Lucas Nogueira, ou o "Bebê", é conhecido por ter sido um dos únicos brasileiros com passagem na NBA, no Toronto Raptors. Em entrevista exclusiva ao Lance!, o ex-jogador, e hoje comentarista, revelou um passado de incertezas, o drama de cirurgias de risco e a honestidade sobre como sua própria reputação afetou sua carreira.

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Com apenas 13 anos e quase dois metros de altura, Lucas sempre esteve envolvido com o esporte, mas o futebol foi sua primeira paixão. A mudança para o basquete veio de uma maneira inusitada e em um dia cotidiano.

— Eu estava indo para o colégio e, no meio do caminho, numa linha do trem, um menino me parou e perguntou se eu queria jogar basquete. O nome dele é Cleverton, e a gente é amigo até hoje. — disse.

A princípio, Lucas não levou a sério, mas deu uma chance para a bola laranja e descobriu um potencial forte, logo criando intimidade com a cesta. Filho de pais adotivos com condição financeira estável, a família se mudou para as proximidades do clube que treinava o pivô.

Em menos de três anos, o jovem atleta já chamava a atenção de ligas da base internacional, quando se mudou para a Espanha, aos 15, para defender o Estudiantes até completar 21 anos.

Lucas Bebê em ação pelo Toronto Raptors na NBA (Foto: AFP)

Mesmo Draft de Giannis Antetokounmpo

Lucas foi escolhido pelo Boston Celtics no Draft de 2013, mas logo foi trocado pelo Atlanta Hawks, onde ficou pouco tempo, até jogar sua primeira partida oficial da NBA pelo Toronto Raptors.

— São cinco minutos de escolha que o time tem ali para fazer, e eu sabia que eu iria gerar a escolha. Então eu usei aqueles cinco minutos ali pra passar o déjà vu da vida inteira, parado na linha do trem. Desci com o bonézão na cabeça e muito agradecido de estar ali, uma sensação única — descreveu.

Ao longo dos seus anos de liga, Bebê é honesto ao comentar sobre a reputação que construiu, mas que o impediu de ir mais longe.

— Eu não sou vítima. Eu sei que o meu jeito de ser me fecharam portas. Duas reputações ruins da Liga [dizem] que você não consegue trabalho: ser Lazy, preguiçoso, ou soft, arregão, pipoqueiro. Eu sou preguiçoso — assume.

Além disso, o pivô sofreu algumas lesões ao longo da carreira. Duas cirurgias no joelho, e retirou a vesícula meses depois. A primeira cirurgia quase lhe custou a vida.

— Na primeira cirurgia, pô, quase morri. Tive trombose. Daí, fiquei fudidaço. Fiquei, pô, 7 meses de anticoagulante. Daí, perdi um ano e meio de recuperação em tudo, porque atrasou até a minha segunda cirurgia. — lembrou.

Na reta final da carreira, voltou para o Brasil, especialmente para jogar ao lado do amigo Bruno Cabloco, cumprido uma promessa de anos.

— Eu prometi que a gente encerraria uma vez junto. Ele é meu padrinho de casamento, eu sou padrinho do filho dele e ele da minha. A gente é muito amigo e encheu o meu saco. Então, fui jogar o Campeonato Paulista com ele no São Paulo — comentou.

Hoje em dia, o ex-jogador mudou de vida. Iniciando sua trajetória como comunicador, no novo projeto da N Sports, o programa Central do Basquete, ao lado de Marcela e Fernando Medeiros.

— Hoje, estou focado em aproveitar essa oportunidade e me tornar o melhor comunicador do que for que seja, tipo assim, do Brasil, do mundo, o melhor que eu possa vir a ser, mas eu quero agarrar com todas as oportunidades essa chance que me deram. Às vezes nem eu acredito também onde eu cheguei. — concluiu o ex-jogador da NBA.

Felipe Melo, Ronaldinho Gaúcho e Drake

Fora das quadras, Lucas Bebê conta que já conviveu com personagens ilustres de outros esportes e, até mesmo, fora dessa bolha. Por ter jogado nos Raptors, ganhou moral com o cantor Drake, é amigo pessoal de Felipe Melo, Casemiro e Ronaldinho Gaúcho.

— São pessoas que sempre gostaram, cuidaram de mim, sempre me incentivaram. Me deram conselhos maravilhosos — comentou.

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