Tido como a maior esperança para quebrar um jejum de 12 anos do boxe masculino americano, que não conquista uma medalha de ouro na Olimpíada desde Atenas-2004, Shakur Stevenson chega para a Olimpíada Rio-2016 com muita responsabilidade, dentro e fora do ringue. Ele foi eleito o "Melhor Pugilista Júnior de 2013", além de te sido campeão nos Jogos Olímpicos da Juventude, em 2014.
Aos 19 anos, Shakur é o mais velho dos nove filhos (sete meninos e duas meninas) de Malikah Stevenson. Ele encontra na família o principal motivo para alcançar o sonho dourado olímpico. Introduzido ao boxe pelo avô, Wali Moses, dono de uma academia em Newark (EUA), onde cresceu, Shakur começou a lutar aos cinco anos, fez sua primeira luta aos oito e transformou o esporte no caminho mais curto para ajudar sua família. Com diversos títulos na bagagem e atualmente no top 5 do ranking mundial amador pela divisão peso-galo, Stevenson quer ser exemplo.
- Sou o filho mais velho, minha mãe fica mais com meus irmãos, mas nem sempre tem muita ajuda. Acho que tudo isso me fez quem eu sou hoje. Aceito a responsabilidade de ser o irmão mais velho. Algumas vezes meus pais e meus irmãos ficam chateados comigo e dizem que sou muito novo para isso. Eles são jovens. Mas quero ser um exemplo para eles. Quero conquistar a medalha de ouro e fazê-los acreditar que eles podem alcançar tudo o que eles colocarem em sua mente - explicou.
Shakur tem dois ídolos no boxe: os astros Andre Ward e Floyd Mayweather. Curiosamente (ou não) ambos conquistaram medalhas em olimpíadas. Floyd foi medalha de bronze em Atlanta-1996 e Ward levou o ouro em Atenas-2004. O segundo foi exatamente o último a levar o ouro para os Estados Unidos no boxe masculino. Ele tenta não pensar na expectativa que é depositada em si.
- Tento não me focar nisso. As pessoas meio que levantam minha moral um pouco, mas tento não me focar nisso e busco focar apenas no que tenho que fazer. Tenho que estar pronto para lutar e fazer o que sei - comentou.
A ideia de ser um exemplo para a família e dar a medalha de ouro de presente representa também uma forma de retribuir aqueles que o ajudaram a manter o foco ao longo de sua caminhada até a chance olímpica. Aos 19 anos, muitas tentações passaram "no vazio".
- Não foi tão difícil lidar com minha juventude, pois tenho meu avô e todo dia ele me leva para a academia. Todos os dias. Eu curto estar na academia todos os dias e sempre tive amigos por perto, nunca estive sozinho. Por conta disso nunca foi tão difícil manter o foco - detalhou.
Antes de viajar para o Rio de Janeiro, Shakur Stevenson fez uma "vaquinha" na internet onde pediu por doações para levantar US$ 10 mil (cerca de R$ 32 mil) e assim poder trazer a mãe e o avô para o verem de perto.
Shakur Stevenson faz sua primeira luta na Rio-2016 neste domingo, contra o brasileiro Robenílson de Jesus, às 12h15, pelas oitavas de final da categoria peso-galo (até 56kg).