A Libertadores caminha para os confrontos decisivos das quartas de final da temporada 2025 e as quartas de final contam com apenas três países entre os representantes, Brasil, Argentina e Equador. Com certa frequência, a participação de clubes da Concacaf, confederação que reúne times da América do Norte e Central, é lembrada pelos torcedores, principalmente pelo período em que os mexicanos entraram na disputa da copa continental. Mas o cenário pode se tornar uma realidade?
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Existem alguns pontos a serem levados em consideração, alguns que fortalecem o argumento para a junção das confederações, outros que afastam a possibilidade. Os temas vão desde o nível técnico a ser alcançado até a logística que envolve as partidas entre dois continentes diferentes. Nos Estados Unidos, liga que vem crescendo ao longo da última década, o debate não é totalmente esquecido por quem comanda os clubes.
O brasileiro Luiz Muzzi é Conselheiro Sênior da Presidência do Orlando City, equipe da MLS, e falou sobre o que pensam os dirigentes dos times dos EUA sobre esse assunto. Em entrevista exclusiva ao Lance!, Muzzi afirma que existem, de fato, pontos de vista divergentes sobre a participação dos clubes norte-americanos na Libertadores.
Se fosse apenas pelo critério técnico dos jogos, o debate já teria avançado para um desfecho positivo. Mas Muzzi pondera que há uma necessidade de colocar em discussão toda a logística e esforço de clubes e elencos para que isso aconteça.
- Desportivamente, a gente gostaria muito, até para ter essa exposição e mostrar ao mundo o que o times da MLS podem gerar no futebol. Logisticamente é um negócio complicado. Quando os times mexicanos participavam já era difícil e agora temos um calendário ainda mais apertado. Quando colocamos nessa equação a altitude, mudança entre frio e calor, já que estamos saindo de um hemisfério ao outro, o fuso horário, a pouca facilidade de acesso a alguns lugares... torna a logística muito complicado. Mas se alguém tivesse uma solução e conseguisse encaixar no calendário, seria ótimo - destaca Luiz Muzzi.
O brasileiro trabalha no Orlando City desde 2019, quando chegou para assumir o cargo de Gerente Geral e Diretor Esportivo da equipe, ainda quando a equipe tinha outro brasileiro como dono, Flávio Augusto da Silva. Muzzi ainda lembra que a própria disputa da MLS impõe aos clubes do país desafios logísticos ao longo da temporada. Assim como o Brasil, os EUA são um país de dimensões continentais, mas ainda com o "agravante" de que equipes de todas as regiões do país participam da competição, o que obriga viagens de uma ponta a outra do território.
- Aqui, por exemplo, estamos em Orlando [costa leste dos EUA], e quando vamos jogar em Los Angeles [costa oeste] são cinco horas de voo e três horas de diferença de fuso. Temos que ir dois dias antes para acostumar com o fuso - conta o executivo brasileiro ao Lance!.
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MLS está em alto patamar técnico, diz Muzzi
O dirigente destaca que, ao longo do que muitos pensam, os clubes da MLS têm um nível técnico que renderia uma boa disputa contra clubes de outros continentes, entre eles a Libertadores. Luiz Muzzi lembra do Mundial de Clubes como uma boa régua para falar sobre o desempenho dos times do país em comparação a outros gigantes do futebol mundial que disputam em praças mais desenvolvidas.
No Mundial de Clubes, Los Angeles FC, Seattle Sounders e Inter Miami representaram o país-sede e se destacaram pelos confrontos contra times brasileiros, principalmente a equipe de Messi, que chegou às oitavas de final.
Muzzi afirma que a exposição dos times ao mercado internacional do futebol ajudam a mudar uma construção feita sobre o nível técnico jogado no país e que, ao longo dos últimos anos, o futebol nos EUA tem avançado. O Mundial foi o último grande momento de evidenciar a melhora.
- - Eu acho que no Mundial de Clubes foi a primeira experiência internacional nesse sentido [de testar os clubes da MLS contra adversários de alto nível] (...) Cada vez que a gente tiver uma oportunidade de se mostrar no cenário internacional, acho que a gente vai tirando um pouquinho dessa percepção de que o futebol aqui é fraco - completou.