicado, eu acho que isso acaba alterando a sua estratégia e o seu momento ali na bateria — destacou o surfista.
Histórico do confronto entre Ítalo Ferreira e Jack Robinson
A rivalidade entre Ítalo e Jack ganhou ainda mais intensidade nos últimos anos. O primeiro confronto direto entre os dois em uma bateria aconteceu em 2022, na etapa de Bells Beach, e terminou com vitória do australiano por uma diferença mínima. Desde então, os surfistas se enfrentaram mais seis vezes, com um histórico bastante equilibrado, mas que atualmente tem uma leve vantagem para Robinson, que soma quatro vitórias contra três do potiguar.
Depois do primeiro embate, Ítalo deu o troco ainda em 2022, durante as WSL Finals, vencendo por 16,10 a 13,30. No entanto, em 2024, o australiano levou a melhor em dois confrontos consecutivos: primeiro em Sunset, com 17,37 a 15,60, e depois em Margaret River, por 15,13 a 11,87. A resposta do brasileiro viria na mesma temporada, nas próprias finais da WSL, quando derrotou Jack com uma atuação sólida e venceu por 14,57 a 9,94.
Já em 2025, os encontros mantiveram o clima de equilíbrio. Ítalo superou Robinson na etapa de Abu Dhabi, com uma atuação dominante que lhe rendeu 17,37 pontos contra 15,03 do rival. Porém, pouco tempo depois, foi o australiano quem saiu vitorioso em Teahupo’o, marcando 15,80 contra 14,07 do campeão olímpico.
WSL Finals promete muita ação
Em seu último ano no circuito, já que em 2026 a decisão será por pontos corridos, a etapa da "WSL Finals" terá um formato diferente na atual temporada. A competição, então, acontecerá em forma de mata-mata a partir da sua posição do ranking.
Bateria 1: 5º lugar x 4º lugar
Bateria 2: 3º lugar x vencedor da bateria 1
Bateria 3: 2º lugar x vencedor da bateria 2
Bateria final: 1º lugar x vencedor da bateria 3
Com essa a mudança, Yago só precisará se preocupar em vencer uma bateria na etapa, enquanto Ítalo disputará pelo menos quatro rodadas antes do sonhado bicampeonato. A vantagem do líder, no entanto, não assegura o título do brasileiro, já que o nível dos concorrentes promete tornar o desafio ainda mais acirrado.
No centro de tudo isso está Yago Dora, de 29 anos, vivendo a melhor fase da carreira. Atual número 1 do ranking, ele conquistou vitórias marcantes em Portugal e Trestles, além de um vice-campeonato em Jeffreys Bay. Pela primeira vez na liderança da classificação geral, o catarinense chega com a prestigiada lycra amarela, símbolo do surfista a ser batido. A vantagem é real, mas o desafio promete ser dos maiores, e o título mundial pode ser decidido por detalhes.
O sul-africano Jordy Smith, de 37 anos, é o mais experiente do grupo e chega à Califórnia embalado por um grande ano, com vitórias em El Salvador e Margaret River. Duas vezes vice-campeão mundial, ele busca, mais do que nunca, o título inédito que escapou por pouco em outras temporadas.
Logo atrás dele no ranking, o norte-americano Griffin Colapinto, de 27 anos, disputa o Finals pelo terceiro ano consecutivo. Consistente ao longo da temporada, o californiano garantiu sua vaga com vice-campeonatos em Margaret River, no Rio Pro e em Teahupo’o, resultado que selou sua classificação. Griffin, inclusive, venceu nesta mesma praia no ano passado e conhece, como poucos, as características da famosa "Cloudbreak".
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O australiano Jack Robinson, também com 27 anos, é outro nome que pode surpreender. Especialista em ondas pesadas e considerado um dos melhores tube riders do circuito, ele chega embalado por conquistas expressivas em Bells Beach e no Tahiti Pro, este último com uma vitória decisiva que garantiu sua presença na etapa final.
Fechando o top-5 está o potiguar Ítalo Ferreira, de 31 anos, campeão mundial em 2019 e dono do ouro olímpico nos Jogos de Tóquio 2020. O brasileiro começou a temporada com vitória em Abu Dhabi e retorna ao Finals pela terceira vez na carreira, disposto a recuperar o topo do mundo. Apesar de largar de trás, Ítalo carrega a experiência, a garra e o histórico de atuações memoráveis, o que faz dele um adversário perigoso em qualquer condição.